Resumo dos capítulos \"O Feiticeiro e sua Magia\"; e \"A Eficácia Simbólica\", ambos de Claude Lévi-Strauss PDF

Title Resumo dos capítulos \"O Feiticeiro e sua Magia\"; e \"A Eficácia Simbólica\", ambos de Claude Lévi-Strauss
Author Marcos Antônio
Course Antropologia III CS
Institution Universidade Federal do Tocantins
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UFT (UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS) CAMPUS DE TOCANTINÓPOLIS CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

FICHAMENTO Antropologia Estrutural (Claude Lévi-Strauss) IX. O Feiticeiro e sua Magia X. A Eficácia Simbólica

NOME: MARCOS ANTÔNIO COELHO DA SILA DISCIPLINA: ANTROPOLOGIA III PROFESSOR (A): ANDRÉ DEMARCHI MATRÍCULA: 2012217160 PERÍODO: 3

Como já vimos antes, ainda no presente semestre, conjurações e feitiços podem levar à morte da vítima. Mas também temos em mente que os nativos não dispõem de todo o conhecimento científico que temos, então, sendo assim, como explicar as coerências de mortes e doenças dentro dessas tribos? Bem, estamos tratando de organismos humanos e eles funcionam igual, seja aqui ou no ponto mais longínquo da terra; tirar um indivíduo enfeitiçado do âmbito social, tratá-lo como lixo, como se ele não existisse já é mais que o bastante para causar danos graves ao seu organismo, a situação origina medo, raiva e angústia por parte do enfeitiçado; “[...]A integridade física não resiste à dissolução social”(pg. 181), e o indivíduo abandonado é levado à falência, muitas vezes não pelo feitiço como acredita o grupo(a eficácia da magia implica na crença da magia), mas pela patologia desenvolvida após seu afastamento. A raíz disso está no próprio grupo, uma vez que é este quem atribui poderes incomuns a quem será tido como feiticeiro(consenso de grupo), um ser diferenciado que pode chegar até mesmo a relações íntimas com as forças sobrenaturais; por isso ninguém pôde fazer crítica em aberto ao feiticeiro do grupo de índios Nambikwara(caso citado no texto-pg.183-186), uma vez que foi o próprio grupo quem deu poderes ao feiticeiro e ele poderia ou não ter voado nas asas do trovão; ninguém poderia falar com propriedade que ele não o fez, já o feiticeiro poderia tramar o que quisesse por trás desse fato. Fatos como esse e o do adolescente acusado de embruxar uma garota entre o povo Zuñi do Novo México(pg.186-189) com certeza nos farão pensar em charlatanismo. Há mesmo verdade nessas histórias? No primeiro caso trata-se mesmo de um feiticeiro, o grupo o “elegeu” assim, já no segundo o adolescente é acusado de ser, e quando consegue convencer o grupo de que realmente embruxou a garota, ele é liberado pelo tribunal, que é composto pela própria família da garota; há aí um contraste gritante com a nossa sociedade, uma vez que aqui desvendamos o sistema que permitiu a execução do crime e encarceramos o culpado. Pensar em rituais fraudulentos por parte desses feiticeiros/xamãs(termo usado em algumas regiões do mundo) não é exclusividade nossa, tal desconfiança pode vir de dentro das próprias aldeias, como é o caso da experiência de Quesalid(pg. 189-194), um jovem que não acreditava no poder dos feiticeiros, mas que de tanto frequentar seus rituais de cura foi convidado por eles a fazer parte do grupo; Quesalid se tornaria feiticeiro completo em 4 anos. Tomado pelo desejo de desmascará-los, Quesalid aceita e acaba tendo acesso a todos os segredos que existem por trás dos rituais de cura de sua aldeia(esses rituais as vezes variam de um lugar para outro), principalmente no que refere à extração das doenças, uma penugem com sangue que simula a doença expulsa. No decorrer de sua formação Quesalid se depara com vários tipos de curas usadas em outras regiões e acaba arruinando todos ao mostrar seu método, pois o seu é um dos poucos que apresenta visivelmente a doença aos que presenciam os rituais(uns rituais são menos falsos que outros). Em sua carreira, Quesalid seguiu desmascarando impostores com seu método, mas algumas vezes cruzando com sujeitos que, a seu ver eram sim xamãs de verdade. No fim, Quesalid foi considerado um grande feiticeiro em sua tribo porque foi capaz de ser melhor que os outros, adquirindo assim a confiança/fé do grupo.

Estamos tratando de algo complexo, a coerência das partes(xamã, doente e público) no momento do ritual de cura é que admite todo o processo; é uma experiência tripla, onde o xamã tem que mostrar vocação real, o doente mostrará melhora ou não e o público servirá como uma espécie de júri, é passando por essa “peneira” que o xamã vai ganhando confiança do público e isso é de extrema importância, uma vez que a fé no prático está quase diretamente ligada as curas. Como se vê, o conhecimento não alcança tudo o que é falado aqui, mas a explicação científica pode sim articular esses dados em um sistema válido, assim como pode também mostrar como esses rituais funcionam de uma maneira eficaz. Os tipos de cura mencionados no texto, como se sabe, são variantes difundidas por várias partes do globo, mas o xamã entrará em ação não somente em casos de patologia. O prático também pode ser chamado a outras tarefas como em partos difíceis, como está imbuído no canto dos Cuna(vivem no território da república do Panamá), publicado por Wassen e Holmer; o objetivo desse canto é ajudar no parto pro qual o xamã é chamado. Diferente de uma cura, onde os métodos xamanístios não se concentram diretamente na parte afetada, o xamã quando ajuda num parto envolve diretamente o foco do problema, a vagina e o útero da mulher, mesmo não chegando a tocá-la. O útero seria a morada e a vagina, o caminho até Muu, a força responsável pela formação do feto, mas que devido a seus abusos, as vezes dificulta o parto se apossando da alma da mãe( purba). O xamã está ali para que, com suas devidas proteções batahe contra Muu e a vença para livrar a paciente. Nesse caso, assim como em outros tipos de cura xamânicas, é muito difícil interpretar o método terapêutico, e dizer que a cura é psicológica não é a resolução da problemática. Mas o que vemos aqui é mais uma vez o psicológico em pauta, pois só isso pode explicar a eficácia do canto durante o processo, sendo que o canto manipula o órgão doente , relatando desde o pré ao pós-parto, mostrando todo o ocorrido em seus detalhes; uma narração que tem como cenário o corpo e os órgãos da paciente. O sucesso desse e todo e qualquer procedimento xamanístico se dá porque essas pessoas estão numa sociedade onde tais atos são coerentes e elas aceitam, compreendem a estão acostumadas à lógica do sistema, mas isso não significa que sabem o porque de tudo a que se submetem, isso vai muito além do compreensível, tanto é que xamanismo e psicanálise tem muito em comum....


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