Title | UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS |
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Author | Ulysses Camara |
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS G. M. Sotkov e U. Camara da Silva Notas de Funções Especiais, versão 3.1.3 VITÓRIA 2017 Resumo Estas notas, auto-consistentes, foram feitas para auxiliar o aluno (você mesmo) no estudo das seguintes funções especiais: Gamma, Beta, Hipe...
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS
G. M. Sotkov e U. Camara da Silva
Notas de Funções Especiais, versão 3.1.3
VITÓRIA 2017
Resumo Estas notas, auto-consistentes, foram feitas para auxiliar o aluno (você mesmo) no estudo das seguintes funções especiais: Gamma, Beta, Hipergeométrica, Hipergeométrica Confluente, os Polinômios de Hermite, de Legendre, de Laguerre e Laguerre Associados, as Funções de Legendre Associadas e Funções de Bessel. Nós enfatizamos propriedades que serão úteis em vários cursos - condições para as hipergeométricas se tornarem polinômios e expansões assintóticas das hipergeométricas. Também são oferecidos vários exercícios, todos com aplicações em física, com o objetivo de estimular o aluno a se interessar mais pelo assunto. Temos cinco apêndices que complementam o texto. No primeiro há uma pequena introdução sobre a Transformada de Fourier (essencial na Mec. Quântica) e a “função” Delta de Dirac; no segundo as possíveis singularidades de uma Equação Diferencial Ordinária (EDO) são analisadas; o terceiro é dedicado à obtenção da segunda solução independente duma EDO de segunda ordem quando já conhecemos uma solução; no quarto tratamos do problema de Sturm-Liouville; o quinto apêndice é dedicado ao estudo de integrais gaussianas e na aproximação de ponto de sela. Todo o conteúdo das notas pode ser encontrado nas referências bibliográficas, não há nada de novo aqui. O diferencial está nos cálculos detalhados e na ordem de exposição. Os livros, em geral, discutem as funções hipergeométrica e hipergeométrica confluente após o estudo das funções especiais usuais. Nós fazemos exatamente o oposto, começamos com as hipergeométricas, para depois introduzir as outras funções especiais que no fundo são casos particulares das duas. Na “segunda edição” vários erros de digitação foram corrigidos1 . Algumas melhorias foram feitas na parte da função Gamma, acrescentamos os capítulos sobre polinômios de Laguerre, funções de Bessel e o apêndice sobre integrais gaussianas. Na “terceira edição”, os textos sobre continuação analítica da função Gamma e assintóticos da hipergeométrica foram refeitos, o apêndice sobre singularidades regulares e essenciais foi incluído junto com uma aplicação no texto (última seção do capítulo 2). Agradecemos se o leitor enviar sugestões, críticas ou relatar erros para [email protected].
1
Os autores agradecem a aluna do PPGFis Amanda Ziviani de Oliveira pela ajuda voluntária.
Sumário 1 Funções Gamma e Beta
1
1.1
Função Gamma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1
1.2
Função Beta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4
1.3
Relação entre a função Gamma e funções trigonométricas . . . . . . . . . .
6
1.4
Fórmula de duplicação de Legendre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
8
1.5
Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
9
2 Funções Hipergeométrica e Hipergeométrica Confluente 2.1
2.2
2.3
2.4
12
Função Hipergeométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 2.1.1
Equação diferencial e solução via série de potências . . . . . . . . . 12
2.1.2
Soluções centradas nas outras singularidades . . . . . . . . . . . . . 15
2.1.3
Representação Integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.1.4
Relações Úteis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.1.5
Expansões Assintóticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Função Hipergeométrica Confluente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.2.1
Equação diferencial e solução via série de potências . . . . . . . . . 23
2.2.2
Representação Integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.2.3
Expansão Assintótica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.2.4
Hipergeométrica confluente como um problema de Sturm-Liouville . 28
Resolvendo problemas com as Hipergeométricas . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.3.1
Hipergeométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.3.2
Hipergeométrica Confluente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.3.3
Correspondência entre os dois casos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3 Polinômios de Hermite
43
3.1
Definição via Função Geratriz, Relações de Recorrência e a EDO de Hermite 43
3.2
Ortogonalidade e norma dos Polinômios de Hermite . . . . . . . . . . . . . 44
3.3
Relação com a função Hipergeométrica Confluente . . . . . . . . . . . . . . 46
3.4
Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4 Funções de Legendre 4.1
4.2
4.3
Polinômios de Legendre
50 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.1.1
Função Geratriz, Relações de Recorrência e Equação Diferencial . . 50
4.1.2
Ortogonalidade e norma dos polinômios de Legendre . . . . . . . . 52
4.1.3
Relação entre os polinômios de Legendre e a função hipergeométrica 54
