Resumos Sociologia- Cultura e Socialização PDF

Title Resumos Sociologia- Cultura e Socialização
Author AC Silva
Course Sociologia
Institution Ensino Secundário (Portugal)
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Cultura e Socialização...


Description

Resumos Sociologia: Cultura e Socialização O conceito de cultura evoluiu bastante através dos tempos e foi incorporando cada vez mais significados. A cultura representa, pois, as várias formas que o ser humano encontrou para se relacionar com a Natureza e de a compreender, organizar e manipular em seu proveito. O sociólogo Guy Rocher define cultura como sendo «um conjunto ligado de maneiras de pensar, sentir e agir mais ou menos formalizadas que, sendo apreendidas e partilhadas por uma pluralidade de pessoas, servem para organizar essas pessoas numa colectividade particular e distinta. Acrescenta, ainda, que «os modelos, os valores e símbolos que compõem a cultura incluem os conhecimentos, as ideias e o pensamento, e abrangem todas as formas de expressão dos sentimentos, assim como as regras que regem ações observáveis do modo objetivo», o que leva a que sejam «muito formalizadas num código de lei, nas fórmulas rituais, cerimónias, protocolo […], em certos setores das regras da boa educação, nomeadamente aquelas que regulam as relações interpessoais implicando pessoas que se conhecem e se dão há muito tempo». Portanto, os traços culturais caracterizam-se como uma herança social.

Noção de cultura Cultura é "todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. É, portanto, todo o conjunto de elementos, materiais e imateriais, que define um determinado povo, religião ou comunidade. Na Sociologia, a cultura desempenha uma função muito importante: ela assume um significado especifico e é analisada na perspetiva da sua dimensão social. Em sentido Sociológico a cultura traduz “tudo aquilo que o Homem acrescenta à natureza ou tudo aquilo que é apreendido e partilhado por todos os membros de uma comunidade”. Os instrumentos de trabalho e de produção, os rituais, as crenças, o vestuário, as regras de comportamento, as formas de comunicação, a culinária, a arte, a arquitetura, as relações sociais e familiares, a educação, a conceção de bem e do mal ou de certo e de errado, a hierarquização das necessidades, a religião, a política, as instituições e as expetativas em relação ao futuro são fenómenos culturais.

Características da cultura A cultura é:

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pluridimencional apreendida e não hereditária partilhada por um povo exclusiva do ser humano

- sistema integrado e dinâmico - concretizada no modo de vida das pessoas do grupo

Elementos da cultura Os elementos de uma cultura podem ser materiais ou imateriais. Os elementos materiais compreendem as obras realizadas, as técnicas e são, por exemplo, as habitações, o vestuário, as estradas, os alimentos, etc. Os elementos espirituais ou imateriais compreendem as ideias, as crenças, as normas e os valores, como por exemplo, o bem, o mal, a justiça, a beleza, a bondade, a liberdade, a religião, a literatura, a arte, a música, etc. Os elementos materiais e imateriais interagem e não existem separadamente e, assim, produzem a cultura. Eles baseiam-se uns nos outros, reforçam-se mutuamente e quando a sua relação se quebra, a sociedade perde algumas das suas referências culturais. Os elementos espirituais influenciam os elementos materiais: como exemplo temos os elementos espirituais que proíbem uns povos de comer carne de vaca porque se trata de um animal sagrado. Os elementos materiais condicionam também os elementos espirituais: como exemplo temos a inovação tecnológica que alterou certos valores morais, religiosos, económicos e políticos.

Homem como produto e produtor de cultura Cada indivíduo herda o património cultural dos seus antepassados, mas este património não é completamente imutável: cada vez mais o ser humano acrescenta elementos novos à sua cultura e fá-la evoluir, transformando a herança a transmitir aos seus descendentes. O homem é, então, um produto da cultura e, simultaneamente, produtor de cultura.

