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Este meta artigo discorre um pouco sobre a intervenção realizada no Largo da Igreja Matriz, localizada no centro histórico da cidade de Aracati, no Ceará. Além disso, estuda de que forma se deu o desenvolvimento da cidade, buscando identificar os estilos arquitetônicos presentes no sítio e premissas...

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Conjunto Urbano de Aracati Um estudo sobre o Largo da Igreja Matriz Lívia Macêdo Reis, Nicolle Lima Curso de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo - Universidade de Fortaleza

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Abstract: This article discusses a little about the intervention carried out in Largo da Igreja Matriz, located in the historical center of the city of Aracati, Ceará. In addition, it studies how the city was developed, seeking to identify the architectural styles present in the site and restoration premises, as well as its concepts. Resumo. Este meta artigo discorre um pouco sobre a intervenção realizada no Largo da Igreja Matriz, localizada no centro histórico da cidade de Aracati, no Ceará. Além disso, estuda de que forma se deu o desenvolvimento da cidade, buscando identificar os estilos arquitetônicos presentes no sítio e premissas de restauro, bem como seus conceitos.

1. Introdução O conjunto arquitetônico e paisagístico do centro histórico de Aracati foi tombado em 2001 como patrimônio pelo IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. É constituído por sobrados, igrejas e diversos prédios que ao todo somam mais de 2.500 edificações dentro de sua poligonal, algumas delas, decoradas com azulejos portugueses, que possuem um incontestável valor simbólico. O centro histórico da cidade de Aracati se tornou com o passar dos anos um destino bastante procurado e como um destino turístico bastante procurado por seu patrimônio e belezas naturais do Rio Jaguaribe, sendo assim, muito explorado por parte do Governo do Estado e de suas ações de melhorias e revitalizações. O estudo realizado neste

trabalho analisa uma parte da obra de requalificação, feita em 2016 pela Secretaria do Turismo do Ceará (Setur-CE), o recorte para análise escolhido: a praça do Largo da Matriz.

2. Metodologia O procedimento de pesquisa, consistiu no levantamento de dados sobre o contexto histórico da cidade por meio de pesquisas bibliográficas em livros e artigos, entrevista com o arquiteto e superintendente do IPHAN, responsável por Aracati, José Ramiro Teles Beserra e também, buscas acerca do conteúdo nos sites oficiais do IPHAN e Prefeitura de Aracati. A visita à Secretaria do Turismo, órgão responsável pela obra de requalificação do espaço em estudo, não foi possível pois não haviam informações disponíveis para análise sobre o projeto.

3. Contexto histórico A história do município de Aracati teve início ainda no século XVII, em 1603, quando o Capitão-mor da antiga capitania do Ceará, o Português Pero Coelho de Souza, chegou ao vale do Rio Jaguaribe, em uma expedição para retirada dos franceses estabelecidos no Maranhão. Naquela época, o interesse dos europeus de se apropriar das ricas terras do país a pouco descoberto, era muito grande e com isso, além dos franceses instalados no Maranhão, havia também holandeses na área de Recife. Posteriormente, quando os holandeses foram expulsos da região, colonos portugueses, pernambucanos e paraibanos instalaram-se nas proximidades do Rio Jaguaribe, região conhecida como Cruz das Almas e depois, São José do Porto dos Barcos (PINHEIRO, 2004). Com a chegada dos colonos, a região passou a se desenvolver economicamente, principalmente em função do comércio de gado e exportação do couro e da pele. Segundo Pinheiro (2004, p.60) o povoamento também “[...] passou a ser depósito dos produtos locais: charque, couros salgados de boi, vaquetas, couro de cabras, pelicas branca.” Com isso, percebemos o crescimento que o povoamento passou a ter, se tornando uma região populosa, desenvolvida e com influências portuguesas.

