Resenha \"Economia Política: Uma introdução\" de josé Paulo Netto e MArcelo Braz PDF

Title Resenha \"Economia Política: Uma introdução\" de josé Paulo Netto e MArcelo Braz
Author Amanda Santos
Course Economia Política
Institution Universidade Federal do Pará
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Resenha "Economia Política: Uma introdução" de josé Paulo Netto e MArcelo Braz...


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PAULO NETTO, J; BRAZ, Marcelo. Economia Política: uma introdução crítica. P.29-51. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2008. 1. Credenciais dos autores José Paulo Netto possui graduação em Serviço Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1969) e doutorado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1990). Tem experiências na área de Serviço Social, com ênfase em Serviço Social e Marxismo. Atualmente é professor emérito e vice-diretor da Escola de Serviço Social da UFRJ. Possui inúmeras obras publicadas como livros, artigos e muitos outros. Marcelo Braz é também professor da faculdade de Serviço social da UFRJ, por onde possui doutorado em Serviço Social. Tem experiência na área de fundamentos da vida social, atuando principalmente nos seguintes temas: Crítica da Economia Política; projeto ético-político; capitalismo contemporâneo; marxismo e socialismo. Outras obras suas são “Partido e Revolução ” e “Carlos Nelson Coutinho e a renovação do marxismo no Brasil”. 2. Resumo 2.1. Capítulo 1: Trabalho, sociedade e valor O capítulo começa, assim como já é indicado na introdução, com forte influência marxista. O objetivo da Economia Política traçado pelos autores, por exemplo, parte dessa perspectiva, sendo definido como a análise das relações sociais que regulam a atividade econômica, principalmente a produção e a distribuição de bens como meios de satisfação das necessidades materiais dos homens e de geração da riqueza social. Para Paulo Netto e Braz, o que torna possível a existência da produção desses bens e, portanto da riqueza social é o trabalho, pois ele constitui a base da atividade econômica. Desta forma, é dado ao trabalho, neste capítulo, enfoque especial, onde ele aparece não apenas como uma categoria econômica, mas principalmente como um aspecto importante à compreensão do fenômeno humano-social. Partindo da idéia de que trabalho é o processo de transformação da matéria natural em produtos que satisfaçam as necessidades do homem, no primeiro tópico,

intitulado “Trabalho: transformação da natureza e constituição do ser social ”, há a abordagem de duas temáticas em especial: a distinção entre trabalho e atividades naturais e o trabalho como tarefa exclusiva da espécie humana, responsável pela constituição do ser social. Primeiramente, são apresentadas as características gerais das atividades naturais, para depois fazer a distinção destas em relação ao trabalho. São elas : determinação genética, relação imediata entre o animal e o meio ambiente e necessidades biologicamente estabelecidas, as quais são praticamente invariáveis. Apresentam-se então as distinções entre estas atividades e o trabalho. Diferentemente do que ocorre na natureza com os animais, o trabalho é considerado como uma categoria desenvolvida exclusivamente por homens, que agem sobre a natureza de forma mediada e não imediata, ou seja, atuam sobre a mesma com a ajuda de instrumentos. Igualmente, nesse processo, não se obedece a determinações genéticas, pelo contrário, exigem-se conhecimentos adquiridos por meio da experiência e repetição, os quais atenderão a uma infinidade de necessidades que variam ao longo do tempo e do espaço, não sendo desta forma, invariáveis. Para melhor compreender a distinção do trabalho de qualquer outra atividade natural, toma-se como referência Marx. Ele reafirma o que já foi dito anteriormente e ainda pondera que a principal diferença consiste no fato de que o trabalho é pensando previamente pelo homem, isto é, “Ele não apenas efetua uma transformação da forma da matéria natural; realiza, ao mesmo tempo, na matéria natural, o seu objetivo” (Marx, 1983 apud PAULO NETTO; BRAZ, 2008, p.31). O fato de objetivar o resultado do trabalho mentalmente é uma das exigências postas pelo trabalho. A partir disto, pontua-se que a relação mediada por instrumentos entre o homem e a natureza apresenta dois problemas ao sujeito que executa o trabalho: o das finalidades (meios e fins) e o das escolhas, os quais são essenciais para a efetivação do trabalho em si e sua compreensão como tarefa exclusiva dos homens. Outros pontos assinalados neste tópico são o conhecimento que o homem possui sobre as propriedades da natureza e a capacidade de transmiti-los a terceiros. Por