Padrão de cultura A cultura de uma sociedade é constituída por diversos elementos que, se combinam e entrelaçam criando formas e padrões próprios. Os modos de vida próprios e habituais de certas sociedades ou grupos e adotados pela maioria dos seus elementos constituem os seus padrões culturais. Podemos, então, definir padrões de cultura como formas coletivas de comportamento que enquadram e orientam as ações individuais. Os padrões de cultura têm uma grande importância relativamente à coesão social: se seguirmos um determinado padrão de cultura o nosso comportamento torna-se previsível (sabemos a forma correta a agir e os outros já esperam que o nosso comportamento seja de determinada forma). Esta previsibilidade gera nos indivíduos um sentimento de segurança.

Subcultura No seio das culturas dominantes encontramos grupos restritos que comungam traços culturais distintos dos da cultura dominante. Estes não entram em conflitos com a cultura dominante sendo aceites e tolerados por ela. A este fenómeno chamamos de “subcultura”. A subcultura distingue-se da contracultura (fenómeno cultural em permanente conflito com a cultura dominante) e da aculturação (processo de mudança cultural e psicológica que resulta do contacto directo entre duas culturas).

Valores Os valores (elementos imateriais da cultura) são maneiras de ser ou agir que uma pessoa ou coletividade reconhece como ideal, tornando os seres ou as condutas a eles associados como desejáveis. A cultura influencia o que os indivíduos valorizam no grupo ou na sociedade em que vivem (ex: a prática da monogamia vs poligamia). Este conjunto de ideias, próprias de cada sociedade, que define o que é considerado importante, significativo ou desejável, constitui um sistema de valores. Os valores de uma cultura podem estar descritos formalmente, nomeadamente em textos institucionais, como as leis - valores formais (ex.: a liberdade, consagrada em textos jurídicos). Os valores que não estão formalizados mas que estão inscritos na mente de cada indivíduo são os valores informais, e não deixam de influenciar fortemente as suas ações (ex.: valores como a lealdade e o companheirismo são muito importantes numa amizade, segundo a opinião das pessoas). Os valores não só variam de cultura para cultura, variando, também, dentro da própria cultura, entre os vários grupos que a constituem, e ainda ao longo do tempo relatividade espacial e temporal da cultura A sociologia tem como função analisar os valores de um determinado grupo sem emitir juízos de valor: sociologicamente, não há valores certos nem errados, apenas valores a analisar.

Funções dos valores 1º definem os objetivos que as pessoas devem procurar atingir 2º são suporte de coesão social porque, ao serem compartilhados por todos, levam-nos agir da mesma maneira (orientam a ação) 3º criam sentimentos de solidariedade entre as pessoas atenuando conflitos que possam existir entre elas 4º determinam e legitimam as condutas, desempenhando uma função explicativa e uma função normativa; as normas por que nos regemos dependem dos valores aceites pela nossa comunidade

Os modelos de comportamento alicerçados em valores são por nós interiorizados através do processo de socialização desde que nascemos, tornando-se difícil cometer desvios. Neste sentido, a socialização é um processo de transmissão cultural.

Diversidade cultural A diversidade cultural traduz-se na variedade de valores e comportamentos. Apesar de existirem variadíssimas culturas em todo o mundo, os hábitos culturais distintos não estão tão distantes uns dos outros como pode parecer. Alguns lugares, como as grandes capitais europeias, são cada vez mais multiculturais, em resultado dos movimentos migratórios globais. Pessoas de diferentes origens étnicas, com idiomas e hábitos culturais distintos, cruzam-se diariamente nas mesmas cidade, bairros ou locais de trabalho - a diversidade cultural é uma realidade incontornável.

