Resumo Fisiologia Hepática PDF

Title Resumo Fisiologia Hepática
Course Fisiologia Medica II
Institution Pontificia Universidade Católica do Paraná
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RESUMO FISIOLOGIA HEPÁTICA HISTOLOGIA Os hepatócitos, células funcionais do fígado, organizam-se em cordões celulares e constituem o parênquima hepático. Em contato com este cordão estão o sinusóide e o canalículo biliar, um de cada lado. A vascularização é sobretudo venosa, com a veia porta responsável por conduzir 70% do sangue que chega ao órgão, enquanto os 30% restantes chegam pela artéria hepática. Logo, uma trombose na veia porta leva à hepatite isquêmica. Os sinusóides nutrem os hepatócitos e recebem sangue tanto da veia porta como da artéria hepática. Drenam para as veias centrais ou centrolobulares, ramos da veia hepática. A parede dos sinusóides possui fenestras grandes o suficientes para permitir a passagem de moléculas grandes, como a albumina, para o espaço de Disse. Este é um espaço virtual situado entre o hepatócito e o sinusóide. No espaço de Disse estão as células estreladas ou de Ito, que armazenam retinódes (vitamina A) e são fonte de fatores de crescimento. Têm capacidade de dar origem a miofibroblastos, os quais produzem colágeno de maneira desenfreada na cirrose. O tecido hepático pode ser dividido em lóbulo hepático, lóbulo portal e ácino hepático. O lóbulo hepático tem como centro a veia centrolobular e como vértices as tríades portais, formando um hexágono. O centro do lóbulo portal é a tríade portal e os vértices são as veias centrolobulares, formando um triângulo. Já o ácino hepático delimita 3 zonas concêntricas em direção à veia centrolobular: (1) Zona 1: mais externa e próxima à tríade portal. Recebe sangue mais oxigenado. Os hepatócitos de zona 1 são os primeiros a ser afetados na hepatite viral. (2) Zona 2: intermediária. (3) Zona 3: mais interna e próxima à veia centrolobular. Recebe sangue menos oxigenado. Os hepatócitos de zona 3 são afetados primeiro na cirrose e na hepatite isquêmica. FUNÇÕES As funções do fígado incluem a produção e o armazenamento de glicose, proteína, gorduras, fatores de coagulação e diversas outras moléculas. Também metaboliza substâncias,

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possibilitando sua excreção. Há, ainda, o metabolismo orgânico de moléculas como a amônia, produto do metabolismo de proteínas, convertida à ureia no ciclo da ureia. Os hepatócitos realizam detoxificação de substâncias, que chegam ao órgão pela veia porta, em dois níveis: (1) Nível físico: remoção de partículas e bactérias pelas células de Kupffer, macrófagos que se localizam nos sinusóides. (2) Nível bioquímico: modificação de substâncias pelos hepatócitos em reações de fase I (oxidação, hidroxilação – citocromo p450) e fase II (conjugação – inativa e permite excreção). SECREÇÃO DE BILE Há duas etapas de secreção de bile. A primeira etapa é a hepática, realizada pelos hepatócitos. Consiste em colesterol, componentes orgânicos (lecitina, bilirrubina) e principalmente ácidos biliares conjugados. A segunda etapa é biliar, feita pelos colangiócitos, células de revestimento dos ductos biliares. A secreção é composta por componentes inorgânicos (sódio e bicarbonato) e é estimulada pela secretina, capaz de dobrar a quantidade de bile formada. Ácidos e sais biliares O colesterol, advindo da dieta ou sintetizado por hepatócitos, é precursor tanto dos sais quanto dos ácidos biliares. Primeiro são formados os ácidos, que são detergentes e não enzimas. Os hepatócitos secretam os ácidos primários (cólico e quenodeoxicólico), que seguem pelos ductos biliares até o intestino. Lá sofrem dehidroxilação por bactérias, originando os ácidos secundários (deoxicólico e litocólico), os quais são absorvidos. Pela circulação enterohepática, atingem o fígado, onde são captados e conjugados com glicina e taurina, formando os ácidos biliares conjugados. Os ácidos biliares conjugados são os sais biliares. A conjugação permite a diminuição do pKa (passa a ser menor ou igual à 4), de modo que fiquem na forma ionizada em pH intestinal. Portanto, são mais solúveis em água. Os sais biliares têm função detergente e emulsificante, auxiliando na absorção das gorduras. 94% deles recirculam pela circulação entero-hepática, sendo 50% reabsorvido por difusão e o restante por transporte ativo. METABOLISMO DE BILIRRUBINA O grupo heme da hemoglobina é convertido à bilirrubina em duas etapas, no sistema reticuloendotelial do baço. A heme-oxigenase libera o ferro e produz biliverdina. Esse produto, incapaz de se ligar à albumina, sofre ação da biliverdina redutase, gerando bilirrubina indireta (BI). Esta é insolúvel em água (transportada pela albumina) e potencialmente tóxica, por se depositar nos gânglios da base do encéfalo. Do baço, segue pela veia esplênica até a veia porta, atingindo o fígado. No compartimento microssomal dos hepatócitos, ocorre a glicuroconjugação da BI, isto é, a conjugação com o ácido glicurônico, catalisada pela UDP glicuronil-transferase (UDP-GT). O

