Resumos Psicologia das Organizações l PDF

Title Resumos Psicologia das Organizações l
Course Psicologia Das Organizações I
Institution Universidade da Beira Interior
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Psicologia Organizacional: Da Estrutura à Cultura_Podemos definir a Psicologia das Organizações como a disciplina que procura analisar as relações que se estabelecem entre as pessoas e as organizações com as quais interagem em múltiplas situações da sua vida, com especial incidência, aquelas nas qua...


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Resumos: Psicologia das Organizações I

Psicologia Organizacional: Da Estrutura à Cultura

_Podemos definir a Psicologia das Organizações como a disciplina que procura analisar as relações que se estabelecem entre as pessoas e as organizações com as quais interagem em múltiplas situações da sua vida, com especial incidência, aquelas nas quais trabalham.  O conceito de organização  Algumas dificuldades de definição _A organização consiste no tipo de formação social mais característico da sociedade contemporânea.  Embora possamos encontrar quase tantas vantagens como desvantagens deste predomínio, o que é certo é que não nos é possível imaginar a nossa vida quotidiana sem a presença das organizações. _De facto, desde que nascemos até à morte, grande parte das atividades que realizamos (por ex., educação, trabalho, lazer, participação politica) acontecem num determinado contexto organizacional. _No entanto, apesar desta inevitabilidade na vida atual de todos nós, existem múltiplas dificuldades na definição deste conceito.

 A multiplicidade de modelos teóricos _A primeira dificuldade que podemos assinalar na definição do conceito de organização resulta da multiplicidade de modelos teóricos que se têm desenvolvido em seu redor.  De facto, pela natureza complexa da organização, que inclui diversificadas variáveis e múltiplas relações entre elas, tem sido possível estudá-la através de diferentes perspetivas, que constituem diferentes pontos de vista, sobre a mesma realidade. _Um dos aspetos que favorece o desenvolvimento destes diferentes pontos de vista consiste, como destacam Jackson & Morgan, no nível de análise a que o teórico se situa.  Uns situam-se num nível de análise micro, que se caracteriza por um interesse central em explicar o comportamento dos indivíduos, ou dos grupos na organização. O importante é explicar como os indivíduos reagem naquele contexto, tornando-se relevante compreender, por exemplo, como se podem possuir participantes motivados ou líderes eficazes.  Outros autores colocam-se a um nível de análise macro, no sentido em que o seu foco é a organização na sua totalidade. A preocupação são as características gerais da organização, desde, por exemplo, o seu formato estrutural até às suas relações com o meio envolvente externo (a perspetiva sistémica enquadra-se neste nível). _O segundo aspeto facilitador da construção da realidade organizacional a partir de diferentes pontos de vista, consiste no caráter multidisciplinar que caracterizou os estudos iniciais das organizações.  A pertença a uma determinada disciplina influenciou, em primeiro lugar, as variáveis da organização tidas em conta como as mais relevantes para explicar o seu funcionamento.

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Quando um sociólogo aborda este objeto preocupa-se com a sua estrutura, um psicólogo com o comportamento do indivíduo ou dos grupos no seu interior e um economista com a distribuição dos recursos e a tomada de decisão pelos seus membros ou unidades.  Este aspeto de pertença a uma determinada disciplina pode ter importância no nível de análise em que se situa o estudo da organização. • Os psicólogos, preferencialmente, situam-se numa análise de nível micro, procurando explicar o comportamento dos indivíduos e dos grupos naquele contexto, enquanto que os sociólogos e os economistas preferem um nível macro, no qual a organização surge no seu todo, como objeto de análise.  O caráter multidisciplinar do estudo das organizações influenciou não só as variáveis tidas em conta e o nível de análise, como também o tipo de organização investigada. •

_Como terceiro aspeto podemos referir o interesse geral daqueles que o estudam.  Por um lado, os estudos mais ligados à investigação académica cujo interesse central consiste em desenvolver um conhecimento científico, que permita melhor descrever, compreender e explicar a natureza desta realidade.  Por outro lado, os estudos mais ligados à intervenção cujo interesse central consiste na resolução de problemas específicos, ajudando estas unidades a possuírem um funcionamento mais eficaz.  A agregação de diferentes unidades sociais _A segunda dificuldade na definição do conceito de organização reside no facto de este conceito agregar uma série de entidades sociais (hospitais, empresas, universidades, etc), que apesar de possuírem uma série de características comuns que permitem classificá-las como organizações, possuem também uma série de aspetos diferenciadores. De entre os aspetos diferenciadores podemos referir: -

Tamanho; Produto ou serviço prestado – empresas de serviços públicos, de serviços privados, como uma companhia de seguros, assim como as empresas de produção industrial; Formato – o modo como a unidade consegue organizar as relações entre os diferentes indivíduos que nela participam, ou as diferentes partes que a constituem; Recursos privilegiados – fontes de investimento e os recursos que são tidos em consideração. Algumas fábricas possuem como recursos capitais as suas máquinas, enquanto algumas unidades profissionais valorizam os recursos humanos.