Após seu desenvolvimento econômico e comercial, o ainda arraial era um dos lugares mais procurados da capitania. Sua localização privilegiada, em função do porto seguro e navegável para as embarcações, foi um fator que culminou em a vila se tornar um local onde as fazendas buscavam ser instaladas, já que a proximidade do porto facilitava o comércio de produtos. Sendo assim, no século XVIII, a vila passou a exercer grande função na comercialização de produtos derivados da pecuária, atividade que na época tinha um grande valor e peso econômico na capitania. No dia 25 de outubro de 1842, a Vila de Santa Cruz do Aracati foi elevada à categoria de cidade, através da Lei Provincial Nº 244, e passou a ser denominada Aracati. O nome de origem indígena significa bons tempos. No século XIX, na década de 1980, havia na cidade, por parte das autoridades locais, uma preocupação com o espaço construído. Contudo, apesar dessa preocupação, [...] A cidade chegou ao século XIX com uma rua principal e duas secundárias, paralelas ao Rio Jaguaribe, entrecortadas por becos e travessas, sem uma praça formalmente estruturada, mas com centenas de edificações que formam o seu patrimônio cultural. (IPHAN).

Após a época de ascensão de Aracati, alguns fatores - como a não construção da estrada de ferro, o término da parceria comercial com Recife e a degradação da estrada de rodagem que ligava a cidade ao interior - contribuíram para o declínio da cidade. Com esses acontecimentos, as ligações comerciais de Aracati perderam forças e também, espaços para outras cidades como, por exemplo, Fortaleza. 4. Estudo de caso Em alguns pontos do conjunto urbano histórico de Aracati, localizado a 150km da capital cearense, foram realizadas algumas obras recentes que promoveram a requalificação do mesmo em prol do turismo histórico, que é de grande potencial na região.

Figura 1. Conjunto arquitetônico e paisagístico da cidade de Aracati. Fonte: Acervo digital IPHAN.

4.1. A intervenção

As intervenções no sítio histórico foram propostas pela SETUR-CE (Secretaria do Turismo do Ceará) em conjunto com o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Dentre essas intervenções, programadas pelo governo, estavam: a requalificação das vias, passeios e calçadas do Centro Histórico; a requalificação de três praças existentes (Praça Monsenhor Bruno ou dos Prazeres, Praça Marista e Praça da Matriz) e a criação de uma via paisagística, utilizando-se da via existente às margens do Rio Jaguaribe. O projeto a ser estudado com maior ênfase neste trabalho, é a intervenção realizada no Largo da Matriz, a qual teve, segundo Ramiro Teles (IPHAN), o intuito de devolver a praça e o Cruzeiro da Matriz à igreja Nossa Senhora do Rosário, como fora previamente. 4.2. Elementos de destaque da intervenção Construída entre o início do século XVIII e meados do século XIX, a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, foi o primeiro prédio tombado pelo IPHAN no estado do ceará, em 1957.

Figura 2. Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário. Fonte: Acervo Câmara Municipal de Aracati.

Com isso, percebemos sua importância histórica não só para a cidade de Aracati, mas também para o estado do Ceará. O monumento do Cruzeiro da Matriz foi construído em 1821 e passou por várias mudanças até que, em 1871, foi erguido um novo cruzeiro. Já no século XX, o modelo do pedestal foi recuperado e o cruzeiro ganhou o mesmo formato que tinha em 1871.

No passado, o Cruzeiro da Matriz era ligado à Igreja de Nossa Senhora do Rosário por uma praça. Porém, com o passar dos anos, foi aberta uma avenida que sobrepunha a praça e, com isso, separou o Cruzeiro da Matriz da igreja. Dessa forma, esse importante ícone da história local, passou a ser o centro da rotatória da Rua Dragão do Mar.

4.3 Aspectos técnicos A intervenção consistiu no fechamento de alguns trechos das ruas Visconde do Jaguaribe, Felismino Neto, Dragão do Mar (que está inclusive, dentro da poligonal de tombamento do centro histórico) e Rua 2 de Novembro. O local que previamente passavam as ruas foi nivelado com relação ao monumento do cruzeiro. Foram utilizados materiais contemporâneos como bloquetes de concreto, postes de iluminação com ferro e madeira, bancos também de ferro pintados de verde e madeira, no aspecto paisagístico foram implantados jardineiras e canteiros centrais com espécies exóticas, como por exemplo a Ficus Benjamina, que é nativa da Ásia. Foi aplicado um projeto de acessibilidade e a praça ganhou espaço de estacionamento em alguns pontos ao redor. Quiosques que já preexistiam no local desde meados da década de 90 foram mantidos na praça.