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produto dessa reação é a bilirrubina direta (BD), que pode ser excretada pela bile devido à solubilidade em água. No intestino, a BD não é reabsorvida e é metabolizada por bactérias, gerando urobilinogênio. Este pode ser absorvido e convertido à urobilina, que é excretada pelos rins e confere a cor amarela à urina. Se não absorvido, as bactérias intestinais o convertem a estercobilinogênio e, em seguida, a estercobilina, a qual confere a cor característica das fezes. Icterícia (1) Icterícia pré-hepática: ocorre com bilirrubinas totais inferior a 5mg/dl, com predomínio de BI, como na hemólise. (2) Icterícia hepática: decorre de um problema hepático, o qual pode gerar diminuição da conjugação, da excreção ou em ambos. Verifica-se aumento de BI e BD. A síndrome de Gilbert é comum, na qual há menor atuação da UDP-GT em situações de estresse fisiológico. Na síndrome de Crigler-Najjar tipo 1, não há UDP-GT (recém-nato morre), e na tipo 2 há redução da quantidade da enzima (adulto), com predomínio de BI. Verfica-se defeito no gene MRP-2 (proteína que transporta BD para fora dos hepatócitos) na síndrome de Dubin-Johnson. As síndromes hepatocelulares ocorrem por destruição de hepatócitos. (3) Icterícia pós-hepática ou obstrutiva: resultado da obstrução total/parcial dos ductos biliares, com colestase (diminuição ou parada do fluxo de bile) intra ou extra-hepática. Há aumento de BD. Exames Pode-se dosar as transaminases, AST ou TGO e ALT ou TGP. Elas detectam lesão hepatocelular, mas não mensuram a função hepática. Estão presentes no fígado e no músculo. AST é mais sensível, porém também aumenta em lesões musculares. Já ALT é mais específica para o fígado. A medição de fosfatase alcalina (FA) e gama-GT permite a detecção de lesão canalicular, mas também não mede função hepática. Ambas são enzimas canaliculares, contudo, FA também está presente em ossos, placenta e rins, estando aumentada na fase de crescimento e na gravidez. Gama-GT é mais inespecífica, mas auxilia na análise. Aumento isolado de FA indica lesão óssea, enquanto aumento concomitante de FA e gama-GT indica lesão canalicular. A dosagem de bilirrubina (total e frações), albumina e tempo de atividade da protrombina (TAP) permite avaliação da função hepática, sobretudo albumina e TAP.

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