Paul Kennedy Ascensão e queda das grandes potências: transformação econômica e conflito militar de 1500 a 2000 - Resenha PDF

Title Paul Kennedy Ascensão e queda das grandes potências: transformação econômica e conflito militar de 1500 a 2000 - Resenha
Author Douglas Moreira
Course História Das Relações Internacionais Ii
Institution Universidade Federal de São Paulo
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Resenha do capítulo A Ordem Internacional do Pós-Guerra...


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Universidade Federal de São Paulo Escola Paulista de Política Economia e Negócios KENNEDY, Paul. Ascensão e queda das grandes potências: transformação econômica e conflito militar de 1500 a 2000. Lisboa: Publicações Europa-América, 1997, pp. 320-337 (“A ordem internacional no pós-guerra”) Trabalho de relatório de leitura crítica da disciplina de História das Relações Internacionais II – História contemporânea do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo elaborado durante o segundo semestre de 2017. Douglas Moreira Costa1

O texto de Paul Kennedy trata do período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, em que o autor dá um panorama geral da situação política, econômica e social nos países envolvidos na primeira guerra. O autor analisa as consequências econômicas e políticas pós-1918 e a crise de 1929 na construção de um ambiente fecundo para a eclosão da guerra em 1939. Kennedy fala do novo sistema emergido no pós-PGM (Primeira Guerra Mundial), em que o equilíbrio de forças havia sofrido uma mudança, com a potência estadunidense surgindo como um novo polo de poder importante, além da criação da Liga das Nações. Essas duas realidades são muito importantes para entender o mundo que se mostrou após esse conflito, em que a Europa não era mais o único centro mundial de poder e se via arrasada economicamente, apesar de, como dito por Kennedy, haver uma impressão nos anos 20 – dada a recuperação econômica europeia e a criação da Liga das Nações – de que a “cena diplomática parecia ter voltado ao normal”. A criação da Liga das Nações, não obstante, não era sinal de um mundo coeso e destinado à dissolução dos conflitos por meio de diálogos multilaterais, mesmo que assim parecesse para algumas nações. Os Estados Unidos, que propuseram a criação da Organização, não participaram dela – o que é um fato importante, uma vez que era uma potência mundial relevante –, entrando em uma fase de isolamento, sem tomar para si grandes responsabilidades internacionais.

1 Aluno do 4° termo do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo

Além disso, a Liga não dava conta de conter os sentimentos revisionistas nos países perdedores da guerra, principalmente no período pós-1929, em que as populações passaram a sofrer ainda mais com problemas econômicos. As marcas deixadas pela passagem do conflito eram visíveis, com a morte significativa de parte da população ativa economicamente, com a quebra da taxa de natalidade, milhões de homens incapacitados.

Isso

deixou

as

populações

insatisfeitas

com

sentimentos

antidemocráticos, que deu margem à ascensão de regimes autoritários e nacionalistas nas democracias frágeis – como era o caso alemão, aponta Paul Kennedy. A cena pós-PGM era fértil para a criação de sentimentos contrários ao status deixado após o Tratado de Versalhes. Os custos materiais e humanos foram devastadores e muitos países não conseguiam pagar as dívidas externas contraídas para fazer a guerra, pois a maioria deles ao invés de aumentarem os impostos para arrecadar dinheiro para financiar o conflito (como foi o caso dos estadunidenses e ingleses, aponta Kennedy), pediram empréstimos a outros países e se afundaram em dívidas. Muitas nações começaram a exigir o pagamento das indenizações pela Alemanha, que afirmava não poder pagar as quantias que eram exigidas, fomentando assim um cenário de “disputas amargas”. Depreende-se disso um cenário de insatisfações, em que as perdas superavam os ganhos do fim da guerra e que apenas alimentava os sentimentos nacionalistas e davam espaço para a ascensão de projetos políticos totalitários. Kennedy cita os Frontsoldaten na Europa que mantinham sentimentos de desilusão causados pelo desemprego e o status do mundo deixado pela PGM, guardando sentimentos positivos acerca dos valores marciais, a camaradagem de guerreiros, a emoção da violência e da ação. Isso é sintomático do cenário que se desenhava, demonstrando um clima fecundo para o apoio a uma eventual guerra de cunho revisionista. Cita ainda que creditavam ao internacionalismo wilsoniano uma falsidade, que era uma ideia ultrapassada. Além desse clima, havia uma certa negligência aos sintomas dessa guerra, com a atenção de grandes potências voltadas para questões mais internas ao invés de perceberem as movimentações no equilíbrio de poder no continente europeu – uma “agitação colonial” nas décadas de 1920 e 1930, por exemplo, seria um dos fatores de desvio dessa atenção. Há também a questão alemã, que não fora totalmente resolvida com o Tratado de Versalhes e o fato de as potências terem deixado de lado a manutenção do equilíbrio de poder que tentava restringir o expansionismo alemão.

O período entreguerras pode ser lido, dessa forma, como um período em que o cenário político, econômico e social apresentavam fissuras que não foram fechadas com o encerramento da PGM – algumas delas foram até reforçadas pela conclusão do Tratado de Versalhes –, criando um terreno fértil para a manutenção e o surgimento de sentimentos nacionalistas e revisionistas, e a construção de Estados que eram uma verdadeira máquina de guerra sob regimes ditatoriais. Esse período não apresentou paz no Sistema internacional como propôs os 14 Pontos de Wilson, mas, pelo contrário, deu margem para um mundo muito mais facilmente lido pelas correntes realistas que surgiriam, um mundo conflituoso, de busca por poder e com estruturas frágeis que eclodiriam na Segunda Guerra Mundial. A virulência dos conflitos iniciados em 1939 tinha raízes muito mais profundas do que a busca por poder, era também uma continuação da Primeira....


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