Apontamentos de Aulas PDF

Title Apontamentos de Aulas
Author Andreia Corte
Course Sociologia da Comunicação
Institution Universidade de Coimbra
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Summary

São apontamentos das aulas da professora Maria João Rosa Cruz Silveirinha...


Description

Sociologia da Comunicação Teoria: • • •

Fornece conceitos para dar nome ao que observamos, explicar o que vemos e encontrar relações entre factos observados; É uma ferramenta que nos permite identificar um problema e planear um meio para alterar uma dada situação; É a explicação sugerida para algo; Uma tentativa sistemática para explicar alguma coisa. Ex: “Como é que os media nos afetam?”. É algo que utilizamos na nossa vida quotidiana.

O que é a Sociologia? • •

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A sociologia é uma disciplina académica que se concentra no nosso mundo social; A sociologia começa com a ideia de que os seres humanos devem ser entendidos no contexto da sua vida social, que somos animais sociais influenciados por padrões sociais, pela socialização, pela interação e pela comunicação; A sociologia engloba um conjunto disciplinado de práticas, mas também representa um considerável corpo de conhecimento acumulado ao longo da história; A questão central da sociologia (da comunicação) é: de que modo os tipos de relações sociais e de sociedades em que vivemos têm alguma ligação com as imagens que, pela comunicação, formamos dos outros, de nós mesmos e do nosso conhecimento, das nossas ações e das suas consequências? Aprender a pensar com a sociologia (da comunicação) é uma forma de compreender o mundo humano que criamos pela comunicação, o que também abre a possibilidade de pensá-lo de diferente forma; Aprender a pensar sociologicamente é uma atividade que se distingue também pela sua relação com o chamado “senso-comum”; A sociologia é o estudo de toda a organização social, de maior unidade - a sociedade - à mais ínfima - um par de indivíduos que interagem.

Pensamento sociológico: • • •

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Pensar sociologicamente é dar sentido à condição humana por meio de uma análise das numerosas teias de interdependência e de comunicação humana; Os sociológicos concentram-se na sociedade em si, nas suas estruturas maiores (macro) ou menores (micro); A comunicação, como parte da sociologia, também pode ser estruturada a nível das grandes unidades de mediação (medial às pequenas unidades - interação interpessoal); Alguns sociólogos interessam-se pelo mundo micro de interação face a face - como os indivíduos que agem em relação uns aos outros nas suas vidas quotidianas; Trata-se de estudar como os indivíduos, na interação social, moldam as organizações, partilham a visão do mundo e se influenciam mutuamente. Outros colocam a sua ênfase nos problemas sociais, na preocupação com a compreensão de questões como a pobreza, a desorganização familiar, abuso infantil, sexismo/racismo; etc..;

No geral, a sociologia tornou-se mais especializada, tendendo a olhar para instituições ou sistemas institucionais.



Do Iluminismo à Modernidade: •

Começamos a compreender a sociedade em que vivemos de um modo diferente desde o Renascimento, mas sobretudo com o Iluminismo; Acredita-se que entramos numa nova era, diferente de toda a história anterior. Somos diferentes, mais livres dos que vieram antes de nós;

Recuar no tempo: Modernidade Herança do Iluminismo (meados do século VII a finais do século VIII)

Fé na

capacidade humana de compreender, prever e controlar a natureza e a sociedade: • • • •

Os humanos já não estão à mercê de Deus; O mundo já não é um “mistério” nem “milagre”; Os humanos podem melhorar-se a si próprios e ao mundo; As coisas não são simplesmente dadas, mas devem ser compreendidas, investigadas e questionadas. Resultado: início de uma visão mais secular do mundo.

Modernidade: Uma nova forma de subjetividade em que os indivíduos estão conscientes de si mesmos em relação à história. A autoconsciência de pensar sobre si mesmos face a algum fluxo de eventos e a múltiplas tendências de mudança: ➢ Mudança tecnológica; ➢ Ideia de progresso (padrão para a História); ➢ Racionalidade como ideal (escolhas); ➢ Produção em massa (industrialização); ➢ Individualismo (face à sociedade); ➢ Consciência da Sociedade como contexto. A formação das ciências sociais (na segunda metade do século XIX) fez com que o Homem perdesse o lugar central que até então detinha como fonte de saber indiscutível. É a própria humanidade que então passa a ser posta em questão, tornando-se um objeto de questionamento sob diferentes pontos de de vista (biológico, histórico, psicológico, económico e também sociológico). A sociologia beneficiou também de um processo acelerado (e extremamente conturbado) de mudanças sociais.

