A Grande Ilusão - Norman Angell PDF

Title A Grande Ilusão - Norman Angell
Course Teorias Das Relações Internacionais I
Institution Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
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Prodessor Geraldo...


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A Grande Ilusão: Norman Angell O Aspecto Econômico I. Defesa da guerra sob o aspecto econômico 

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Inglaterra e Alemanha-> rivalidade europeia em matéria de armamentos. Nenhum dos 2 países concede passagem ao outro. o soluções: desarmamento geral/ limitação recíproca; conflito armado que reduza um país à inferioridade. Os que aceitam a primeira solução são considerados incapazes de compreender as condições do mundo em que vivem, e se dispõem a sacrificar a própria segurança nacional, reduzindo os meios de defesa. o O sacrifício imposto pelos armamentos é o preço pago pelas nações por sua segurança e seu poder político. O vencedor da luta pela supremacia política adquire uma vantagem material sobre o vencido. Advogados da paz: o se os meliantes dedicassem ao trabalho honrado o tempo e a energia que devotam a roubar-se mutuamente, seu ganho efetivo mais do que compensaria o butim ocasional; o as leis naturais contradizem neste ponto a lei moral, a que devemos obedecer mesmo quando isso nos prejudique; o invoca o "altruísmo" das relações internacionais; o não temos o direito de tomar nada pela força. O "preço da guerra" é trivial, e admite-se que o depositário dos interesses nacionais não pode hesitar quando a sua proteção exige o seu pagamento. o Por que o estadista haveria de recuar diante dos sacrifícios habituais impostos pela guerra, quando se trata de promover os vultosos interesses nacionais que lhe foram confiados? Não cabe dizer que a guerra, por meio do emprego de armas, seja forçosamente a forma mais cruel ou mais dura da luta universal. O predomínio militar leva a uma vantagem real e tangível, vantagem material que se traduz em termos de bem-estar social, oportunidades comerciais, mercados mais amplos, proteção contra o ataque dos comerciantes rivais etc. Encontramos entre os princípios aceitos universalmente os de que o poder nacional significa riqueza e prosperidade; que a expansão territorial abre campos cada vez mais amplos para a indústria; que uma nação forte tem a capacidade de brindar a seus cidadãos boas oportunidades, excluídas do acesso das nações mais fracas.

II. Os modernos axiomas (ver dadesuni v er s al ment ev ál i das ) estatísticos  

"Por que a Alemanha atacaria a Inglaterra? Porque os dois países são rivais, comercial e politicamente; porque a Alemanha ambiciona o comércio, as colônias e o império possuído hoje pela Grã-Bretanha." "Toda grande potência deve orientar seus esforços no sentido de exercer a maior influência possível, nao só na política européia, mas na mundial, uma vez que o poder econômico depende, em última análise, do poder político, e também porque a participação crescente no comércio global é uma questão vital para cada nação em particular."

