Apontamentos de Psicologia das Emoções PDF

Title Apontamentos de Psicologia das Emoções
Course Psicologia das Emoções
Institution Universidade da Beira Interior
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Psicologia dasEmoçõesArtigo nº1 : Uma definiçãoconstitutiva de emoçõesUm dos maiores problemas do estudo das emoções está na baixa concordância (ausência de consenso) entre diferentes achados e teorias: Problemas na definição de emoções. Procura-se apresentar uma definição centrada nos atributos: N...


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Psicologia das Emoções Artigo nº1: Uma definição constitutiva de emoções Um dos maiores problemas do estudo das emoções está na baixa concordância (ausência de consenso) entre diferentes achados e teorias: Problemas na definição de emoções. Procura-se apresentar uma definição centrada nos atributos:  Natureza episódica  Aspetos avaliativos  Mudanças psico-cognitiva-fisiológica no organismo  Aspeto social da expressão Estes devem ser os principais atributos do sistema das emoções. O sistema das emoções só pode ser avaliado pelos seus atributos. É importante afastar os termos “humor”, “afeto”, “sentimentos” e “temperamentos” da definição de emoções, pois diferenciam-se. As emoções não podem ser observadas e, por isso, não são passíveis de uma mensuração direta. Smith e Kosslyn (2009) inferem que uma definição de emoções tem de lidar com 2 desafios: a) Ser capaz de capturar toda a existência emocional. b) Ser objetiva o suficiente para permitir a investigação científica. Embora os pesquisadores não concordem com a mesma definição de emoção, eles apresentam uma certa concordância no que diz respeito à sua função, ativação e regulação, ou seja, o seu funcionamento e efeito.

Este problema não se restringe à psicologia mas também às neurociências, filosofia, ciência da computação, sociologia, economia, antropologia, dentre outras. Ekman (1994) sugere que uma definição de emoção necessita de se focar em 4 grandes pontos: 1. 2. 3. 4.

O que a inicia. Os seus efeitos no organismo. Qual a relação com o ambiente. Quais respostas elicia.

Por sua vez, de modo complementar, Mulligan e Scherer (2012) colocam que uma emoção só o será se: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.

For um episódio afetivo. Causar mudanças no organismo. For dirigida a um objeto. Conter um mecanismo percetivo. Relação com o objeto é herdada do mecanismo percetivo. É acionada por pelo menos um mecanismo avaliativo. É guiada por pelo menos um mecanismo avaliativo.

Mulligan e Scherer (2012) declaram que um ponto importante é, como está sugerido no início do texto, a existência da natureza episódica da emoção. Ou seja, aquilo a que chamamos de emoção é uma resposta a uma variação percebida do ambiente, em função de diversos mecanismos avaliativos. A ideia fundamental é que algum evento, seja externo, tal como o:  Comportamento dos outros  Encontro com um novo estímulo  Alteração de uma situação Ou interno, tal como:  Memórias  Imaginação, etc… Ativaria uma mudança no funcionamento do organismo.

A mudança originada pela ativação de um determinado mecanismo (que pode ou não ser percebido pelo organismo, mas que mesmo assim a ativação do mecanismo tem o potencial de modificação do organismo) teria uma duração qualquer, rápida e que reduzia de intensidade até desaparecer. De acordo com este posicionamento, as emoções só seriam eliciadas por uma classe de eventos específicos. Ekman (1994) denomina estes eventos específicos de “temas”. Estes eventos eliciam emoções específicas em função dos modos de: 1. Processamento de informação, que levaria a 2. Diferentes respostas fisiológicas, cognitivas e comportamentais. Por exemplo: na maioria das culturas ocidentais, a morte de um filho leva à experiência de perda, então perda seria um dos temas eliciadores de tristeza, assim como um roubo de um carro, uma demissão, ou, até mesmo, a perda da beleza e juventude. Claro que não há que dizer que a intensidade da experiência será a mesma em todos esses exemplos, nem que a tristeza seria a única emoção eliciada. A importância está na classe de estímulos. A universalidade das emoções: De acordo com Ekman (1994, 2006, 2007), há universalidade com relação aos temas, mas não com relação aos eventos que os integram. Por exemplo, para culturas assoladas por fome e guerras, a morte de um recém-nascido não eliciaria uma emoção de tristeza. O tema perda só ocorreria se a criança atingisse alguns meses. Ao modificar a experiência, além de as emoções prepararem para a ação, as emoções têm um grande papel naquilo a que chamamos de motivação (Ekman, 2007), que gere aquilo que move a ação humana em diferentes contextos, indica alvos e limita o acesso a opções (Forgas 1995). Pretende-se afastar a noção de emoção com as noções de atitude, preferência, humor ou estado.