Modernidade como… 1. Um processo económico: surgimento do capitalismo industrial; 2. Um processo político: surgimento do Estado-Nação; 3. Um processo cultural: laicização do estado e surgimento da tecnologia cientifica e a secularização. De entre essas mudanças sociais podemos destacar: • As inovações técnicas e os primeiros grandes impulsos de profundas transformações do mundo da economia (com o sistema mercantilista, a revolução burguesa e a abertura do horizonte para o futuro sistema industrial capitalista);

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Uma nova estrutura demográfica (decorrente do início de um período de grande crescimento populacional e de importante movimentos migratórios que lhe estão associados).

Século XIII e IXX: • •





A formação dos Estados-Nação é a mais ampla generalização dos contactos e de relações entre diferentes culturas (com outras formas de racionalidade e de pensamentos); E o desenvolvimento de poderosos dispositivos tecnológicos de comunicação e informação; A sociologia surge, simultaneamente, como sintoma e como tentativa de resposta a uma certa dinâmica de crise social em sociedades onde os acordos e os consensos se tornam mais frágeis, mas também cada vez mais necessários; A sociedade humana como configurações variáveis variáveis de relações de interdependência estabelecida pelos indivíduos que as constituem é profundamente inspiradora para a constituição de uma sociologia da comunicação; Estes laços e ligações assumem uma dimensão comunicacional.

Comunicação: É um processo que persiste na sociedade porque, para o ser humano é vital receber e enviar informações. Comunicação e sociologia: Sociologia da comunicação é uma área de sociologia que estuda as implicações sociais e culturais decorrentes da mediação simbólica, com particular atenção aos meus de comunicação de massa.

O desenvolvimento da sociologia Figuras Chave: • • •

Augusto Comte (1798-1857) - Positivismo Karl Marx (1818-1883) - Conflito de classes Emile Dunkheim (1858-1917) - Interação Social e suicídio



Max Weber (1864-1920) - Religião, organização social e classe

Recuar no tempo: Modernidade Política (sociedade como um sistema): 1. Capitalismo/socialismo; 2. Democracia/totalitarismo; 3. Individualismo/coletivismo. Verdade: 1. Racionalidade/progresso; 2. Ciência substitui a religião. Tecnologia: 1. Urbanização, pobreza; 2. Mass media; 3. Industrialização.

Max Weber: Racionalização • •

Modernização significa substituir uma visão do mundo tradicional por uma forma racional de pensar; Os modernos valorizam a eficiência, as pessoas têm pouca reverência para com o passado e adotam os padrões sociais que lhes permitam alcançar os seus objetivos; A sociedade moderna torna-se “desencantada”: a ciência substitui os deuses.



Max Weber: Capitalismo A revolução industrial foi uma revolução capitalista. A modernidade enfraqueceu as comunidades de pequena escala. O conflito social no capitalismo semeia as sementes da revolução social igualitária.

Valor de uso: • •

Ao mesmo tempo, permite-nos informar, comunicar e manter relações sociais; Informação, comunicação e sociabilidade são o seu “valor de uso” - um termo que Marx usou para descrever a forma como os bens satisfazem as necessidades humanas;

➢ As empresas acumulam capital (valor de mercado) mas também têm um valor de uso (informam-nos, podemos comunicar, manter relações sociais através delas); ➢ As necessidades básicas da propriedade têm um valor de uso. Ex: lenha (propriedade); lenha valor de aquecer. Estes são os pressupostos de Marx; ➢ As empresas de comunicação (ex: facebook) nem sempre colocam em primeiro plano que têm fins lucrativos (acumulação de capital) mas sim o seu valor de uso (ligação e comunicação com as pessoas no facebook).

Slogans: Marx diria que os slogans são ideologias que exageram ou criam um “fetiche” do seu valor de uso, para desviar a atenção do seu valor de troca. De facto, as empresas de comunicação pretendem ganhar muito dinheiro. Estas alegações/slogans não deixam de ser verdadeiras, mas são apenas um dos dois lados da história. As empresas ao suprimirem o seu interesse em acumular riqueza estão, para Marx, a criar um fetiche, a hipnotizar o publico com o valor de uso (que nos fascina). Para Marx, não é o valor de uso a prioridade das empresas (assim criam uma falsa ideologia). Marx ainda é importante porque vivemos um mundo capitalista de comunicação e muitas formas de comunicação espalham ideologias e são organizadas como empresas com fins lucrativos. O capitalismo de hoje difere da época de Marx, visto que atualmente o capitalismo é global. Finanças, tecnologia, transporte, cultura de consumo e publicidade desempenham hoje um papel maior. Os jornais estão em profunda crise visto que o seu modelo de negócios faliu, já não se sustentam apenas com conteúdo e por isso recorrem à publicidade. No entanto, Marx procurou compreender as fundações de todos esses fenómenos e antecipou a sua futura relevância.

