Title | Juvenilidade e Maturidade |
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Course | Fisiologia do Crescimento e Desenvolvimento Vegetal |
Institution | Universidade Federal de Lavras |
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Resumo sobre a Juvenilidade e Maturidade em vegetais...
Juvenilidade e Maturidade
Características
Após a germinação, a maioria das plantas entram numa fase rápida de
desenvolvimento vegetativo, caracterizada pela inabilidade reprodutiva, denominada de “juvenilidade”.
A duração desta fase varia amplamente, desde poucos dias (no caso de
algumas espécies herbáceas), até muitos anos (como em algumas espécies lenhosas). O bambuzeiro e as sequóias podem apresentar características morfofisiológicas da juvenilidade por um período de 12 até 70 anos, respectivamente.
A juvenilidade pode ser de dois tipos:
(a) juvenilidade quantitativa: quando a planta está apta para o
florescimento, necessitando apenas de um estímulo externo para que o fenômeno ocorra;
(b) juvenilidade qualitativa: quando a planta não está apta para a
floração, independente de qualquer estímulo externo.
Embora a fase juvenil esteja quase sempre relacionada à incapacidade
de produzir flores, a floração, não é, em alguns casos, o melhor parâmetro para indicar o fim da juvenilidade ou o início da maturidade, pois, mesmo plantas que completam sua fase juvenil, podem não florescer, pela razão de não disporem de condições ambientais adequadas.
Além da inabilidade de produzir flores, as fases juvenil e adulta podem
diferir, em várias outras características como: forma e espessura da folha, filotaxia (disposição das folhas no ramo), espinhosidade, resistência à doenças, potencial para formar raízes adventícias, retenção de folhas no outono, conteúdo de pigmentos, entre outras características que também devem ser consideradas.
Sob o ponto de vista ecológico, o período juvenil pode ser considerado
sob dois aspectos.
O primeiro que pode consistir-se numa vantagem seletiva, onde uma
quantidade mínima de tecido fotossintético é requerido para que a floração ocorra.
Isso parece garantir que o florescimento não irá ocorrer até que a planta
atinja um tamanho apropriado e apresente plenas condições de suportar a grande
demanda energética requerida para o florescimento e, consequentemente, para a produção de frutos e de sementes.
Por outro lado, plantas que necessitam de um estímulo ambiental para
florescer, permanecem no estádio vegetativo, se esta condição não for satisfeita.
Transição da juvenilidade para a maturidade
Mudanças morfológicas
Uma das expressões morfológicas observada com maior evidência é a forma apresentada pelas folhas. Em angiospermas, as folhas juvenis são geralmente simples enquanto as folhas adultas são compostas. Algumas plantas, durante a passagem para o estádio adulto chegam a apresentar até 8 formas foliares. Podem ocorrer ainda mudanças quanto a tamanho, cor, orientação, textura, espessura e filotaxia das folhas. A presença de espinhos, característica comum em plantas juvenis de Citrus, retenção de folhas em ramos jovens de plantas decíduas (relacionados arquitetura da copa), são também exemplos de características morfológicas associadas à fase juvenil.
Mudanças fisiológicas
Redução na habilidade para o enraizamento. Aumento na capacidade de florescimento. Síntese de alguns pigmentos, principalmente de antocianinas. Alterações nas taxas de crescimento e no hábito de crescimento.
Alterações na resistência à doenças.
Estacas de ramos juvenis muitas vezes enraízam mais rapidamente do que estacas provenientes de ramos adultos. O aumento da idade está associado com um decréscimo na altura do ramo principal, mas não há uma transição abrupta nas taxas de crescimento, mas uma redução gradual.
Mudanças anatômicas
Folhas adultas apresentam um grau mais elevado de diferenciação celular que as juvenis. Epiderme com camada cuticular delgada e alta densidade estomatal são também relatados em folhas de ramos juvenis.
Expressões químicas
Plantas jovens quando comparadas às adultas apresentam menores concentrações de amido, açúcares solúveis, minerais, fibras, proteínas e compostos nitrogenados, dentre outros. Como uma planta cresce no sentido vertical, diferenças estruturais ao longo do seu eixo principal, podem refletir a mudança gradual de tipos juvenis para adultos (as partes basais conservam a condição juvenil). Alguns autores atribuem este gradiente de maturidade ao progressivo envelhecimento dos meristemas do topo da árvore a medida que eles crescem. Os meristemas maduros estão por esta razão no ápice das árvores e extremidades de ramos mais longos.
Características juvenis Folhas palmadas com 3 ou 5 lobos Filotaxia alternada Pigmentação pela presença antocianina nas folhas e caules Caules pubescentes Hábito de crescimento
de
Características adultas Folhas ovais, inteiras Filotaxia espiral Ausência de pigmentação
antocianina Ausência de pubescência trepador Hábito de crescimento ortotrópico
plagiotrópico Crescimento indeterminado e ausência
Crescimento determinado
de gema terminal Fácil enraizamento de estacas Ausência de flores Presença de raízes aéreas
Difícil enraizamento de estacas Presença de flores Ausência de raízes aéreas
Chave para o florescimento ou obtenção da maturidade
A transição para a fase adulta é geneticamente determinada.
por
No entanto, em muitas espécies, o florescimento só ocorre em um período particular do ano, ou seja, é influenciado pelas condições ambientais. Dentre os fatores ambientais, o fotoperíodo e a temperatura são considerados os mais importantes e até mesmo limitantes. As plantas florescem em períodos amplamente diferentes, indicando que a idade da planta é um dos fatores internos que controlam a “chave” para o desenvolvimento reprodutivo. Condições ótimas para obtenção da maturidade são aquelas que permitem um rápido desenvolvimento vegetativo, fazendo com que a planta atinja um tamanho mínimo, no qual a transição seja possível. Assim, a obtenção de um tamanho adequado, parece ser mais importante do que a idade cronológica da planta na determinação da transição para a maturidade. Quando isto ocorre, a exposição a um indutor (fator ambiental) adequado resulta no desencadeamento do processo de florescimento. Embora o tamanho possa ser o fator mais importante, não está claro qual é o componente crítico associado ao tamanho para a obtenção da maturidade. Talvez, plantas com um tamanho suficiente, ou com um número adequado de folhas, transmita sinais indutores do florescimento para os ápices. Evidências indicam que, em resposta ao estímulo externo (por exemplo, fotoperíodo), uma substância química ou um hormônio, o qual foi hipoteticamente denominado florígeno, é produzido e transportado juntamente com os fotoassimilados para as gemas vegetativas, promovendo a diferenciação das gemas e induz o florescimento. A comprovação desta hipótese não foi ainda obtida pelo fato de que o florígeno não foi ainda isolado e identificado. Alternativamente, o próprio ápice pode sofrer a transição para a maturidade, como se ele estivesse programado para iniciar o desenvolvimento floral após completar uma quantidade finita de desenvolvimento vegetativo. Outras evidências indicam, no entanto que, nas plantas existe a presença de um inibidor, produzido pelas raízes, transportado via xilema, transmissível através da enxertia, que controla a iniciação de meristemas competentes a florescer.
Um distanciamento fisiológico mínimo dos meristemas do ramo em relação aos inibidores florais produzidos pelas raízes, poderiam explicar esta dependência da habilidade para florescer com relação ao tamanho da planta....