Prova de Psicanálise - Caso Clínico PDF

Preview

Summary

Prova realizada para a disciplina de Clínica Psicanalítica, ministrada pelo professor Julio Fernandes do UNIBH....

Description

CURSO DE PSICOLOGIA CLÍNICA PSICANALÍTICA I – D1 PROF. JÚLIO FERNANDES

Assista o curta-metragem “O vendedor de fumaça” (https://www.youtube.com/watch? v=hkNhuGfbceI) e responda o que se pede: Questão 1 – Relacione o enredo da animação com a problemática da inserção das pessoas no dispositivo da análise e o estatuto da palavra nessa operação. O vídeo mostra um jovem que ao chegar a um certo vilarejo, encanta a população com suas mágicas de fumaça e, fazendo truques de ilusão, consegue atender aos desejos e necessidades da população, tornando-os mais felizes e ao mesmo tempo, um herói. Circunscrito no sentido originário, a inserção das pessoas no dispositivo da análise, traz à tona a questão dos discursos, ou seja, o discurso da promessa, da felicidade fácil, do tudo está a seu alcance. O desejo do jovem foi definido como função diretiva que emergiu na população do vilarejo como sujeitos e ao engana-los, fugindo da neutralidade, foi produtor de desejos que atravessavam aquilo que era passado no discurso do jovem e criando significações imaginárias na população do vilarejo. Questão 2 – Relacione as ofertas de soluções pelo vendedor de fumaça à posição do analista “em formação”, como isso pode ser resolvido na prática clínica? Através de seu discurso, o vendedor de fumaça apresenta à população do vilarejo a execução de seus desejos materiais, cujos os quais se inscrevem no campo do imaginário, criando com esses estímulos, representações de seus objetos de satisfação, da ideação e acabam gerando angústia ao serem desfeitos pela chuva e, consequentemente, uma ralação com a falta. Ao formular a posição do analista em formação, se faz necessário levantar que o desejo do analista na prática clínica, é unívoca a uma função diretiva na análise, sendo definido como desejo de manter a oposição entre demanda e desejo. Ao contrário do vendedor de fumaça, o analista deve formular a diferença entre o ideal e o objeto, função que estabelece a política de direção da cura, como formulado no ensino de Lacan. Questão 3 – Compare o momento no qual a primeira senhora (quando ainda não havia “clientes” interessados) está incomodada com o “som” e indiferente às ofertas do vendedor de fumaça com o segundo momento no qual, aceita as soluções. O que foi decisivo nessa mudança? Inicialmente, no primeiro momento, em que a senhora interage com o vendedor de fumaça, ele tenta atrair a atenção dela através da música e ao transformar um objeto em um buquê e oferecer a ela, não ia de encontro com o seu desejo no momento, além de a música lhe causar incômodo. Ao transformar um galho em um avião de brinquedo, o jovem vendedor de fumaça transforma algo que estava no campo imaginário da criança em “real”, dando outra significância a representação do objeto e, quando a senhora percebe esta postura do vendedor de fumaça de escuta em relação ao seu lugar de fala (dos desejos), ao perceber que o desejo de outra pessoa foi atendido, passou a se tornar um sujeito desejante também, trazendo à tona o seu objeto causa do desejo. Questão 4 – O que o final da animação tem a ver com a ideia de desejo do analista e com a ideia de formação em análise? O vendedor que, anteriormente chega à cidade oferecendo uma mercadoria extraordinária, que os sonhos de seus habitantes poderiam ser concretizados, ao se deparar com moradores que não têm tempo para fantasiar mais, ocupados com suas tarefas, tenta desbloquear o potencial de atrair e ganhar algum dinheiro para que antes que, como todo sonho, tudo se

CURSO DE PSICOLOGIA CLÍNICA PSICANALÍTICA I – D1 PROF. JÚLIO FERNANDES

desvaneça. Ao final da animação, o jovem, transforma-se em um velho que assumira aquela aparência e adotava uma postura convincente de cumprir os desejos da população local e acabou tirando proveito da situação, por dinheiro e benefício próprio. O percurso da formação psicanalítica para o sujeito se faz como uma longa preparação, o resultado a sustentação do desejo do analista em sua função diretiva na clínica. Sustentação esta, que exige um esforço, a partir de uma exigência ética, uma constante disciplina cultivada a cada avanço da sua formação psicanalítica, conforme apontado por Lacan ao apontar os estudos acerca do desejo do analista. O desejo do analista é definido como desejo de manter a oposição entre demanda e desejo, estabelecendo uma função diretiva na clínica, estabelecendo uma direção operativa, com uma condição subjetiva própria e estudos da prática clínica que fornecem as ferramentas conceituais que instrumentalizam as mãos do operador. É parte integrante na relação com o analisado, onde vai além do desejo do analisando, sendo uma forma de instigar a construção do paciente. Durante a trajetória do vídeo mostra a compreensão do vendedor de fumaça da necessidade de não impor o saber sobre o outro e sim permitir que as pessoas expressem seus desejos. E no final demonstra que o papel do vendedor de fumaça não é realizar o desejo das pessoas, mas sim que as pessoas daquela vila pudessem compreender qual é o seu desejo e qual a responsabilidade diante deste desejo....