Por isso, Marx tem muita relevância para pensarmos sobre a comunicação contemporânea. Para compreendermos melhor computadores, o twitter, o facebook. Ele é essencial para a compreensão crítica da era da informação e internet.

Vida / Marx como jornalista Tempos de mudança • • •

Pano de fundo: rápida e substancial mudança social de meados do século XIX de uma Europa com guerras e revoluções tumultuosas; Industrialização e proliferação das fontes industriais de produção; Daí resultaram novas classes sociais e relações de classes e a opressão por parte de uma classe que possuía novas formas de produção (indústria) sobre a classe que para ela trabalhava.

Influências: Economia política inglesa Adam Smith (século XVIII) A riqueza de uma nação é o resultado de homens que procuram satisfazer os seus interesses: “cada indivíduo busca apenas o seu próprio ganho… Perseguindo os seus interesses promove os interesses da própria sociedade”. Para Marx, a riqueza não é o resultado do trabalho de homens isolados (individualismo) que procuram satisfazer particulares mas sim do trabalho coletivo (coletivismo).

Hegel ➢

A civilização humana ocorre através do progresso moral e isso deve-se a algum tipo de espírito racional que existe na humanidade (mente universal) e não por invenção divina. É como se a história fosse um livro escrito pela mente universal e os humanos fossem apenas as suas personagens.

Dialéctica: ➢

A ideia de que a mudança ocorre como resultado do conflito entre dois movimentos opostos. As ideias desenvolvem-se através da contradição. A ideia original, ou tese, é criada mas é então contraditória e rejeitada pela antítese. Eventualmente, as melhores partes da tese e antítese podem ser combinadas - Síntese.

Marx rompe com o idealismo: •

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Marx afastar-se-ia da ideia de Hegel e da noção de que a história poderia ser explicada em termos de ideias. Em vez disso, acentuou a prática (praxis), o poder transformador da filosofia. As leis da dialéctica são as leis do mundo material. A realidade social vista através de suas contradições: materialismo histórico e dialético. “Os filósofos só interpretam o mundo, de várias formas; o importante, contudo, é modificálo.” Para Marx era necessário mudar o mundo, logo, descemos à prática (praxis), ao mundo material.

Pressupostos para o conhecimento da sociedade:

Conceitos de: • •

Homem (ser humano); • Trabalho; História.

Concepção Marxista da sociedade: • •



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Para moldar o mundo, os seres humanos têm de garantir os meios para a sua sobrevivência, como comer, beber, habitação e vestuário; Marx afirma: “o primeiro ato histórico é, portanto, a produção de meios para satisfazer as necessidades, a produção da própria vida material. E, de facto, este é um ato histórico, uma condição fundamental de toda a História, que hoje, como há milhares de anos, deve ser diária e constantemente cumprida, a fim de sustentar a vida humana”; A criação de novas necessidades é o primeiro ato histórico e quando visto retrospectivamente, as sociedades humanas foram organizadas numa série de sistemas de produção específicos para atingir a satisfação das necessidades; Daí, a sua concepção materialista da história, ligando-lhe a existência de indivíduos humanos; No materialismo histórico não é o sujeito ou o objeto que há de estudar, mas sim a relação entre o sujeito e o objeto, num processo dialético; A importância não se encontra no indivíduo, mas sim nas relações sociais e constrói-se com base nas relações entre o Homem e a Natureza, pelo trabalho com os outros seres humanos; O indivíduo, nessa acção, não é um autómato, é um indivíduo porque é um ser social - um ser construído através das relações sociais.

“A história humana é a história das relações dos homens com a natureza e dos homens entre si”

Relações dos Homens: A) Com a natureza (instrumento de produção) = Forças de produção

+ B) Dos Homens entre si (divisão do trabalho) = Relações de produção

=

modo de produção (história)

Sistema: antigo, feudal, capitalista.

Materialismo Histórico: As forças de produção (uso das pessoas da tecnologia) e as relações da produção (a divisão do trabalho) são de exploração enquanto as classes existirem. Estas forças e relações são a fundação (condições económicas) que produzem a superestrutura da sociedade (instituições políticas, sociais, religiosas, educativas e culturais).

O modelo base - Superestrutura:

A base da sociedade determina a superestrutura.