Etnocentrismo cultural Os padrões de cultura só fazem sentido nos contextos culturais em que ocorrem, daí que seja incorreto interpretar um comportamento à luz de outras culturas; se o fizermos estamos a cair no etnocentrismo. O etnocentrismo cultural consiste, então, em julgar as outras culturas tomando como padrão os nossos modelos culturais. Quando assumem esta conduta, os indivíduos estão a sobrevalorizar a sua cultura, considerando a dos outros “inferior”. Podemos falar em duas formas de etnocentrismo: - Forma geral: abrange toda a cultura de um povo; - Forma contextualizada: incide sobre uma classe social, um grupo étnico, um clube, uma profissão ou sobre um sexo. Nas sociedades actuais, o etnocentrismo cultural dá muitas vezes origem a fenómenos como: • Racismo – atitude que se traduz na rejeição de indivíduos de raça ou de etnia diferente; • Xenofobia – atitude que se traduz na rejeição de indivíduos de nacionalidade diferente. De positivo, no etnocentrismo, podemos apenas salientar o seu contributo para a preservação/coesão de uma cultura, reforçando a identidade do “nós”, já que une os indivíduos em torno de valores e princípios que consideram ser os ideais. De negativo, nesta atitude etnocêntrica temos o facto de impedir a objetividade e a imparcialidade científica e de eliminar a diversidade e o relativismo cultural, conduzindo a comportamentos discriminatórios. Tal tem contribuído para que alguns grupos não aceitem outros grupos ou algumas culturas não aceitem outras culturas, só porque têm formas de ser e de estar diferentes.

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O ser humano quando nasce é um ser culturalmente vazio, sendo apenas um ser biológico geneticamente preparado para crescer como ser cultural. Contudo, à medida que vamos crescendo em contacto com os grupos da nossa cultura (família, escola e grupo de amigos), tornamo-nos seres culturais/socializados. Lentamente e de forma inconsciente assimilamos valores, normas, comportamentos que nos tornam membros de uma cultura. É neste sentido que dizemos que o ser humano é também um animal condicionado, uma vez que o seu comportamento é apreendido através do processo de socialização no seio dos grupos em que integra.

Noção de socialização A socialização consiste na interiorização que cada indivíduo faz, desde que nasce e ao longo de toda a sua vida, das normas, dos valores e dos modelos de comportamento da sociedade em que se insere. Socializar é, portanto, inculcar no indivíduo os modos de pensar, sentir e agir do grupo em que ele está integrado. A socialização é essencial para a integração social.

Características da socialização A socialização é um processo:

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dinâmico (implica uma permanente adaptação a novas situações numa sociedade) interativo (o indivíduo adapta-se à sociedade mas também a transforma) duradouro (prolonga-se ao longo de toda a vida do indivíduo) global (diz respeito a vários domínios da vida do indivíduo, incluindo elementos materiais e imateriais)

Socialização Primária Durante a infância ocorre a chamada socialização primária. Nesta fase, a criança é socializada essencialmente pela família e as aprendizagens são mais intensas e marcantes, uma vez que, biologicamente, a criança está preparada para receber e assimilar grandes doses de informação, e ainda porque existe uma forte ligação emocional e afetiva com os seus socializadores. Ao longo deste período são aprendidas coisas determinantes como a linguagem, a moral, os modelos de comportamento e as regras básicas da sociedade.

Socialização Secundária A socialização secundária pressupõe a socialização primária. A socialização secundária é todo e qualquer processo subsequente que introduz um indivíduo já socializado em novos setores da sua sociedade. Ela acontece a partir da infância, quando nos deparamos com diferentes pessoas em diferentes situações ao longo da vida (escola, grupos de amigos, trabalho, outros países, etc.). Em cada novo papel que assumimos (aluno, amigo, profissional, turista, pai, etc.), existe uma nova aprendizagem das expectativas que a sociedade ou o grupo depositam em nós relativamente aos nossos papéis e ao nosso desempenho.

Mecanismos de Socialização Os principais mecanismos de socialização são:

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Aprendizagem - corresponde à interiorização das normas e modelos de comportamento através de tentativas, erros e repetições.

- Imitação - corresponde à reprodução mecânica de comportamentos e atitudes observadas nos outros membros do grupo a que pertencemos; cópia dos comportamentos observados.