5. Análise da intervenção Considerando que o conjunto urbano da cidade de Aracati teve o início de suas atividades no século XVII e foi construído até o século XIX, foram analisadas suas edificações para conclusão de qual teria sido o movimento arquitetônico pertencente à obra, assim como qual a categoria de intervenção aplicada e premissas do restauro segundo os teóricos (Ruskin, Brandi, Boito, le Duc etc). 5.1. Movimento pertencente à obra No conjunto urbano em estudo, é possível encontrar, em predominância, edifícios no estilo eclético. Foram construídos no início da história da cidade e quando houve sua

ascensão econômica e comercial. Entretanto, edifícios nos estilos neoclássico e colonial também são encontrados no conjunto urbano. A própria Igreja Matriz possui influências Neorrenascentistas e Mouriscas. 5.2. Categoria de intervenção Analisando o Largo da Igreja Matriz, foco desse estudo, podemos perceber: a inserção de materiais contemporâneos junto ao preexistente, a ausência de contraste entre esses materiais, a busca pela permanência da ambiência patrimonial do conjunto e, além disso, notamos que o grau de conservação (integridade) se iguala à noção de verdade (autenticidade) do conjunto. Sendo assim, a continuidade consiste na categoria de intervenção presente no projeto. De acordo com a Carta de Veneza (1964), Artigo 3º “A conservação e a restauração dos monumentos visam a salvaguardar tanto a obra de arte quanto o testemunho histórico”

5.3. Premissas do restauro Podemos perceber que a intervenção realizada no Largo da Igreja Matriz, teve a contribuição de conceitos do teórico do restauro Cesare Brandi. De acordo com conceitos definidos por Brandi, a área em estudo continha a integridade e autenticidade necessária para poder ser definida como contendo unidade potencial para receber a intervenção. Ainda segundo Brandi, o restauro consiste em qualquer atividade que venha a prolongar a conservação do edifício. Sendo assim, mediante a obra em estudo, podemos concluir que o Largo da Igreja Matriz recebeu uma requalificação que potencializa sua apropriação por parte dos moradores da cidade e visitantes. Além disso, podemos notar a ligação da realização da intervenção com premissas da Carta Patrimonial de Veneza, de 1964, onde nela são estabelecidas ações preservacionistas com relação ao monumento histórico e ao conjunto urbano. Uma das finalidades da carta é salvaguardar a obra e conservar o monumento; preservar a ambiência do local como o monumento inseparável de sua história, como aconteceu na intervenção do Largo da Igreja Matriz. O projeto arquitetônico considerou as recomendações do instituto do patrimônio histórico e artístico nacional (IPHAN), e segundo Ramiro Teles, o instituto visa manter a ambiência e as características preexistentes.

6. Considerações finais Com o estudo realizado acerca da intervenção do Largo da Igreja Matriz, concluímos que, foi uma intervenção com intuito de resgatar a memória e a ambiência patrimonial do local, trazendo aos moradores e visitantes de aracati a sensação de volta ao passado. Além de mostrar uma preocupação maior com o patrimônio histórico. Concluímos também que a cidade de Aracati perdeu força quanto ao seu desenvolvimento econômico e, atualmente, sofre, infelizmente, com a degradação de sua arquitetura por pessoas que desconhecem o valor histórico e cultural da região e de

suas edificações, fator este que se dá na maioria das vezes nos antigos sobrados que atualmente são particulares.

7. Referências Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, ICOMOS. Carta Internacional de Veneza (1964)

PINHEIRO, Maria. Patrimônio Cultural e Turístico de Aracati. Fortaleza, 2004. IPHAN.

Acervo

digital.

Disponível

em:

. Acesso em: 11 de Março de 2019. IPHAN.

História

de

Aracati.

Disponível

. Acesso em: 8 de Março de 2019.

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