Ideologias políticas, morais, religiosas…

Nível jurídico-político (o Direito e o Estado)

Economia: forças produtivas e relações de produção

A superestrutura e a infraestrutura no pensamento Marxista

Superestrutura (consciência) - Aquilo que acreditamos a nível político, religioso, cívico… Determina

Infraestrutura (existência) necessidades básicas

Estado (relações políticas) Sociedade (relações sociais) Religião Cultura Justiça (leis)

Indústria Agricultura Comércio Mineração Meios de produção

Teoria da alienação: • •



A burguesia comando o Estado para criar uma única forma de liberdade: o comércio livre; No entanto, no processo de criação desse sistema, constitui-se um sistema económico baseado no princípio da exploração brutal: a classe trabalhadora, que tem de se “vender” aos capitalistas, não é nada mais do que matéria-prima; A alienação económica sob o capitalismo significa que o ser humano é alienado das suas atividades diárias -no próprio trabalho pelo qual ele ganha a sua vida;





Sob o capitalismo, a relação entre o trabalho e a expressão humana muda: em vez de trabalhar para satisfazer as suas necessidades ou expressar ideias, os trabalhadores fazem-no mediante as exigências capitalistas; Os trabalhadores estão alienados do seu trabalho porque já não pertence ao trabalhador mas sim ao capitalista.

Isto cria alienação: • • •

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Os trabalhadores estão alienados das suas atividades produtivas pois já não trabalham para satisfazer as suas necessidades básicas; Estão alienados do produto do seu trabalho, que agora pertence ao capitalista; A natureza cooperativa do trabalho é destruída através da organização do processo de trabalho, alienando os trabalhadores dos seus companheiros. Em vez de todos trabalharem para o mesmo, cada um tem de trabalhar para um patrão capitalista; Além disso, muitas vezes têm de competir uns contra os outros para obter uma maior remuneração; Em vez de encontrar expressão na produção, os trabalhadores voltam-se para o consumo como meio de se expressarem.

Conflito de classes: •



Marx afirma que o conflito de classes é o principal motor de mudança social e que a sociedade burguesa moderna que se desenvolveu a partir das ruínas da sociedade feudal herdou os seus antagonismos de classes mas deu-lhes uma nova forma; A época da burguesia simplificou os antagonismos de classes em duas classes principais que se enfrentam diariamente: a burguesia e o proletariado.

O fetichismo da mercadoria: •

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Marx argumentou que as mercadorias têm um caráter ideológico a que ele chamou caráter fetichista da mercadoria; “o caráter misterioso da mercadoria consiste (…) em que ela apresenta aos homens as características sociais do seu próprio trabalho como se fossem características objetivas dos próprios produtos do trabalho, como se fossem propriedades socionaturais inerentes a essas coisas.”; Isto significa que as relações sociais que uma mercadoria contém não são visíveis na própria mercadoria que se apresenta no consumidor; A mercadoria é um fetiche no sentido religioso da palavra: uma coisa que existe por si e em si; Mas se na natureza do capitalismo é tão desagradável e o proletariado não é mais do que um escravo moderno, porque é que é tolerado pela classe industrial?; A sua resposta é que os membros do proletariado apenas percebem a sua posição da classe e o seu estatuto económico de uma forma distorcida ou marcada pelo processo que ele apelida de “ideologia”.

Ideologia: • •

A ideologia refere-se à existência de ideias ilusórias e que contribuem para a criação de uma falsa consciência do proletariado; As ideias dominantes em qualquer sociedade são as criadas, distribuídas e importadas pela classe dirigente para manter e perpetuar o seu domínio;

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A ideologia burguesa deturpa sistematicamente a realidade e age deliberadamente para moldar a consciência do proletariado; Daí que haja uma forte sinergia (cooperação, esforço coletivo) entre a economia e os valores da sociedade capitalista; Mas o seu modo económico imperioso assente na exploração de produção pode ser revelado, porque o sistema capitalista não é a fase final da história; Marx argumenta que assim como o capitalismo foi produto de uma série de revoluções que ocorreram dentro do período feudal o mesmo irá acontecer com o capitalismo; Tal será alcançado através do derrubar da classe capitalista por um proletariado politizado e revolucionário e resultará na abolição da propriedade burguesa e do princípio da propriedade privada; Assim, na análise de Marx, a revolução é necessária e inevitável porque a burguesia não pode ser derrubada por qualquer outro meio: a revolução é a força motriz da história.

Reviver Marx no séc. XXI: Christian Fuchs: Digital Laboun and Karl Marx/Culture and economy in the age of social media/Karl Marx @ Internet studies: new york media society -> OBRAS •

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“Digital Laboun and Karl Marx” é uma análise marxista de estudos de caso de trabalho: o trabalho dos minerados de extração de matérias-primas que formam as bases, matérias das tecnologias de comunicação, trabalhadores da área da montagem da Foxconn na China, engenheiros de software na India, trabalhos de software e hardware no Silicon Valley, Call Center, trabalho digital nas redes sociais; A importância de Marx para compreendermos e criticarmos a exploração no trabalho digital; A internet e a globalização estão inseridas no capitalismo, no imperi...


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