III. A Grande Ilusão 





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A estabilidade financeira e industrial de cada nação, sua segurança no campo comercial- em suma, sua prosperidade e bem-estar - dependem da aptidão para defender-se contra os ataques dos outros países, os quais estarão prontos, sempre que possível, a tentar uma agressão, para aumentar seu poder e, portanto, o seu bem-estar e sua prosperidade, às custas do fracos e dos vencidos. Uma série de devastações como as previstas por Harrison em conseqüência da conquista da Grã-Bretanha por outro país é uma impossibilidade física. O invasor não poderá aniquilar completamente o comércio de outro país. Só haveria possibilidade de se fazer isso aniquilando a população, o que é impraticável, Se a invasão da Inglaterra pela Alemanha implicasse "a ruína total do Império", o capital alemão também desapareceria, arrastando consigo o crédito; o confisco da propriedade privada por um invasor influenciaria negativamente de tal forma as finanças do invasor que o prejuízo causado pelo confisco excederia em boa parte o valor da propriedade confiscada. A imposição de tributos a um povo vencido tornou-se uma impossibilidade econômica. E física e economicamente impossível a um país apossar-se do comércio exterior de outro empregando meios militares. Um conquistador não pode destruir a competição exercida pela nação vencida mediante a sua anexação, pois os seus competidores não deixariam por isso de competir. A riqueza, o bem-estar e a prosperidade das nações não dependem de modo algum do seu poder político. Nenhuma nação poderia derivar uma vantagem prática da conquista das colônias britânicas, e de seu lado a Grã-Bretanha não sofreria qualquer prejuízo material se as perdesse. o Do ponto de vista econômico, a Inglaterra ganharia com a sua separação formal, pois não precisaria preocupar-se com a defesa delas, e por isso não poderia acarretar a ruína do Império, a miséria ou a fome para a metrópole Em nossos dias, a única conduta possível para o conquistador é deixar a riqueza de um território em mãos dos seus habitantes; por conseguinte, há uma ilusão de ótica, uma falácia lógica, na ideia hoje alimentada na Europa de que uma nação aumenta a sua riqueza ao expandir o seu território, porque, ao anexar-se uma província ou um Estado, anexam-se também seus habitantes, que são os únicos e verdadeiros proprietários da riqueza correspondente, e o conquistador nada ganha. Se o comércio de um país estivesse realmente à mercê de qualquer invasor vitorioso; se os exércitos e as esquadras fossem verdadeiramente necessários para proteger e fomentar o comércio, os pequenos países se encontrariam em condição de irremediável inferioridade e só subsistiriam pela condescendência dos poderosos. A prosperidade dos pequenos Estados demonstra que a segurança da riqueza dispensa armamentos.

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Os cidadãos suíços, belgas e holandeses, de países que não exercem "controle" nem "têm o prestígio de grandes potências", são tão prósperos quanto os alemães e mais prósperos do que os austríacos e russos. O que se argumenta é que a segurança das riquezas depende de outros fatores que não os armamentos; que a falta de poder político não constitui obstáculo ou garantia com relação à prosperidade; e que a simples extensão do território administrado não tem relação com a riqueza dos habitantes desse território. A estabilidade política das pequenas nações não está garantida. Ninguém se atreveria a subscrever a proposição de que a Holanda poderia manter incólume a sua independência se a Alemanha pretendesse seriamente ameaçá-la. Já a segurança econômica da Holanda, sim, está garantida.

Resultados práticos I. Relação entre defesa e agressão  



A necessidade da defesa provém da existência de um motivo para ataque. A tese "o mundo deixou para trás o período do seu desenvolvimento em que um grupo civilizado podia aumentar seu bem-estar mediante o domínio militar sobre outros grupos" ou é verdadeira, ou falsa. o Falsa: não explicará os problemas da nossa época, e não encontraremos em nenhuma parte as suas conseqüências práticas. o Carece de qualquer valor prático, pois o objetivo dos armamentos é a defesa, não a agressão e porque, por mais certos que sejam esses princípios, o mundo não os aceita, c jamais os aceitará, pois os homens não se orientam pela razão. o O fato fundamental do qual emana a necessidade dos armamentos, e que explica em sua essência o militarismo europeu, é a força do motivo que impede à agressão. "As grandes nações estão armadas não tanto porque aspirem a conquistar os despojos da guerra, mas pelo desejo de evitar os seus horrores; as armas são destinadas à sua defesa."

II. Armamentos, mas não só armamentos 

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O que determina a conduta dos homens não são os fatos, mas a ideia que eles fazem desses fatos o isso acontece porque o comportamento dos homens é determinado não necessariamente pela conclusão correta que se deduz dos fatos, mas pela conclusão considerada correta. Enquanto a Europa estiver dominada por velhas crenças, elas exercerão na política virtualmente a mesma influência que teriam se tais crenças correspondessem à verdade. A mudança da política européia só poderá ocorrer em função de uma mudança nas idéias prevalecentes, a qual só acontecerá quando as energias humanas nesse campo deixarem de privilegiar exclusivamente o aprimoramento dos instrumentos bélicos.



O processo pelo qual a força tende a extinguir a razão é progressivo e cumulativo, um círculo vicioso que só se interrompe com a introdução em algum ponto do fator racional.

