11 - Gruzinski, Serge - O pensamento mestiço PDF

Title 11 - Gruzinski, Serge - O pensamento mestiço
Course História da América I
Institution Universidade Federal de Ouro Preto
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Fichamento do texto O pensamento mestiço. ...


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Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de História – DEHIS História da América I Fichamento do texto O pensamento mestiço de Serge Gruzinski O CHOQUE DA CONQUISTA “O fato de as mestiçagens americanas terem se inscrito numa fase de expansão da Europa e num contexto de colonização impede que sejam reduzidas a um fenômeno cultural. Se queremos compreendê-las, não podemos abstrair seus laços com a Conquista e a ocidentalização que as acompanham. Resta esclarecer a natureza desses laços.” Pág. 63 Mundos derrubados: As mestiçagens da américa espanhola nasceram sobre os escombros de uma derrota. Quando a cidade do México cai nas mãos dos espanhóis há uma série de repercussões na vida indígena, de como a tragédia afetou os nativos. “Uma epidemia de tamanha virulência espalhou-se entre os índios, e regiões inteiras perderam a metade de seus moradores. [...] Em vários lugares, famílias inteiras foram dizimadas. [...] Essa doença foi chamada ‘a grande lepra’, ‘pois dos pés à cabeça eles se cobriam de feridas de varíola que os faziam parecer leprosos’.” Pág. 64 “À desorganização da produção causada pelas destruições e pelo abandono dos trabalhos agrícolas somam-se os estragos do novo sistema de exploração e punção dos impostos. Contramestres e escravos negros tiranizavam os índios como os ‘opressores egípcios que faziam o povo de Israel sofrer’. [...] A desagregação das hierarquias sociais acompanha outros fenômenos igualmente incontroláveis. A febre do ouro joga os espanhóis ‘nos laços e nas correntes do demônio, de quem não escapam sem sofrer ferimentos cruéis’.” Pág. 66 “A Cidade do México, antiga capital dos mexicos e que se tornou a ‘cabeça da Nova Espanha’, está no centro do turbilhão. A reconstrução da cidade é uma tarefa gigantesca, ‘da qual durante os primeiros anos participa mais gente que na edificação do Templo de Jerusalém, na época de Salomão’. Mobilizou formigueiros de homens extenuados com as cargas que lhes eram impostas.” Pág. 66 “Milhares de índios são reduzidos à escravidão. Pais vendem os filhos para pagar o tributo. Atormentam-se os nativos para extorquir seus bens; trancam-nos em masmorras

de onde só saem para morrer, ‘pois os espanhóis os tratavam de maneira bestial e faziam deles menos caso que de seus animais e seus cavalos’.” Pág. 66 “A crise não poupou as fileiras dos vencedores. As rivalidades entre os conquistadores geraram tumultos: ‘dissensões e facções’ arrastaram o país à beira da guerra civil. Por isso é que as pragas do México foram piores que as do Egito: duraram mais tempo, causaram mais mortes, resultaram mais da crueldade e da cobiça dos homens do que da manifestação da ira divina.” Pág. 67 Imagens de catástrofes e chaves milenaristas: Esse período da conquista da Cidade do México é descrito por um monge franciscano, chamado Motolinía, que usa de sua sabedoria sobre o Êxodo e do Apocalipse para fazer suas interpretações sobre os acontecimentos. “Para Motolinía, a crise do México da Conquista, submetido a mutações espetaculares e calamidades inauditas, só pode ser expressa pelas formas extremas do relato apocalíptico.” Pág. 68 “Na pena de Motolinía, a desagregação se caracteriza pelo ritmo acelerado e pelos descontroles: ‘Era grande o afã com que os primeiros anos os espanhóis fizeram escravos [...], a pressa que impunham aos índios’. O monge toma o cuidado de diferenciar os choques exógenos – militares ou epidêmicos -, diretamente ligados à invasão, das perturbações endógenas causadas pelo estabelecimento dos espanhóis. A instabilidade crônica domina a paisagem social dos primeiros decênios da colonização.” Pág. 69...


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