 As características gerais de uma organização _Vários esforços têm existido para realçar as características comuns dessas diferenças que podemos incluir no grupo das organizações, distinguindo-as de outras formas de organização social, como sejam a família, a classe ou os grupos sociais ocasionais. _Esta distinção não ocorre pela presença versus ausência de uma determinada característica, mas por uma questão de grau, o que faz com que, ao pegarmos num exemplo concreto ou num caso particular, os critérios definidores sejam de difícil aplicação. _Porter, Lawler e Hackeman apresentam as seguintes características fundamentais das organizações: •

Composição: indivíduos/grupos

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• • • •

Orientação: para objetivos Funções diferenciadas Coordenação racional intencionada Continuidade através do tempo

_Scott apresenta um modelo de organização, o qual permite articular os seus diferentes elementos caracterizadores:

_Elaborando uma síntese entre estes dois modelos, podemos referir como elementos caracterizadores de uma organização:  Os indivíduos que participam na organização

_Facto de organização ser composta por indivíduos cuja participação torna o seu funcionamento possível. Quando o número de indivíduos é tal que não é possível funcionar conjuntamente, apensas com base no contacto permanente, surge a necessidade de criar regras formais, que regulamentam o comportamento dos indivíduos. Nesse momento podemos falar no aparecimento de uma organização. _A influência que as características dos indivíduos, nomeadamente a sua idade, formação ou motivação, possuem nos diferentes aspetos da organização tem sido bastante explorada na Psicologia das Organizações.  Esta influência não é só condicionada pelo tipo de participação que os indivíduos possuem na organização, mas também pela participação que possuem noutras organizações. De facto, a influência que as características pessoais de um indivíduo possuem no funcionamento de uma organização não podem ser encaradas de forma semelhante. Por outro lado, não podemos esquecer que o mesmo indivíduo participa simultaneamente em diferentes organizações e a sua participação numa pode influenciar a sua participação noutra. _A influência que as características da organização exercem sobre os indivíduos também tem sido estudada.  Sabe-se que as regras formais da organização, ao regulamentarem o comportamento dos indivíduos, o influenciam necessariamente. Esta influência depende, não só do tipo de participação que o indivíduo possui na organização e da participação que possui noutras organizações, mas também do tipo de organização.  A organização caracteriza-se por um conjunto de regras que constrangem o comportamento dos indivíduos que dela fazem parte, mas pela natureza complexa do Homem, sabe-se, que regulamentar é restringir, mas não determinar. Existe sempre uma dimensão do comportamento dos indivíduos que não é possível prever e que influencia de forma relevante o funcionamento da organização. _Na organização desenvolvem-se relações preferenciais entre um número limitado de indivíduos, que têm interações comuns e partilham um conjunto de interesses, normas e valores. A