Aula 

1919: Wilson o Conduziu os EUA a 1a guerra mundial o Ficaram fora da guerra de 1914 a 1917

Final do século XIX e início do XX 

Política internacional- relações internacionais o Unificações tardias da Itália e da Alemanha: principais fatores de desestabilização do concerto europeu o Fenômeno do nacionalismo o Neo colonialismo: grandes potências procuravam ampliar o seu mercado comercial, uma vez que este encontrava-se saturado em seus respectivos países o Imperialismo o Concerto europeu: marca o século XIX; é um arranjo internacional que nasce depois das guerras napoleônicas no congresso de Viena, e as potencias europeias instituem um arranjo de consulta mutua para resolução de disputas; permanece vigente até a 1a guerra mundial. o Pax britânica: O Reino Unido, por se beneficiar do isolamento territorial, desenvolve um papel de equilibrador das disputas europeias, evita iniciativas hegemônicas de alguma nação europeia; controla o comercio marítimo (principal força naval do período); principal potência do sistema. É um processo que tem uma serie de variáveis, muitas delas econômicas, o papel da revolução industrial pioneiramente da Inglaterra, promove a indústria inglesa,e promove a exportação, fortalecendo o comercio inglês, o papel da libra como moeda de troca no cenário internacional. A libra efetivamente fica sendo a moeda de troca internacional. Existe tanto o lado politico e militar nesse equilíbrio britânico, quanto o papel econômico da Inglaterra. o Revolução industrial o Com a ascensão da Ing, teve uma mudança no sistema internacional. A riqueza nao vem mais da posse das colonias e dos territórios, mas você produz a riqueza tanto no processo industrial quanto no comércio. Pressão para acabar o regime escravista, para que aumente os mercados consumidores, para que se promova a abertura dos portos, o livre comercio, Quanto menos barreiras, mais riqueza eles vao gerar. Transição do período mercantilista para um de livre comércio, essa ideia liberal de que o comércio gera riqueza, e que se os atores econômicos foram deixados livres, que eles sempre procurarão o máximo beneficio, lucro, vantagem.

o Mão invisível: pensamento liberal, Adam Smith. o Esse pensamento liberal acredita que a riqueza provem do comércio, da produção industrial, nao necessariamente da posse de territórios. Passamos a viver um século de "livre comércio" e de liberalismo econômico. o Mundo que vivia sob um concerto europeu, que via o fenômeno do nacionalismo crescente, mas também vivia um período de livre comércio. É nesse contexto que o Angell começa a escrever.





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Norman Angell: o Jornalista inglês o Liberal o Cobriu o conflito entre a Alemanha e Inglaterra o Escrevia para jornais ingleses sobre a política europeia o Começa a escrever sobre a percepção de que existiria um conflito iminente entre Ing e Ale no final do século XIX.  os países estariam se preparando para o conflito  a guerra era um meio legitimo de solução de disputa  fazia quase um seculo que o continente europeu nao presenciava um conflito de grandes proporções (último: guerras napoleônicas que terminaram em 1814)  a grande maioria dos conflitos acontecem nas colônias o Ele esta refletindo o momento em que as pessoas consideram a guerra como opção para resolução de disputas, e que a vitória na guerra traz vantagens, benefícios ao país. Esse é o principal argumento dele, por onde gira o texto, a ideia de que a riqueza de um país advém da sua força política, militar e do controle territorial: senso comum da época.  Ele diz que esse tipo de ideia é completamente equivocada.  Na economia mundial do período, isso nao é mais verdade, porque a riqueza nao advém simplesmente da posse de territórios, ou da posse de recursos naturais, e sim da produção industrial e principalmente do comércio.  É na produção ind que se agrega valor aos bens, que se agrega valor àqueles recursos naturais extraídos inicialmente.  A conquista e guerras nao necessariamente leva à riqueza, pelo contrário, ela acaba destruindo a possibilidade de geração de riqueza. 1a Guerra: Situação em que nós nos aproximamos da chamada "guerra total", porque toda a sociedade é atingida no esforço de guerra o Mudanças na indústria: produção bélica, uniformes e outros recursos para a guerra a guerra destrói as fontes de riqueza, e a guerra tem custos Iluminismo: papel da racionalidade, tira Deus e coloca o homem no centro do mundo. O argumento dos liberais é que a guerra é irracional, pois nao traz os benefícios que propõe.





