Arte bizantina PDF

Title Arte bizantina
Course Historia Da Arte
Institution Universidade Federal do Ceará
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Summary

Texto sobre a influência helenística na arte bizantina e os significados por trás dos elementos da arquitetura bizantina....


Description

Arte bizantina, mosaico de tradições A influência helenística A presença do helênico como componente de sua tradição cultural manifestou-se, sobretudo, no tratamento formal das imagens. No Guia dos Pintores do Monte Athos, por exemplo, estabelece-se que, na representação do corpo humano, o mesmo deveria medir nove vezes a cabeça; já o tronco, três cabeças; o rosto, por sua vez, deveria ser dividido em três partes, tomando o nariz como módulo. A Igreja Bizantina também cuidou para que os vestidos, os rostos e as atitudes se mantivessem de acordo com a tradição clássica. Quando já ninguém no Ocidente seguia estas indicações, os artistas bizantinos as mantiveram vivas, mesmo modificando profundamente outros cânones da tradição helênica.

A arquitetura bizantina Durante seus mil anos de existência, a concepção do espaço da arquitetura bizantina e suas características principais mantiveram-se praticamente inalteradas. Mesmo tendo existido a arquitetura civil (o Palácio Sagrado e o Hipódromo de Constantinopla), a maioria dos edifícios bizantinos que vemos hoje são templos. Eles apresentam uma concepção espacial, herdada da basílica paleocristã, que apresenta uma concepção direcional do edifício desde a porta até o ponto mais importante situado no outro extremo: o altar. O altar, por sua vez, costuma estar emoldurado por uma abside que, em geral, está coberta por uma abóbada de forno. Por conseguinte, o espaço típico cristão mantém-se invariável, com uma ordenação linear que nasce no átrio, segue no nártex, continua em uma ou três naves e morre na abside, onde se encontra o altar. No entanto, diferentemente das basílicas paleocristãs, o espaço bizantino dilata-se. Entende-se por “dilatação” a sensação de amplitude do espaço interior. Ela é obtida por meio de uma tipologia construtiva abobadada, que foi difundida praticamente para toda a arquitetura bizantina desde seu início: a planta central, geralmente de cruz grega (que, às vezes, pode ser octogonal), é coberta com uma cúpula semi-esférica. Esta é sustentada por meio de perchinas, uma inovação técnica bizantina para sustentar os empurrões sobre os arcos torais. Os contrafortes e outras cúpulas de descarga também contribuem para repartir o peso da cúpula ou abóbada central. Destaca-se a tendência aos capitéis em formato tronco-piramidal invertido e a existência do cimácio, um corpo superior ao capitel, cujo formato contribui para realçar e dar elegância ao arco de meio ponto, com o qual costuma terminar a parte que sustenta o edifício. Por último, é preciso registrar a profusa decoração interior das igrejas, com pinturas e mosaicos que, junto ao jogo de luzes e a dilatação do espaço, ajudam a potencializar o caráter sagrado e irreal de seus interiores.

A função do templo bizantino O templo bizantino cumpria duas funções. A primeira era criar um espaço para reunir os cristãos durante a comemoração de seus rituais religiosos (a missa especialmente). Mas, de acordo com a liturgia oriental, era necessário um elemento novo: a iconóstase, biombo (ou grade) que separa o presbitério do povo e ao qual têm acesso os sacerdotes oficiantes em alguns momentos do ritual. Só o imperador era admitido neste recinto durante a missa. A segunda função era a de desempenhar um papel simbólico na arquitetura do templo. Os edifícios eram orientados para o leste, direção na qual nasce o sol e na qual o pensamento religioso situa o paraíso terreno perdido. A luz solar é interpretada como uma presença intangível da divindade, que se manifesta a cada dia no Oriente e que, no final da vida, atrairá o homem para o novo paraíso, o céu prometido. O dia é o símbolo da vida e da história. Começa com o nascer do sol (“sol salutis”, sol de salvação) e acaba no pôr do sol (“sol iustitiae”, sol de justiça, momento da morte e do julgamento da vida por Deus). O templo era concebido também como um espaço sagrado, um lugar privilegiado que criava na terra uma imagem do céu. A cúpula central era o símbolo da abóbada celeste, onde habitam Deus e seu filho Jesus Cristo. Deus tinha se revelado através dos quatro evangelistas, que costumavam ser representados em cada uma das perchinas. Nos ofícios religiosos, o imperador sentava exatamente no espaço central, embaixo da cúpula, para evidenciar seu caráter de representante de Deus na terra.

A temática e as formas As pinturas e os mosaicos bizantinos caracterizaram-se por representar figuras humanas de frente, hieráticas e

rígidas. Elas não eram concebidas em sua forma natural. Além disso, o espaço e o volume dos corpos eram completamente ocultos pelas roupagens. Apesar da espiritualização das figuras, estas mantiveram certa tradição clássica. Os corpos têm um cânone ou uma medida fixa da tradição helênica, e os rostos — especialmente no Pantocrator — inscrevem-se em três círculos concêntricos: o primeiro circunscreve o rosto; o segundo, os cabelos, incluída a barba; e o terceiro, a aura ou auréola. Por ser uma imagem exclusivamente religiosa, limitava-se a representar Cristo, a Virgem, a vida dos santos e alguns temas bíblicos ou teológicos.

Os significados Por meio dos elementos formais, o artista bizantino, de acordo com o que pedia a Igreja, tentava prescindir da realidade física para expressar o transcendental. Os corpos não seguiam um modelo real; na verdade, eram a representação intelectual de verdades teológicas. Em geral, fugiu-se de todo didatismo e, por isso, não eram narradas cenas, mas criadas imagens para manifestar os significados profundos das verdades teológicas. Os ícones ou mosaicos não representavam peculiaridades fisionômicas — apenas as do imperador, as da imperatriz ou as dos altos funcionários —, mas eram protótipos da santidade. Tratava-se de expressar em realidades imóveis a invariabilidade eterna das verdades teológicas. Por esta razão, o artista bizantino não se importava com as desproporções entre personagens, desde que fossem expressas a maior importância de uns em relação aos outros. As atitudes eram estilizadas e antinaturais. Os poucos objetos ou elementos naturais, quando apareciam, não se relacionavam com o cotidiano, mas com a necessidade de significação, e, por isso, eram reduzidos a formas geométricas e estereotipadas. Até mesmo as proporções podiam ter um significado. Assim, por exemplo, os três círculos concêntricos no design do Pantocrator expressam o mistério da Trindade, segundo o qual Deus é uma só divindade e, ao mesmo tempo, três entes diferentes (Pai, Filho e Espírito Santo)....


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