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organização com o seu conjunto de regras é responsável por parte desses grupos, particularmente quando divide funções por diferentes departamentos, ou especifica diferentes níveis hierárquicos.  Mas espontaneamente, tendo em vista a satisfação de necessidades não contempladas nessas regras, os indivíduos na organização desenvolvem grupos de natureza informal, que possuem canais de comunicação, de tomada de decisão e de autoridade que não são oficiais. _Os participantes de uma organização exibem grande flexibilidade, já que alguns deles têm uma inserção periférica, com vínculos temporários parciais, oscilando o seu número e funções. A organização externaliza funções ou assegura respostas rápidas a alterações de exigências da sua envolvente externa, mudando a sua dimensão, através do estabelecimento de relações contratuais muito diversificadas, as quais poderão influenciar de forma distinta estes diferentes participantes, bem como a relação que estabelecem entre si.  Os objetivos da organização _O reconhecimento de que uma organização é uma entidade social que possui objetivos específicos, permite distingui-la de outras unidades sociais, como a família ou o Estado, que possuem objetivos mais globais. _Se aceitarmos que podemos distinguir entre os objetivos da organização e os objetivos dos seus membros, aceitamos que a organização existe para além dos membros que a constituem. A realidade organizacional ganha autonomia em relação aos seus participantes concretos, pois, de facto, as organizações permanecem independentemente dos membros que nela vão entrando e saindo. _No entanto, se definirmos os objetivos da organização como os fins por si desejados, dificilmente não vimos aparecer os membros da organização, da definição e valorização desses fins. _Devemos evitar quer uma visão reducionista, que considera os objetivos da organização, os objetivos dos seus participantes, quer uma visão reificadora, que coloca os objetivos da organização para além dos seus participantes.  A estrutura _Meios usados pela organização para atingir os seus objetivos. Incluídos na estrutura, podemos distinguir, por um lado, meios usados para dividir o trabalho e, por outro lado, os meios usados para o coordenar.  Na divisão do trabalho: diferenciação de funções, que descrimina o tipo de tarefas a serem desempenhadas e a sua respetiva atribuição a determinadas pessoas ou unidades organizacionais; diferenciação da autoridade que discrimina diferentes níveis hierárquicos e, consequentemente, a influência dos indivíduos nas ações organizacionais, a sua responsabilidade nessas ações e o número de indivíduos que supervisiona.  Na coordenação do trabalho: meios usados para estabelecer a coordenação entre as partes anteriormente divididas; estabelece-se uma relação entre as funções e os níveis diferenciados, de modo a que os objetivos da organização não sejam substituídos pelos objetivos parciais das partes. _Estrutura formal: dimensão normativa ou prescritiva; constrange ou limita o comportamento dos participantes da organização, mas não o determina; relação entre os vários membros da organização; grau de diferenciação horizontal e grau de formalização e centralização.

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_Estrutura informal: comportamentos, relações e estratégias não previstas e rede de interações espontâneas; estrutura de poder e de influência não previsto, mas real e poderosa; relações não estabelecidas formalmente entre os membros de um grupo de trabalho. _Consoante a organização, o grau de coincidência entre estas duas componentes, formal e informal, é diferente. Diferença que resulta da tensão constante que entre elas se opera e que obriga a não encarar estas componentes estruturais como independentes, mas sim como fortemente correlacionadas.  A componente formal prescreve o comportamento, influenciando desse modo o comportamento exibido pelos indivíduos na organização. O desvio em relação ao comportamento regulamentado tem de estar dentro de certos limites, para que a organização o possa aceitar. Se tal não acontecer, o indivíduo ou grupo sofrerão punições, que procurarão corrigir o comportamento. Mas se, pelo contrário, o desvio em relação ao comportamento regulamentado for aceite pela organização, poderá contribuir para uma reformulação da sua estrutura formal, integrando os aspetos da sua componente informal.

Organização Formal Oficial Posição Atribuição oficial Regras Recompensas e punições Autoridade e subordinação Organigrama

Base de Comparação Natureza Ênfase Fonte de Poder Guias de Comportamento Fontes de Controlo Tipo de relação Representações gráficas

Organização Informal Não oficial/emergente Pessoa Atribuição pelo grupo Normas Sanções sociais e simbólicas Coordenação espontânea Sociograma

_O modelo tradicional de estrutura organizacional tem sido substituído por novos formatos, que se caracterizam pela fragmentação, horizontalidade, diversidade e relativismo dos seus princípios.  Muitas optam por subcontratar serviços ou funções a outras empresas (por ex. contabilidade, segurança) e incluem os seus fornecedores e clientes como seus membros.  Noutras, os departamentos ou unidades têm uma existência flexível, sendo criados e extintos num breve espaço de tempo e os participantes da organização oscilam a sua pertença a estas diferentes unidades.  Noutras, as suas unidades autonomizam-se e a organização desagrega-se ou ramifica-se num conglomerado tão complexo que é difícil concebe-lo num desenho estrutural habitual.  A tecnologia _Em todas as organizações ocorre um processo de transformação dos inputs em outputs. Por exemplo, uma fábrica transforma um conjunto de matéria-primas em determinados produtos, uma escola transforma indivíduos, tornando-os mais conhecedores.  É este processo de transformação que se apelida de tecnologia. Inclui o equipamento mecânico e as máquinas, bem como os conhecimentos e competências dos participantes. _A complexidade tecnológica relaciona-se com a complexidade estrutural ou a profissionalização; a incerteza tecnológica com baixos níveis de formalização e descentralização; a interdependência com elevada coordenação.