4.1.4
Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Funções de Legendre Associadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 4.2.1
Definição e equação diferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.2.2
Ortogonalidade e norma das Funções de Legendre Associadas
4.2.3
O caso m < 0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
5 Polinômios de Laguerre 5.1
5.2
5.3
62
Polinômios de Laguerre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 5.1.1
Equação Diferencial e relação com a Hipergeométrica Confluente . . 64
5.1.2
Ortonormalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Polinômios de Laguerre Associados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 5.2.1
Definição e Relação de Recorrência . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
5.2.2
Equação diferencial e relação com a Hipergeométrica Confluente . . 69
5.2.3
Ortonormalidade dos Polonômios de Laguerre Associados . . . . . . 70
Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
6 Funções de Bessel 6.1
. . . 58
73
Função de Bessel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 6.1.1
Representação Integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
6.1.2
Função de Neumann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
6.1.3
Ortogonalidade da Função de Bessel . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
6.1.4
Normalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
6.2
Equação de Bessel modificada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
6.3
Relação com a função hipergeométrica confluente . . . . . . . . . . . . . . 87
6.4
Forma assintótica das funções de Bessel e Bessel modificada . . . . . . . . 89
6.5
Funções de Bessel esféricas e Henkel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 6.5.1
Funções de Bessel Esféricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
6.5.2
Funções de Henkel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
6.6
Função de Airy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
6.7
Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
A Transformada de Fourier e Delta de Dirac
101
A.1 Delta de Kronecker e Séries de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
A.2 Transformada de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 A.3 Delta de Dirac . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 A.4 Transformada de Fourier em d dimensões e consequências . . . . . . . . . . 106 B Singularidades em EDO
111
C Wronskiano e a segunda solução independente
116
C.1 Wronskiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116 D Problema de Sturm - Liouville
121
E Integrais gaussianas
124
E.1 Integral Gaussiana: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124 E.1.1 Gaussiana de argumento complexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126 E.2 Método do ponto de Sela . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128 E.2.1 Caso real
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
E.2.2 Caso complexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129 E.3 Teorema de Wick . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
Referências Bibliográficas
135
1
Capítulo 1
Funções Gamma e Beta
1.1
Função Gamma
A função Gamma pode ser definida como a integral abaixo:
Γ(z) ≡
Z
∞ 0
e−t tz−1 dt ; ℜe(z) > 0,
(1.1)
sua propriedade mais importante é:
(1.2)
Γ(1 + z) = zΓ(z).
Para provar, basta integrar a eq. (1.1) por partes Z t=∞ Γ(1 + z) = −e t +z −t z
t=0
∞
e−t tz−1 dt = zΓ(z).
0
Repare que Γ(1) = 1, então para z = n ∈ N, temos de (1.2) que: Γ(1 + n) = n!. Ou seja, Γ(z) é uma generalização natural do fatorial. Outra quantidade importante é Γ(1/2)
Γ(1/2) =
Z
∞ 0
−t − 21
e t
t=u2
dt = 2
Z
∞ 0
2
e−u du =
√
π,
2 =⇒ Γ(3/2) = 12 Γ(1/2) =
√
π ; 2
Γ(5/2) = 32 Γ(3/2) =
√ 3 π ; 4
. . . onde novamente usamos a eq.
(1.2)1 . Quando o argumento z (assumido real) é muito maior que a unidade, a função Gamma pode ser aproximada por
Γ(z) ≈
√
2π(z − 1)z−1/2 e−(z−1) , z ≫ 1,
(1.3)
chamada de fórmula de Stirling, cuja demonstração encontra-se no apêndice E (eq. (E.11)). A eq. (1.1) está definida na região ℜe(z) > 0, porém com uma continuação analítica, pode-se definir a função Γ(z) em todo plano complexo, exceto nos seus pontos singulares (que iremos descobrir). Mas antes de prosseguir, vamos responder a pergunta que está na sua cabeça (ou não): o que é uma extensão (ou continuação) analítica? A ideia é utilizar a própria definição (1.1) em conjunto com a propriedade (1.2) para estender o domínio de validade da função Gamma para além de ℜe(z) > 0. Por exemplo, a eq. (1.2) pode ser reescrita como
Γ(z) =
Γ(1 + z) . z
(1.4)
De acordo com a definição (1.1), o lado direito é bem definido ∀ ℜe(z) > −1 e z 6= 0. Portanto a igualdade serve como uma definição da função Γ(z) (lado esquerdo) que estende sua validade ∀ ℜe(z) > −1 e z 6= 0, esse é um exemplo de continuação analítica. Um comentário importante é que tomando z = ǫ ≪ 1 fica claro que Γ(z) possui polo simples em z = 0, pois Γ(ǫ) =
Γ(1 + ǫ) Γ(1) 1 ≈ = . ǫ ǫ ǫ
O mesmo raciocínio pode ser utilizado para o domínio da função Γ(z) ser estendido ainda 1
Uma fórmula geral para Γ(n + 1/2), n = 0, 1, 2, . . ., será derivada, ver eq. (1.20).