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Quanto mais livre é comércio, mais os países podem produzir aquilo que produzem melhor, e mais, e aquilo que nao produzem bem, comprar de outros países-> gera mais riqueza. o Maximizar a eficiência: pega o excedente do que faço bem e compro coisas que outros países fazem bem, assim o comércio redistribui esses recursos na economia. Problema da guerra: nao posso mais comprar daquele país que entrei em guerra. Ela está distorcendo os fluxos comerciais. Em uma situação de livre comércio, voce sempre vai tentar comprar o melhor produto pelo melhor preço. Com um conflito, voce vai distorcer esse fluxo comercial, nao gerando riqueza. Grande ilusão: ideia de que a guerra trará benefícios econômicos; a racionalidade da guerra. o Os axiomas da política moderna desmentiriam essa ilusão Uma das justificativas comuns é que os estados se armam nao para fazer a guerra, mas para se defender. o problema lógico: se voce esta se armando defensivamente, é porque voce esta esperando um ataque-> se voce esta esperando ser atacado, voce acredita que há um benefício na guerra. Tanto ataque quanto defesa esta pautado na ideia de que traz benefícios. o Dilema de segurança  Resultado: os dois estados vao gastando recursos para essa corrida armamentista; se ou quando o conflito aparecer, ele vai ser muito mais destrutivo do que ele seria no momento inicial.  uma ação inicial que tem a intenção de aumentar a sua segurança, na verdade acaba prejudicando essa segurança do estado. os ciclos de equilíbrio vao se sobrepondo, e quando o conflito acontece, o grau de destruição é maior.  John Harrison  Resposta realista: ataque primeiro  Resposta liberal: nem comece a se armar; tentar um acordo O que importa nao é o fato, mas a interpretação que os homens fazem dele. Para a Ing, a marinha alemã é um luxo, pois ela é uma potência continental. Enquanto a Alemanha continuar construindo uma marinha naval, a Ing tem que fazer a mesma coisa, e em algum momento vai ter que atacar a Alemanha. Para a Alemanha, nao é um luxo, é exatamente por ser uma potência continental, que precisa de uma saída para o mar. Angell esta aceitando que possa existir um ponto de vista diferente do dele, ou do senso comum inglês. De sua perspectiva, os dois estão errados (militarista inglês e alemão), mas pelo menos ele esta concedendo a ideia que existem 2 ou mais pontos de vista diversos, e esta propondo um terceiro, que para ele é o único racional. Angell nao defende o desarmamento unilateral. Ele é um pacifista, mas nao é ingênuo. Não defende que o UK simplesmente se desarme, e para de investir na sua marinha. Esse senso comum, a grade ilusão, ainda persiste, apesar de na realidade a guerra nao trazer riqueza/benefícios. Enquanto a grande ilusão continuar existindo, voce vai estar se expondo ao se desarmar, vai estar à mercê dos que ainda acreditam, e isso pode trazer prejuízos claros ao seu país, em caso de um conflito armado. Ele nao acredita no desarmamento no momento em que escreve, nem acredita que a guerra vai desaparecer, esta preocupado que haja um







conflito. O argumento é que a guerra é prejudicial, irracional, mesmo que possível. Solução: via conscientização das nações, via educação dos povos. Enquanto os estadistas e a opinião publica nao estiverem conscientes da irracionalidade econômica da guerra, qualquer politica pacifista vai ser derrotada, impraticável, voe só vai se expor aos países que ainda acreditam. A solução é mudar as percepções das elites. Crítica: o Não foi o primeiro texto que ele escreveu. Defesa de tese anterior que já havia publicado. Textos cheios de referências à debates públicos e outros críticos. o Esse texto é quase um texto de propaganda, de marketing, de divulgar a irracionalidade da guerra. Muito mais que uma argumentação é mostrar a grande ilusão, e contextualizá-la, mostrar porque esta errada. o Livro publicado em 1912.

Limitação da teoria: o ele esta avaliando apenas a racionalidade econômica da guerra. É uma visão limitada. Você pode ter uma razão política, um ímpeto nacionalista, por ex. o A questão da interdependência. Existe a variável da vulnerabilidade. Por mais que existam uma rede de ligações, nao quer dizer que elas sao igualmente distribuídas. Mesmo dentro dessa rede, alguns estados sao mais vulneráveis do que outros....


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