8. Circulação periférica e sua regulação PDF

Title 8. Circulação periférica e sua regulação
Author Matheus henri
Course Fisiologia Comparada
Institution Universidade de Cuiabá
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Resumo completo da aula....


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Cezar Henrique Lorenzi Resumo de Fisiologia

Medicina UFPR 14.1

Circulação periférica e sua regulação; microcirculação e sistema linfático A microcirculação realiza a função de permitir trocas de nutrientes, metabólitos e retiradas de materiais excretados pelas células. Ou seja, faz a segunda função do sistema cardiovascular (a primeira é o transporte de sangue). A microcirculação se adapta às diferentes condições teciduais, alterando, sobretudo, a resistência, pois a pressão arterial tende a ser mantida constante. Isso tudo serve para evitar hipóxia ou anóxia tecidual. O que compõe a microcirculação? Pequenos vasos (pequenas artérias e veias, arteríolas e vênulas, capilares). A maior resistência se encontra nas arteríolas e pequenas artérias, devido à maior espessura da musculatura lisa (em relação ao diâmetro do vaso). Os vasos nos quais ocorrem as trocas (capilares e parte de vênulas) estão na microcirculação. Todos os órgãos e sistemas possuem artérias, que se ramificam até formar arteríolas. As arteríolas são o principal ponto de resistência do fluxo sanguíneo, sendo os componentes pré-capilares de resistência. As arteríolas formam capilares, que, por sua vez, formarão os componentes pós-capilares de resistência, as vênulas. As vênulas são, em parte, responsáveis pelo fluxo capilar. Alguns leitos vasculares, não todos, possuem musculatura lisa que circunda os vasos entre as arteríolas e capilares (esfíncteres pré-capilares) ou entre os capilares e as vênulas (esfíncteres pós-capilares). Estes músculos são importantes, pois influenciam na pressão do sangue dentro dos capilares, e funcionam como pontos de resistência. Conceitos: vasos anastomóticos, também conhecidos como metarteríolas, anastomoses arteriovenosas ou shunt, são vasos que ligam o sistema arterial ao venoso, sem passar pelos capilares. Estas estão presentes principalmente nas extremidades, orelhas, nariz e dedos.

Alguns tecidos possuem microcirculação específica e prioritária. Nos rins, há duas microcirculações em série, e, no fígado, a microcirculação é, também, dupla. A microcirculação renal na medula é bastante diferente da do córtex, justamente devido às funções do rim, que são de filtrar o sangue, retirando tudo o que não pode ser mantido, mas, ao mesmo tempo, não deixar que compostos essenciais, como glucose, açúcares, proteínas e aminoácidos, sejam eliminados na urina. Hemácias também não podem ser encontradas na urina. Situações patológicas: glicosúria, proteinúria e hematúria. Capilares são, junto com uma parte das vênulas, a única região de transporte do sistema circulatório – o restante dos vasos são condutores. Assim, a parede dos capilares é adaptada, possuindo somente endotélio e lâmina basal. Os capilares podem ser divididos em três tipos. Estes três tipos ocorrem de acordo com a função que o capilar exerce no órgão: 1. Contínuos (somáticos): músculo esquelético, músculo cardíaco, músculo liso e tecido adiposo. São ligados fortemente entre si por junções adesivas e possuem membrana celular e lâmina basal contínua. As células são delgadas e apresentam algumas vesículas de plasmalema – invaginações da membrana – que se deslocam para dentro da célula, como se fosse uma endocitose.

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2. Fenestrados: glândulas endócrinas e exócrinas (sobretudo pâncreas exócrino), e no glomérulo renal. Possuem fenestrações (aberturas) entre células, de 60 nm. Logo, a membrana não é contínua, mas a lâmina basal é. Estas fenestrações podem ou não ser fechadas por diafragma. 3. Descontínuos: células com fenestrações abertas e lâmina basal descontínua. O tipo mais comum de capilar descontínuo é o sinusoide (fígado, baço, medula óssea), que possui poros (sinusoides) de 100 nm entre as células. O sinusode é o único tipo de capilar que permite a passagem de eritrócitos para o interstício, sendo encontrado na medula óssea, fígado e baço. VIAS DE TRANSPORTE DE MOLÉCULAS ATRAVÉS DOS CAPILARES: 1. Via transcelular: para moléculas lipossolúveis, como gases, que atravessam diretamente a membrana da célula. 2. Sistema de vesículas: para moléculas grandes e hidrofóbicas, como proteínas. Estas vesículas são formadas por invaginações da membrana, levando os compostos geralmente para dentro da célula. 3. Fendas intercelulares: ocorre principalmente em capilares descontínuos. Estas fendas aumentam quando há inflamação aguda, ocorrendo enorme extravasamento de sangue para o interstício, o que leva ao edema. 4. Vias fenestradas: moléculas hidrofóbicas pequenas, água, alguns íons. 5. Canais transcelulares: espaços formados no meio da célula, que não chegam a compor um poro direto. Estruturas proteicas formam filamentos, que montam um labirinto que permite a passagem de moléculas lipofílicas, como gases.