3 mais. Utilizando duas vezes (1.2)
Γ(2 + z) = (1 + z)Γ(1 + z) = (1 + z)zΓ(z),
ou ainda
Γ(z) =
Γ(z + 2) . z(z + 1)
(1.5)
O lado direito está definido (de acordo com (1.1)) ∀ z, ℜe(z) > −2 e z 6= 0, −1. Conseguimos uma extensão analítica ainda maior para Γ(z). Além do polo em z = 0 percebemos que a função possui um outro polo simples em z = −1, já que Γ(−1 + ǫ) =
Γ(1) 1 Γ(1 + ǫ) ≈− = − , |ǫ| ≪ 1. (−1 + ǫ)ǫ ǫ ǫ
O processo pode ser repetido indefinidamente, basta utilizar n + 1 vezes (1.2)
Γ(z) =
Γ(z + n + 1) , z(z + 1)(z + 2) . . . (z + n)
(1.6)
o novo domínio de Γ(z) é ℜe(z) > −n − 1, com z 6= 0, −1, −2, . . . , −n, onde a função possui polos simples. Ao tomar o limite n → ∞ temos a extensão analítica de Γ(z) para todo plano complexo. Com isso descobrimos que Γ(z) é uma função meromórfica, definida em todo plano complexo exceto nos polos simples localizados em z = 0, −1 − 2, −3, . . .. Uma forma de tomar o limite (que resulta numa expressão elegante) sem relacionar uma função Gamma com outra é através do seguinte processo: comecemos reescrevendo a eq. (1.1)
Γ(z) = lim
n→∞
Z
n 0
1−
t n z−1 t dt, n
4 já que2
lim
n→∞
∞
t n X tn = 1− (−1)n ≡ e−t . n n! n=0
Agora faça a troca de variável u =
Γ(z) =
lim n
n→∞
z
Z
zn
t n
e comece um processo de n integrações por partes
1 0
(1 − u)n uz−1 du
Z
1
(1 − u)n−1 uz du z 0 Z 1 z n(n − 1) = lim n (1 − u)n−2 uz+1 du n→∞ z(z + 1) 0 Z 1 z n(n − 1)(n − 2) (1 − u)n−3 uz+2 du = lim n n→∞ z(z + 1)(z + 2) 0 .. . Z 1 n(n − 1)(n − 2) . . . 1 z = lim n (1 − u)n−n uz+n−1 du, n→∞ z(z + 1)(z + 2) . . . (z + n − 1) 0 | {z }
=
lim n
n→∞
1 = z+n
logo
Γ(z) = lim
n→∞
n! nz , z(z + 1)(z + 2) . . . (z + n)
(1.7)
que é equivalente ao resultado (1.6) no limite n → ∞. Essa é uma forma explícita de escrever Γ(z) em todo plano complexo, exceto nos pontos z = 0, −1, −2, . . ., onde a função possui polos simples. A eq. (1.7) pode ser encarada como a definição mais geral (i.e. com a maior extensão analítica possível) da função Γ(z), seu problema é ser de difícil manuseio3 .
1.2
Função Beta
A função Beta é definida como a seguinte combinação de funções Gammas:
B(a, b) ≡ 2 3
Γ(a)Γ(b) Γ(a + b)
o famoso limite fundamental que pode ser facilmente verificado via expansão binomial uma propriedade que não é difícil provar com essa fórmula é: Γ(1 + z) = zΓ(z). Prove!
(1.8)
5 Através da eq. (1.1), vamos derivar uma representação integral para a função Beta. Z
Γ(a)Γ(b) =
∞
e−x xa−1 dx
0
! Z
∞
e−y y b−1 dy
0
!