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_Atualmente, considera-se que, para lidar com uma tecnologia incerta, existe a necessidade de desenvolver estruturas orgânicas, cuja flexibilidade não só permite uma melhor eficácia produtiva, como também um aumento da motivação e envolvimento dos seus participantes.  A permanência mutável _Apesar de não podermos considerar uma organização eterna e de não podermos sequer prever o seu tempo de existência, podemos considerar que ela existe durante um determinado período. _De facto, os outros elementos caracterizadores da organização imprimem continuidade ao funcionamento organizacional.  Em relação aos indivíduos que participam na organização existe sempre algum grau de estabilidade. Concretamente, quando existe a necessidade de contratar novos elementos, a organização desenvolve mecanismos de seleção, procurando a adaptação desses participantes ao funcionamento da organização; quando existe alguma forma de inadequação do comportamento dos participantes ao atual funcionamento da organização, habitualmente são acionados mecanismos de punição desses mesmos comportamentos que, em casos extremos, podem corresponder à expulsão daquela unidade social. _Em relação aos objetivos reconhecemos, não só a existência de algum grau de permanência na sua definição, sem a qual comprometeríamos a existência da organização, mas também no padrão escolhido de obtenção desses objetivos. Esta ultima permanência traduz-se numa regularidade ao longo do tempo de interações e atividades, isto é , de estrutura, quer formal quer informal, e de tecnologia.  Esta continuidade só pode ser compreendida através da conjugação com a mutabilidade, pois a organização evolui e desenvolve-se ao longo do seu tempo de existência. As suas características vão-se modificando de forma mais ou menos radical tendo em vista um funcionamento mais adequado. _De entre os fatores desencadeadores dessa necessidade de mudança, destaca-se a partir da abordagem sistémica, a envolvente externa da organização.

 As diferentes perspetivas teóricas  A abordagem clássica _A primeira imagem criada da organização consistiu em assimilá-la a uma máquina. De acordo com esta imagem considerou-se que esta unidade possuía objetivos específicos que poderiam ser atingidos desde que existisse um desenho e uma gestão adequados. _A Organização Científica do Trabalho desenvolvida por Taylor pode ser incluída nesta perspetiva. Salientou a importância de estabelecer rotinas na vida organizacional, especificando de forma precisa o trabalho dos seus participantes. Este tornou-se mecânico e repetitivo, muito próximo do desenvolvido por uma máquina. _A Escola de Administração de Fayol, assim como a Teoria Burocrática de Weber também podem ser incluídas. Para estes autores o importante, também, foi ordenar as relações entre as diferentes partes que constituem a organização, tornando o seu funcionamento eficiente, válido e previsível. _As abordagens desta perspetiva mecânica concentram a sua atenção, por um lado, nos objetivos da organização, que consideram ser específicos e orientadores de todos o seu funcionamento e,

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por outro lado, na sua estrutura formal, que consideram o meio único e indispensável, para a obtenção desses objetivos. _Enquanto a abordagem de Taylor pode ser integrada numa visão micro, mais preocupada em racionalizar o trabalho dos participantes da organização, as abordagens de Fayol e de Weber pelo contrário, podem ser integradas numa visão macro. _Outra perspetiva desenvolvida sobre a organização refere-se à imagem desta unidade como um organismo. O importante é descobrirmos como a organização satisfaz as suas necessidades e se matem ao longo do tempo. Um meio fundamental para o conseguir consiste na promoção da partilha de um interesse comum pelos seus participantes, o que é possível pelo desenvolvimento de uma estrutura informal. _A Escola das Relações Humanas pode ser integrada nesta perspetiva, pois foi a responsável pelo início da consideração do fator humano, como variável imprescindível para o estudo das organizações. Destacou o facto de que só os indivíduos com as suas motivações sociais satisfeitas trabalham de forma eficiente e que essa satisfação passa pelo respeito pela estrutura informal, criada pelos laços afetivos que se estabelecem espontaneamente entre os indivíduos e os grupos no seio da organização. _O Movimento dos Recursos Humanos também pode ser incluído nesta perspetiva. O relevo dado à motivação no trabalho permanece e, tal como se passa em relação aos organismos biológicos, considera-se que os indivíduos e os grupos operam mais eficientemente quando as suas necessidades estão satisfeitas. Centra-se preferencialmente num nível micro, pois o importante é compreender o comportamento dos indivíduos na Organização, as variáveis que o influenciam e, consequentemente, o modo como podemos ajustá-lo aos objetivos da organização.

 A abordagem sistémica _A imagem da organização como sistema aberto pressupões, antes de mais, que esta unidade social mantém uma constante interação com o seu meio envolvente externo. Esta visão implica também que, ao nível interno, a organização seja encarada como um conjunto interligado de subsistemas, cujo resultado possui características próprias e que ultrapassam as das partes implicadas.

 A abordagem simbólica _Esta abordagem dá-nos conta dos processos pelos quais os indivíduos atribuem significado aos acontecimentos organizacionais. As c...


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