Para calcularmos o fluxo de líquido através de um capilar, podemos usar a complexa equação abaixo, a equação de Starling:

𝐽 = 𝐾𝐹 𝑋 ([𝑃ℎ𝐶 − 𝑃ℎ𝑖 ] − [𝑇𝑇𝐶 − 𝑇𝑇𝐼 ]) Aqui, J é o movimento do líquido através do capilar; K F é o coeficiente de difusão (condutância hidráulica, própria de cada membrana), dada em mL/mmHg; Phc é a pressão da água (hidrostática) no capilar; Phi é a pressão hidrostática no líquido intersticial; TTc é a pressão das proteínas (pressão oncótica ou coloidosmótica) no capilar; TTb é a pressão das proteínas no interstício. A equação de Starling pode ser alterada para:

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𝐽 = 𝐾𝐹 𝑆 𝑋 ([𝑃ℎ𝐶 − 𝑃ℎ𝑖 ] − [𝑇𝑇𝐶 − 𝑇𝑇𝐼 ]), sendo S a área de superfície da parede vascular. 𝐽 = 𝐾𝐹 𝑆 𝑋 ([𝑃ℎ𝐶 − 𝑃ℎ𝑖 ] − 𝑜[𝑇𝑇𝐶 − 𝑇𝑇𝐼 ]), sendo “o” o coeficiente de reflexão, que varia de 0 a 1 e determina, de fato, o quão impermeável é a membrana a uma proteína. Este coeficiente pode ser obtido pela diferença de pressão osmótica efetiva com a ideal. ([𝑃ℎ𝐶 − 𝑃ℎ𝑖 ] − [𝑇𝑇𝐶 − 𝑇𝑇𝐼 ]) pode ser simplesmente chamado de: T (taxa de filtração). A taxa de filtração é alterada com a resistência capilar. Afinal, com aumento da resistência pré-capilar, há diminuição de fluxo, e, assim, diminuição de pressão hidrostática no capilar e da filtração. Já com a diminuição da resistência pré-capilar, há aumento de fluxo e de filtração. Com aumento da resistência pós-capilar, aumenta-se a pressão do sangue, o que aumenta a filtração e diminui a absorção. Com redução da resistência pós-capilar, diminui-se a pressão hidrostática do sangue, diminuindo a filtração e aumentando a absorção. Exemplo disso é visto nos glomérulos: o hormônio natriurético possui receptores para a as células mesangiais (folheto visceral da cápsula de Bowman) do corpúsculo renal. Ele as relaxa, causando vasodilatação, e, consequentemente, aumento da produção de urina e hipovolemia.

A pressão sanguínea é em torno de 100 mmHg na raiz da aorta, e, à medida que se distancia, vai diminuindo, até chegar a 35 mmHg na extremidade arterial. Na extremidade venosa, ela cai para 16 mmHg. Isso é importante para entender que: a pressão hidrostática, na extremidade arterial dos capilares, é significativa, e empurra a água de dentro do capilar para fora do mesmo. Na extremidade arterial do capilar, a principal força que favorece a filtração é a força hidrostática, adicionada à pressão oncótica do líquido intersticial (mais pequena). Já na extremidade venosa do capilar, o plasma tende a retornar do líquido intersticial, devido às duas forças: a força oncótica do capilar e a pressão hidrostática do líquido intersticial. A pressão hidrostática do líquido intersticial, contudo, normalmente é nula, pois há a drenagem linfática deste líquido, mas esta pressão aumenta com o acúmulo do líquido). Quando houver mais filtração do que reabsorção, ocorre o edema. Uma das formas de evitar o edema é, justamente, a drenagem linfática, ou a mudança de posição do corpo (quando o edema se deu não devido ao desequilíbrio patológico de forças, mas apenas devido às posições corporais inadequadas ). DRENAGEM LINFÁTICA: Os vasos linfáticos são vasos de fundo cego que absorvem líquido do interstício. Estão paralelos à circulação sanguínea. Sua parede é formada por uma camada única de células, mas que possui filamentos de actina e miosina, que permitem certa contração. Também há filamentos de ancoragem, que fixam as células do vaso. Na parede, também há válvulas que impedem o retorno da líquida, líquido semelhante ao sangue, porém sem eritrócitos, plaquetas e proteínas. Como ocorre a drenagem linfática? A pressão do líquido intersticial é próxima a 0, como dito. Quando ela aumenta, a maior pressão força a parede dos vasos linfáticos, aumentando a distância entre uma célula a outra e, portanto, criando poros por onde o líquido pode passar. A entrada do líquido no vaso estimula a bomba linfática, ou seja, causa distensão do vaso, que,

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por sua vez, estimula a contração das células, sendo que esta contração moverá o líquido para frente. As valvas impedem que a linfa volte. Os vasos linfáticos desembocam, então, no ducto linfático direito e no ducto torácico. Dos 15 mL/minuto filtrados pelo capilar, 3 mL voltam para a linfa. Então, em um dia, são produzidos aproximadamente 4 L de linfa. Como visto, em geral, o aumento de pressão intersticial favorece o aumento do fluxo linfático. Contudo, em pressões intersticiais muito altas, o líquido intersticial passa a comprimir o vaso linfático, o que não acarretará em aumento de drenagem, e, portanto, haverá formação de edema.

EDEMA: causado por qualquer mecanismo que aumente a pressão intersticial. As causas do edema são: 1. Obstrução linfática (exemplo: elefantíase/filariose); 2. Obstrução venosa; 3. Aumento da permeabilidade capilar, permitindo que proteínas saiam dos capilares arteriolares e, assim, mais água saia com elas. Isso pode ocorrer em alergias e inflamações, por decorrência de substâncias como cininas, histaminas, leucotrienos, e substância P (neurotransmissor que facilita processos inflamatórios, ansiedade, vômito e nocicepção). A substância P pode ser encontrada no SNC ou no SNP. 4. Aumento da pressão hidrostática do sangue: aumento da pressão venosa (insuficiência cardíaca, valvas incompetentes); constrição venular; obstrução venosa; dilatação arteriolar; entre outros. 5. Redução da pressão osmótica no capilar da extremidade venosa: acúmulo de substâncias osmoticamente ativas no espaço intersticial, desnutrição, perda de proteínas na urina, problemas no fígado (produz poucas ou degrada muitas proteínas)....


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