O foco está das emoções reside na reação do indivíduo ao ambiente e como isso muda as respostas cognitivas, expressivas, fisiológicas e comportamentais. Tais mudanças não são duradouras e tendem a ter uma duração específica para apenas a “resolução do problema” percebido no ambiente. Além de preparar o organismo para a ação, a expressão facial das emoções tem a função de comunicar aos outros os estados mentais de um indivíduo. A expressão da reação emocional, bem como o controle e reconhecimento dessa expressão, são poderosos mediadores de tanto os relacionamentos interpessoais, quanto do ajuste sócio emocional durante toda a vida do indivíduo. Kelner e Haidt (1999) colocam que a emoção pode atuar e, por isso, pode ser estudada em quatro níveis: 1. O individual: Em que a emoção prepara o organismo para lidar com as mudanças do ambiente, através das mudanças coordenadas nos diferentes sistemas já citados. 1.2 Informa sobre a importância dos eventos e prepara a pessoa para a ação física e mental. 2. O díade: Em que a emoção tem a função de fornecer sentido à interação entre os pares. 2.2 O tom de voz, os movimentos corporais, as expressões faciais servem para clarificar o que está a ser comunicado, bem como a reação do indivíduo à mensagem, facilitando a comunicação da interação. 2.3 Facilita a comunicação e proporciona uma estrutura para interação entre os indivíduos. 3. O grupal: Aqui o foco é como a expressão das emoções pode ajudar os membros dos grupos (famílias, grupos de trabalho) a atingirem os seus objetivos (macros ou micros). 3.2 “A grande diferença desse nível para o nível da díade é a questão da possibilidade de maioria/minoria, que não ocorre naquele tipo de interação. O foco aqui está não só em como os indivíduos regulação a interação em função do que foi expresso, mas, também, as forças motivacionais

operando em função da conformidade às normas de expressão, bem como os mecanismos utilizados pelos nãoconformados e as consequências associadas a esse comportamento.” 3.3 Há autores que colocam que o fenómeno das emoções é de natureza predominantemente social. 3.4 Facilita o conjunto de indivíduos a alcançar objetivos comuns através da promoção de identidade e filiação do endogrupo, solidificando as fronteiras do grupo. 4. O cultural: As emoções moldam e são moldadas por favores históricos, culturais e económicos. Seja na expressão, seja na própria construção de um tema. 4.2 As emoções são perpetuadas pelas normas e práticas de grandes grupos de pessoas que compartilhem ideias, comportamentos, atitudes ou tradições similares. O controle das emoções é uma das principais maneiras de manipular a interação, em todos esses níveis. Pasquali (2007, 2010) considera quais são os atributos que constituem o sistema, neste caso, as emoções: - É ser uma resposta episódica, mudar o processamento de informações, facilitar/inibir determinadas respostas/pensamentos, preparar os organismos para essas ações, a natureza social-interacional. A diferença entre emoção e humor:  O humor julga informações, tendo uma natureza mais cognitiva.  Davidson (1994) coloca que o humor tem a função de alterar as prioridades no processamento de informação.  O humor está sempre presente e a emoção é a reação a algo.  O humor está mais ligado a uma espécie de estilo de processamento de informação que não gera as mesmas respostas psico-sócio-motoras que emoções.  O humor pode influenciar a probabilidade de uma determinada emoção ser ou não eliciada e em qual intensidade, em função do facto dele alterar as

cognições e consequentemente as perceções das mudanças do ambiente.  O humor tem uma maior duração.  Uma emoção é uma resposta episódica, dura segundos, enquanto que o humor pode durar meses e não possuir uma expressão facial associada.

Emoções e temperamento:  O temperamento é responsável por todo tipo de diferenças individuais que modulem a resposta de uma pessoa a eventos emocionais.  São considerados consistentes no tempo e diferenciase de humor por este último decorrer do resultado de eventos, enquanto o temperamento ser o resultado cumulativo do histórico de vida com inclusive hipóteses de origem genética.  Traço de personalidade. Sentimentos É talvez o conceito mais confundido com emoções, uma vez que é o resultado da nomeação do fenómeno emoção. Segundo Ekman (2007), este autor aponta que sentimentos são o resultado percetivo do que estamos a sentir. Raiva, medo alegria ou qualquer outro rótulo verbal são invenções que damos a estados mentais suficientemente diferentes aos quais conseguimos distinguir e, numa perspetiva linguística participam da nossa interação com o ambiente e por isso necessitam de um nome. Os sentimentos podem gerar os mesmos efeitos internos de uma emoção, tal como o comportamento expressivo. Assim , sentimentos são o processo do resultado da auto-categorização da sensação emocional: o nome dado à emoção sentida. Afeto

O afeto está relacionado com a direção (sinal) da resposta afetiva, sendo positivo, negativo ou neutro (Ekman, 2006). O afeto é uma valência associada com a emoção sentida.

Enquanto emoções têm um carácter mais episódico, capaz de guiar, automaticamente, diversos tipos de respostas e estados internos, humores estão mais ligados a estilos de processamento, enquanto sentimentos e afeto estão mais ligados à experiência subjetiva do fenómeno, com o primeiro mais focado no nome e o segundo mais focado no sinal/intensidade.

A correlação entre estes fenómenos é esperada mas pode não acontecer em todas as situações. Pessoas mal-humoradas são capazes de experienciar emoções positivas durante a duração desse humor. Erros de nomeação da própria emoção e da expressão pelos outros tendem a ocorrer por diversas razões. Ex: posso estar a chorar de felicidade....


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