; ℜe(a), ℜe(b) > 0
com a troca: x = u2 ; y = v 2
⇒ Γ(a)Γ(b) = 4
Z
∞
du
0
Z
∞
dve−(u
2 +v 2 )
u2a−1 v 2b−1
0
u = r cos θ e v = r sin θ Z
=4 1 2
∞
e
−r2
|R0
r2(a+b)−1 dr {z }
∞ −t a+b−1 t dt= 12 Γ(a+b) 0 e
! Z
π 2
(cos θ)2a−1 (sin θ)2b−1 dθ
0
!
Levando à representação integral de B(a, b):
B(a, b) = 2
Z
π 2
0
(cos θ)2a−1 (sin θ)2b−1 dθ ; ℜe(a), ℜe(b) > 0
(1.9)
Formas Alternativas: t = (cos θ)2 em (1.9)
B(a, b) =
Z
1
ta−1 (1 − t)b−1 dt
0
(1.10)
t = x2 em (1.10)
B(a, b) = 2
t=
u 1+u
Z
1 0
x2a−1 (1 − x2 )b−1 dx
(1.11)
em (1.10)
B(a, b) =
Z
∞ 0
ua−1 du (1 + u)a+b
(1.12)
6
1.3
Relação entre a função Gamma e funções trigonométricas
Z
Γ(α)Γ(1 − α) = B(α, 1 − α) ≡ Γ(1) |{z}
∞ 0
uα−1 du ; 0 < ℜe(α) < 1, (1 + u)
(1.13)
=1
onde usamos a eq. (1.12)
Resolução da integral:
R∞
Considere a função f (z) =
0
xα−1 dx (1+x)
z α−1 1+z
; 0 < ℜe(α) < 1.
; z ∈ C ; z = x + iy.
A função f (z) possui um polo simples em z = −1 e uma ramificação em z = 0. Iremos calcular a integral:
I=
I
f (z)dz, C
onde o contorno C é dado pela figura (1.1) Im z
C2
R Ε
Re z
-1
C1
Figura 1.1: Contorno C
I =
Z
R ǫ
xα−1 dx + 1+x
= 2πiRes f (z)
Z
C2
z α−1 + 1+z
z=−1
= 2πie
Z
ǫ R
α−1 Z e2πi x z α−1 dx + dz 1 + |{z} e2πi x C1 1 + z
iπ(α−1)
=1
.
7 C1 : Z
z α−1 dz ; z = ǫeiθ 1 + z C1 Z 2π eiαθ α dθ ∼ ǫα → 0 (ǫ → 0). i =ǫ iθ 1 + ǫe 0
C2 : Z
z α−1 dz ; z = Reiθ , 1 + z C2 Z 2π 1 eiαθ α dθ ∼ 1−α → 0 (R → ∞). =R i iθ 1 + Re R 0 No limite ǫ → 0 e R → ∞ 2πie ⇒
Z
∞ 0
iπ(α−1)
=
1−e
2πi(α−1)
Z
∞ 0
xα−1 dx, 1+x
π xα−1 2πi π =− dx = − πi(α−1) = . 1+x sin π(α − 1) sin πα e − e−πi(α−1)
(1.14)
Substituindo (1.14) em (1.13) temos a relação desejada:
Γ(z)Γ(1 − z) =
π . sin πz
(1.15)
A eq. (1.15) foi derivada apenas para o intervalo 0 < ℜe(z) < 1, porém a função Γ(1 − z)Γ(z) é analítica em todo plano complexo (fora os polos em z ∈ Z). A função
π sin(πz)
também é analítica nessa região. Como as funções coincidem na região 0 < ℜe(z) < 1, podemos concluir que elas coincidem na região comum de analiticidade. Portanto, a fórmula (1.15) vale para todo4 z ∈ / Z. Ela também pode ser escrita da seguinte forma:
Γ(z)Γ(−z) = − 4
π . z sin πz
(1.16)
A restrição aparente ocorre devido ao fato da eq. ter sido derivada através da representação integral de Γ (eq. (1.1)). Se a derivássemos, por exemplo, via eq. (1.7) (o que é possível, mas muito mais trabalhoso), ela estaria definida ∀ z ∈ /Z
8 No caso de z ser um imaginário puro, i.e. z → ix, com x ∈ R, temos uma outra importante relação:
Γ(ix)Γ(−ix) = |Γ(ix)|2 =