isso, os autores apontam também como exigências do trabalho a tendência de universalizar os saberes adquiridos e o repasse de conhecimentos por meio de um sistema de comunicação denominado por eles como linguagem articulada. Essa linguagem articulada torna-se mais importante, porque o trabalho é aceito como algo coletivo, o que exige a coletivização tanto do conhecimento como e principalmente da realização de atividades entre os membros de uma espécie. É nisto, em especial, que se assenta a segunda temática deste tópico. O caráter coletivo da realização do trabalho é considerado, pelos autores, como o responsável pelo surgimento da humanidade e, portanto do homem como ser social, pois as exigências desta prática, citadas anteriormente, fazem com que a partir deste momento o homem comece a se diferenciar da natureza. É neste debate que se finaliza o primeiro tópico. Em continuidade, o segundo tópico, trata de forma mais aprofundada da questão do surgimento da humanidade e do ser social a partir da prática do trabalho. Inicialmente, afirmam que a sociedade não pode existir sem a natureza, pois necessita dela para sua reprodução. Em seguida, é dado o conceito de natureza, donde se pode compreendê-la como o conjunto de seres do universo, tanto os que existiram, como os que continuam a existir e os que ainda aparecerão. É demonstrada também sua divisão, em níveis orgânico e inorgânico, e são utilizadas explicações científicas para mostrar como a diversificação desses níveis, por meio de um longo caminho evolutivo, fez surgir o ser vivo. Os autores pontuam que, pelo exercício do trabalho, emerge a espécie humana e com ela, o ser social. Desta forma, mais uma vez, o trabalho é visto como responsável pela transformação dos primatas em humanos, pois se acredita que é por meio dessa atividade que aqueles seres determinaram o surgimento de relações e incrementos que não existiam na natureza. É por isso que é afirmado que pelo trabalho, uma espécie natural se transforma em algo diverso da natureza, sem deixar de participar da mesma, e se torna humano, ser social. Assim, o homem, fazendo uso do trabalho, não somente modifica a natureza, mas modifica igualmente a si mesmo e, desta forma, se auto-produz. Este fenômeno

é indicado pelos autores como o processo da História, na medida em que o desenvolvimento do ser social confunde-se com a própria história da humanidade. Referências são feitas ao fato de que com o desenvolvimento do ser social, reduz-se o peso das tendências naturais na vida do homem. E também é afirmado que este desenvolvimento diversifica o aparecimento de novas objetivações, que podem ser entendidas como a construção de realidades externas necessárias ao homem, como é o caso da arte e da filosofia. Finaliza-se o segundo tópico quando da particularização do ser social em 7 pontos que representam as suas determinações estruturais. Estes pontos também comprovam que este ser não se assemelha com o ser natural (orgânico ou inorgânico), pelo contrário, somente pode ser identificado como homem, o qual se revela em um formato dinâmico, não eterno, histórico, e não a-histórico e sempre variável. No terceiro tópico, a abordagem ganha outros horizontes. O desenvolvimento do ser social é tratado não somente nos limites do trabalho, mas também em outras objetivações, como a arte, a filosofia, a ciência, etc. Embora o trabalho seja considerado a objetivação primária e modelo, a criação de novas objetivações fazem-se necessárias para provar que o ser social não se esgota no trabalho. Daí, falar-se neste tópico em práxis, isto é, categoria abrangente de todas as objetivações humanas. A práxis aborda tanto formas voltadas ao controle e exploração da natureza (trabalho) como formas que influenciam o comportamento e ação do homem. É por isso que é dito que os produtos da práxis são matérias advindas do trabalho e idéias da ciência, da arte, da filosofia. Estes produtos, conjuntamente, constituem o universo de obras e valores que em definitivo converte a espécie humana em gênero humano. Em seguida, no entanto, é assinalado que nem todos os produtos da práxis são benéficos ao homem. Pelo contrário, em sociedades em que as determinações histórico-sociais são regidas pela divisão social do trabalho e pela propriedade privada, as objetivações, sejam elas materiais ou ideais, aparecem como um poder

superior que controla o próprio homem, passando a dominá-lo. Isto é apontado pelos autores como o próprio fenômeno histórico da alienação. A problemática levantada, nesse sentido, é que quando as objetivações humanas são alienadas, elas deixam de promover a humanização do homem, fazendo com que o ser social regrida. É por isso que se afirma que em sociedades marcadas pela alienação, o processo de incorporação das objetivações pelo ser social é desigual e, portanto nem todos os homens possuem condições iguais de se humanizar. Isto ocorre, na visão dos autores, porque a sociedade é marcada por intensas desigualdades, as quais implicam na geração da riqueza subjetiva de cada homem, já que ela depende da quantidade de objetivações que ele pode se apropriar. Ainda é posto que somente haverá condições igualitárias de desenvolvimento social para todos, quando não existir exploração e alienação na sociedade. O capítulo é finalizado pelo último tópico que, na verdade, retoma considerações iniciais com o intuito de demonstrar a importância do trabalho como categoria social e econômica à Economia Política e ao posterior desenvolvimento da obra. Para tanto, utilizam-se de autores como Smith, Ricardo e Marx, para apresentar a temática do trabalho e do valor, a qual estará vigente nos próximos capítulos do livro. Da mesma forma, ainda há uma crítica final direcionada ao meio acadêmico de parte das Ciências sociais que defende “o fim do trabalho” em decorrência do aumento do desemprego e da redução da demanda de trabalhadores. Tanto Paulo Netto quanto Braz não concordam com tal afirmação, pois acreditam que desta forma, as disciplinas acadêmicas acabam contribuindo com a sociedade capitalista que não consegue propor alternativas progressistas e humanizadoras em vista a solucionar os problemas vigentes na sociedade relacionados ao trabalho.

3. Análise Crítica...


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