Resenha 03 Sto. Agostinho de Hipona, De Trinitate IX, X e XII PDF

Title Resenha 03 Sto. Agostinho de Hipona, De Trinitate IX, X e XII
Course Filosofia medieval I
Institution Universidade Federal da Paraíba
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Resenhas que valem pontos para o bimestre....


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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA Disciplina: História da Filosofia Medieval I Professor: Anderson D'Arc Ferreira Aluno: Mat.: Período: 2017.2 Resenha 03: Santo Agostinho de Hipona, De Trinitate IX, X e XII Fonte: SANTO AGOSTINHO. A Trindade. 4. ed. Trad. Agustinho Belmonte. São Paulo: Paulus, 2008. (Coleção Patrística, 7). Nascido no ano de 354 em Tagaste, na Numídia, Aurélio Agostinho converteu-se tardiamente ao cristianismo, tendo sido batizado em 387, juntamente com seu filho Adeodato, pelo bispo Santo Ambrósio. Admitido às ordens sacras em 391, em 395 recebeu a plenitude do sacerdócio, tendo exercido seu ministério episcopal em Hipona. Autor de numerosos escritos de diversos gêneros, Santo Agostinho é, sem dúvida, o maior expoente da patrística. “A sua obra-prima dogmático-filosófico-teológica é A Trindade (399-419)” (REALE; ANTISERI, 2007, p. 433), escrita em quinze livros, nos sete últimos dos quais o doutor da graça trata de matérias eminentemente filosóficas, desenvolvendo a máxima credo ut intelligam (VIII,5,8; IX,1,1), que constituiria o mote da filosofia cristã. Analisaremos aqui os livros IX, X e XII, nos quais, voltando-se para a alma humana Agostinho busca “vestígios da Trindade” (vestigia trinitatis in creatura). Não é fora de si que os homens devem buscar: “Empenham-se em caminhar por sendas exteriores e abandonam o seu interior, no íntimo do qual está Deus” (VIII,7,11). Sabendo que é possível encontrar vestígios da Trindade nas criaturas e no homem, Santo Agostinho investiga em que parte do homem reside exatamente aquilo que o diferencia dos demais animais. É nesta parte que se encontrarão não meros “vestígios de Deus”, mas também Sua “imagem e semelhança” (Gênesis 1,26). Livro IX: Mens et amor et notitia eius: Na parte mais elevada da alma, isto é, a mente (cf. XIV,8,11;XV,7,11) Santo Agostinho busca tríades que sejam análogas a Trindade, isto é, conjuntos de três realidades que subsistam separadamente sendo iguais e de mesma essência. Parece tê-la encontrado no amor, que consiste de três realidades: o que ama, o que é amado e o próprio amor. No entanto, o exame dessa tríade revela que ela não existe sempre: quando aquele que ama, ama a si mesmo, o que ama e o que é amado coincidem, havendo apenas dois elementos: o que ama (e é amado) e o próprio amor. Aquele que ama corretamente, no entanto, amará aquilo que há de mais elevado em si: sua mente, imagem imperfeita do Criador (cf. IX,2,2). Mas não se pode amar aquilo que se não conhece: “A mente não se pode amar a si mesma, se não se conhecer a si mesma, pois como haveria de amar o que não conhece?” (IX,3,3). Eis a primeira tríade: “... a mente (mens), o seu amor (amor) e o seu conhecimento (notitia) – três realidades que “pertencem a uma única e mesma essência” (IX,4,7). Conhecer algo corretamente (e consequentemente amar aquilo que se conhece), implica em formar desse algo, em si, uma imagem que é transmitida a outrem pela linguagem, isto é, o verbo interior (verbum mentis). Quando o objeto do amor é uma coisa espiritual o simples fato de conhecermos tal coisa nos torna possuidores dela. Neste caso o verbo interior é gerado pela caridade. Quando o objeto do amor é uma coisa carnal ou temporal, não basta conhecê-la, é preciso conhecê-la e possuí-la, e possuí-la cada vez mais. Neste caso o verbo 1

interior é gerado pela concupiscência. Livro X: Memoria et intelligentia et voluntas: Aqueles que buscam conhecer algo sempre sabem alguma coisa daquilo que desejam conhecer, visto que “o que se ignora totalmente não se pode amar de forma alguma” (X,1,1). A alma conhece a si mesma inteiramente, e o preceito de conhecer-se a si mesma (conhecer no sentido de pensar) é dado à alma para que viva conforme a sua natureza, colocando-se abaixo de Deus e acima do corpo. Quando a alma não pensa a si mesma corretamente, engana-se e “julga-se ser um corpo” (X,7,9). Este é o erro daqueles que defendem a corporeidade da alma. Pesquisando a natureza da alma humana Santo Agostinho encontra nela outra tríade, a qual parece prestar-se melhor à analogia trinitária do que a anterior, desequilibrada pela adição do conceito de verbum mentis. A tríade é composta das faculdades mentais: memória (memoria), inteligência (intelligentia) e vontade (voluntas), que constituem uma única essência ou substância apesar de serem três realidades distintas (cf. X,11,18). Santo Agostinho menciona também, apenas de passagem, uma terceira tríade: “o talento ( ingenium), a ciência (doctrina) e o uso (usus)” (X,11,17). Livro XII: Homo interior et exterior: Prosseguindo na investigação acerca da natureza humana Santo Agostinho estabelece a distinção entre homem exterior e homem interior. Não apenas o corpo, mas também tudo o que na alma humana existe em comum com os demais animais pertence ao homem exterior. A alma racional constitui o homem interior. Na alma racional, por sua vez, existem duas funções: a superior (razão da contemplação) e a inferior (razão da ação). A razão inferior “se ocupa da ação das coisas temporais e corporais” (XII,3,3). Com a razão superior “aderimos à verdade superior inteligível e imutável” (XII,3,3). A razão superior deve estar voltada para Deus, para a contemplação. Deve também, governando as realidades temporais e corporais, dirigir a ação. Na razão inferior e no homem exterior é possível encontrar analogias trinitárias, no entanto, a parte do homem que responde por ser “imagem de Deus” é a razão superior, que se encontra em todo ser humano, seja ele homem ou mulher. Existe na parte superior da alma humana uma gradação de semelhança com a divindade: quanto mais se ocupa das coisas divinas mais semelhante a Deus ela se torna. A mulher, chamada auxiliar do homem pelas Escrituras, representa a razão inferior, que deve estar sob o domínio da razão superior. Isso é simbolizado pelo preceito, dado à mulher, de cobrir a sua cabeça (1Cor 11,7), enquanto que ao homem isto é vetado: a razão inferior deve ser contida pela superior. Estabelece-se ainda a distinção entre sabedoria ( sapientia), isto é, “conhecimento intelectivo das coisas eternas” (XII,15,25) e ciência (scientia), ou seja, “conhecimento racional das coisas temporais” (XII,14,22). O doutor da graça cumpre assim o seu intento, por nós anunciado no início deste trabalho, de encontrar na alma humana vestígios da Trindade, mas de encontrar também aquilo que é mais elevado, isto é, não apenas meros vestígios, mas a própria estrutura presente no homem que torna-o imagem e semelhança do Criador. Referências: SANTO AGOSTINHO. A Trindade. 4. ed. Trad. Agustinho Belmonte. São Paulo: Paulus, 2008. (Coleção Patrística, 7). REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia: Antiguidade e Idade Média. 10. ed. São Paulo: Paulus, 2007. 2...


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