Análise do filme The Doctor - Um golpe do destino PDF

Title Análise do filme The Doctor - Um golpe do destino
Course Saúde mental da mulher
Institution Universidade de Santa Cruz do Sul
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Análise do filme The Doctor - Um golpe do destino...


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UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL – UNISC DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA E FARMÁCIA CURSO DE MEDICINA MÓDULO VIII: SAÚDE DO ADULTO I ÁREA DE RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE

LEONARDO SILVEIRA NASCIMENTO

THE DOCTOR: DIFERENTES OLHARES SOBRE A RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE

Santa Cruz do Sul 2014

LEONARDO SILVEIRA NASCIMENTO

THE DOCTOR: DIFERENTES OLHARES SOBRE A RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE

Análise do filme The Doctor: Um golpe do destino, como requisito para obtenção de nota parcial na área de Relação Médico-Paciente do Módulo de Saúde do Adulto I do Curso de Medicina da Universidade de Santa Cruz do Sul.

Professor Vinicius Alves Moraes

Santa Cruz do Sul 2014

INFORMAÇÕES DA OBRA RESENHADA Título: Direção: Produção: Roteiro:

Elenco Principal:

Gênero: Lançamento: Distribuição: País: Duração:

The Doctor: Um golpe do destino Randa Haines Edward S. Feldman Ed Rosenbaum Robert Caswel William Hurt Christine Lahti Elizabeth Perkins Adam Arkin Charlie Korsmo Mandy Patinkin Drama 1991 Studio Touschstone Pictures Estados Unidos 122 min

THE DOCTOR: DIFERENTES OLHARES SOBRE A RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE O filme The Doctor: Um golpe do destino aborda diversos aspectos da relação médicopaciente, mostrando que o médico é, sobretudo, um ser humano e deve se relacionar com seus pacientes de maneira humanizada. A obra dirigida por Randa Haines evidencia diversas infrações éticas que são intrínsecas a vários profissionais da classe médica, os quais muitas vezes sequer percebem que cometem tais barbáries. Como escreveu o filósofo e educador Mario Sergio Cortella, “é necessário cuidar da ética para não anestesiarmos a nossa

consciência e começarmos a achar que tudo é normal”. É basicamente em torno dessa perspectiva que gira o drama. O longa metragem norte-americano apresenta a transformação da vida e o drama vivenciado por um renomado cirurgião. O médico Jack McKee é arrogante, egoísta e indiferente aos seus pacientes e, como professor, transmite essa mensagem aos seus alunos. O cirurgião passa, então, a viver uma incrível transição comportamental ao receber friamente o diagnóstico de um tumor de laringe por uma médica com características semelhantes às suas. A partir do momento em que o Dr. Jack passa a ver o sistema de saúde sob a óptica de paciente, ele modifica sua concepção e estilo de exercer a Medicina, transmitindo essa compreensão humanizada aos seus acadêmicos. No decorrer da obra protagonizada por William Hurt, inúmeras são as atitudes do cirurgião que ferem, além dos princípios do Código de Ética Médica, as regras de conduta para uma relação médico-paciente humanizada. De uma maneira geral, nota-se claramente que o Dr. Jack McKee segue o modelo biomédico de formação, não atuando de maneira acolhedora nem se reportando aos seus pacientes com dignidade. Essa falta de envolvimento com os doentes pode ser comprovada no fato de o cirurgião se referir a eles como “órgãos”, “doenças”, “números” ou “quarto”. Conforme Augusto et al (2008), “as humanidades médicas permitem desenvolver uma nova compreensão da vivência e do sofrimento da pessoa, incorporando a realidade social e a experiência individual à interface entre médico e paciente”. É exatamente esta compreensão que inexistia no Dr. Jack e em muitos de seus colegas, impedindo que eles compreendessem o universo psicossocial do paciente. Logo no início do filme aparecem cenas de cirurgias feitas pelo Dr. Jack, em que ele e sua equipe ouvem música, dançam e brincam, não conferindo a real seriedade exigida pela circunstância. Apesar de existirem estudos, como o desenvolvido pela Universidade Estadual de Nova York, em Buffalo (EUA), que afirmam ser a música benéfica tanto para o médico, ao melhorar a capacidade cognitiva, a concentração e reduzir os níveis de estresse, como para o paciente, ao trazer vantagens fisiológicas a este, é sabido que danças, zombarias, piadas e demais gestos do gênero revelam, além de uma falta de respeito para com o enfermo, a inexistência da postura de sobriedade e sisudez que se espera não só do médico, mas de todo profissional da saúde. Ademais, o Dr. Jack era um tanto antiético. Ele se mostrava a favor de seu colega, o Dr. Eli, com o qual mantinha acordos e combinações de modo a um encobrir qualquer “desregramento” do outro. Claramente isso vem de encontro ao que consta no Princípio XVIII do Capítulo I do Sexto Código de Ética Médica Brasileiro: “O médico terá, para com os colegas, respeito, consideração e solidariedade, sem se eximir de denunciar atos que contrariem os postulados éticos”. É evidente que tanto o Dr. Jack quando o Dr. Eli deveriam comunicar às autoridades competentes quando soubessem da ocorrência de qualquer ato que violasse os preceitos éticos e legais vigentes. Em certo momento do longa metragem, o protagonista demonstra uma atitude de total desrespeito com uma de suas pacientes, que vem até seu consultório se queixando da aparência de uma cicatriz consequente de uma cirurgia em seu peito. Com um tom de escárnio, o Dr. Jack responde à paciente que ela dissesse ao seu marido que aquilo era “grampos”, fazendo alusão aos pôsteres presentes em revistas de entretenimento erótico. Esta atitude do médico choca-se com o Princípio VI do Capítulo I do Sexto Código de Ética Médica Brasileiro: “O médico guardará absoluto respeito pelo ser humano [...]”. Na verdade, o gesto do Dr. Jack, por ter ocasionado certo desconforto na paciente, pode ser ilustrado pelo que consta no Artigo 23º do Capítulo IV, que discute o que é vedado ao médico a fim de garantir os Direitos Humanos do enfermo: “Tratar o ser humano sem civilidade ou consideração, desrespeitar sua dignidade ou discriminá-lo de qualquer forma ou sob qualquer pretexto”.