- Identificação - corresponde à apropriação dos comportamentos dos outros indivíduos ou grupos próximos de nós com os quais nos identificamos; os comportamentos dos outros passam também a ser os nossos, fazendo parte da nossa bagagem comportamental. Os mecanismos de socialização são distintos mas atuam, muitas vezes, em simultâneo.

Agentes de socialização Os mecanismos de socialização são acionados por grupos ou contextos sociais, como a família, escola, meios de comunicação social, etc., aos quais habitualmente chamamos de agentes de socialização. Todos os grupos a que pertencemos são agentes de socialização, na medida em que nos obrigam a interiorizar um determinado papel social. Os agentes de socialização contribuem de forma direta para a aprendizagem social, ainda que de formas diferentes, ao longo da vida do indivíduo - são promotores do processo de socialização. Os principais agentes de socialização são:

- Família – é o primeiro e principal agente de socialização; é nela que damos os primeiros passos no sentido da nossa integração social; transmite-nos traços culturais e valores próprios do seu grupo social; atualmente, asocialização primária é repartida com cresces e jardins de infância; é na família que aprendemos as regras básicas e os modelos básicos de comportamento

É, geralmente, no seio da família que a criança aprende a comunicar, a alimentarse e a cuidar da sua higiene, enquanto vai também identificando e assimilando valores, regras e atitudes que vão moldando a sua personalidade e que contribuem para a sua futura aceitação social.

- Escola - é um importante agente de convívio e sociabilidade juvenis; proporciona-nos instrumentos de trabalho, métodos de reflexão, conhecimentos e também novas regras de conduta e disciplina; transforma-nos num ser útil à sociedade. Na escola, a criança aprende novos valores, como o respeito à autoridade, e novas noções, como a de pontualidade.

- Meios de Comunicação - assumem um crescente e forte protagonismo como fontes de informação e entretenimento e, consequentemente, como agentes de socialização; o seu papel de sedução acaba por modelar comportamentos, atitudes e maneiras de pensar e de agir

- Rua - pode ser, principalmente em pequenas comunidades, um importante espaço de aprendizagem e socialização onde as pessoas ampliam e diversificam o seu conhecimento relativo à realidade que os envolve

Efeitos da socialização - estrutura a personalidade do indivíduo - facilita a integração - transmite cultura, normas, valores e comportamentos - obriga a renegociações permanentes e à (re)socialização - contribui para o desenvolvimento de competências e representações

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Representações Sociais A vivência social leva os indivíduos a terem uma ideia de si próprios e da sociedade em que estão inseridos, à qual podemos chamar de representação. Estas representações são construções simbólicas representativas de um determinado grupo de uma sociedade. A representação procura uma familiaridade com o objeto. As representações sociais têm origem na necessidade de reduzir a complexidade da realidade que nos cerca e de a classificarmos. Constituem-se, por isso, como esquemas de perceção e de classificação da realidade que surgem para simplificar a complexidade da sociedade. As representações sociais pressupõem valores no caso da representação do que é um bom aluno, estamos a atribuir valor ao sucesso escolar, à escola enquanto instituição e ao sucesso profissional.

As representações sociais são saberes socialmente engendrados e partilhados com funcionalidades práticas diversas na interpretação e no controlo da realidade. Eles constituem referências explicativas comunicacionais e operatórias. Elas nomeiam e classificam, produzem imagens que condensam significados, atribuem sentido, ajudam nas suas diversidade estruturadas, a reproduzir identidades sociais e culturais. Podemos, resumidamente, afirmar que uma representação social: 1) 2) 3) 4) 5) 6)

é uma avaliação de uma dada realidade é formada ao nível social e partilhada socialmente pressupõe valores é fruto de experiências passadas, decorrendo da nossa socialização nomeia, classifica e dá sentido ao que observamos orienta e justifica comportamentos (atua num plano individual - agimos em função das representações que temos)

Estigma O estigma está muitas vezes associado às representações sociais negativas. ex.: sempre que julgamos não corresponder à representação ideal de beleza podemos sentir-nos “deslocados” ou ser alvo de várias formas de marginalização....


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