Ao receber o diagnóstico de um tumor na laringe de maneira insensível, objetiva e precisa da Dra. Leslie, o cirurgião passa a ser paciente e ver as coisas sob um outro ângulo. Até Dr. Jack aceitar sua posição de paciente, muitos foram os episódios em que ele tentou usar de sua posição de membro do corpo clínico do hospital para obter vantagem, seja no preenchimento de documentos, na fila por consulta médica ou ao reclamar por ocupar quarto coletivo. Isto está explícito no Artigo 56º do Capítulo VII do Sexto Código de Ética Médica Brasileiro, que versa o que é vedado na relação entre médicos: “Utilizar-se de sua posição hierárquica para impedir que seus subordinados atuem dentro dos princípios éticos”. Todas aquelas exigências feitas pelo Dr. Jack foram negadas pelos funcionários do hospital, o que comprova que naquele estabelecimento imperavam os princípios éticos da justiça e da equidade. Em outra cena da obra, Dr. Jack, mesmo debilitado em decorrência de seu problema de saúde, resolve fazer um procedimento cirúrgico, ao qual se demonstrou incapaz, solicitando o auxílio de seus colegas. Isso vai de encontro ao que consta na Disposição I do Capítulo XIV do Sexto Código de Ética Médica Brasileiro: “O médico portador de doença incapacitante para o exercício profissional, apurada pelo Conselho Regional de Medicina em procedimento administrativo com perícia médica, terá seu registro suspenso enquanto perdurar sua incapacidade”. Até recuperar-se completamente, o cirurgião deveria ter se afastado de seus trabalhos enquanto médico, evitando expor pacientes a riscos, por exemplo. Ocupando a situação de paciente, Dr. Jack enfrenta, além de exames, remédios e trâmites burocráticos, a solidão, o medo, a incerteza e o desalento por que passam os doentes. É neste momento que o médico percebe que muitas vezes, o que um enfermo precisa não é de uma receita repleta de medicamentos e solicitações de exames, mas sim de uma palavra de conforto, de uma amizade e de um alguém para lhe ouvir e lhe dar conselhos. Dr. Jack começa então a orientar seus alunos de que tão importante quanto dominar os aspectos teóricos das patologias é saber enxergar o paciente como um ser humano que necessita ser escutado. Essa capacidade de saber se colocar no lugar do outro, experimentando a situação sob de vista dele, chama-se empatia, e é essencial para o bom desempenho da arte da Medicina. Diante disso, a relação médico-paciente deve ser pautada nos princípios da humanidade, respeito, cuidado com a saúde, acompanhamento, enfim, uma atenção integral voltada para o paciente, observando seus aspectos psicológicos, sociais e culturais. Tal qual vivido por Dr. Jack, todo médico é, acima de tudo, uma pessoa capaz de adoecer, ter sentimentos e que não está acima nem abaixo de ninguém. Além disso, é fundamental manter um equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional, não desprezando a família, o lazer e a espiritualidade como era característico do Dr. Jack, o qual somente valorizou estes aspectos diante da enfermidade. Por fim, a concepção tida de Medicina pelo médico só foi transformada quando ele ocupou o assento de paciente e revisou seus valores fundamentais, substituindo um olhar guiado pelo rigor técnico por um pautado pela compaixão e empatia.

REFERÊNCIAS HAINES, Randa. The Doctor: Um golpe do destino. [Filme-vídeo]. Produção de Edward S. Feldman. Direção de Randa Haines. Estados Unidos, 1991, Studio Touschstone Pictures. 122 min. AUGUSTO, Kathiane Lustosa et al. Educação e humanidades em saúde: a experiência do grupo de Humanidades do curso de Medicina da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Revista Brasileira de Educação Médica. Rio de Janeiro, v. 32, n. 1, pp. 122-126, 2008.

SUCUPIRA, Ana Cecília. A importância do ensino da relação médico-paciente e das habilidades de comunicação na formação do profissional de saúde. Revista Interface. Botucatu, v. 11, n. 23, pp. 624-627, 2007. COSTA, José. Cirurgia e música: uma relação benéfica?. Disponível em: . Acesso em 06 Set 2014....


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