Trabalho Individual MTI Igor Correia PDF

Title Trabalho Individual MTI Igor Correia
Author Igor Correia
Course Métodos e Técnicas de Investigação: Extensivos
Institution Instituto Universitário de Lisboa
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Summary

Resumo de parte da obra de GHIGLIONE, R., MATALON, B., O Inquérito - Teoria e prática, Oeiras, Celta, 1997, pp. 25-61 para o trabalho individual da cadeira de MTI: Extensivos...


Description

Métodos e Técnicas de Investigação: Extensivos

Ano Letivo 2017-2018 Licenciatura 1º Ano Sociologia – 2º Semestre Docente: Madalena Matos Discente: Igor Correia (nº82869) Turma SA2

Parte I GHIGLIONE, R., MATALON, B., O Inquérito - Teoria e prática, Oeiras, Celta, 1997, pp. 25-61

O livro “O Inquérito: Teoria e Prática”, escrito por Rodolphe Ghiglione e Benjamin Matalon, trata-se de uma obra importante que, como o próprio nome do livro sugere, incide sobre o tema do inquérito. Dividido em duas partes, pretende explicar como é feita a produção dos dados dos inquéritos e como deve ser desenvolvida a análise e interpretação desses mesmos dados. A realização do presente trabalho escrito irá, desta forma, recair sobre a Parte I A Produção dos Dados dos Inquéritos, traduzindo a sua pertinência sobretudo no que concerne ao capítulo “Escolha da População a Inquirir”. O capítulo em questão começa inicialmente por repartir a pergunta Quem Inquirir? em duas outras perguntas importantes: “a) Qual é a população (ou, talvez, as populações) que é necessário conhecer? b) Como escolher, nessa população, as pessoas a inquirir efetivamente, dado que, na maior parte dos casos, se exclui a hipótese, aliás inútil, de as interrogar a todas?” (Ghiglione, R e Matalon, B, 1997: 25) O primeiro tópico abordado começa por dizer respeito à escolha da população que vai ser inquirida, no qual o autor explica que a situação mais comum, ainda em referência às duas questões anteriores, é a de que se descarte, à partida, a primeira questão, centrando a atenção na segunda, posto que é muitas vezes preferível que se melhore o alcance do inquérito, isto é, a capacidade do inquérito se debruçar sobre uma maior população, sendo ainda outra hipótese a diminuição do custo por meio de uma seleção criteriosa da população. Para melhor entender isto, os autores utilizam o exemplo das sondagens, ainda que este se trate de um caso raro em que a população a estudar está precedentemente determinada – todos os eleitores. Porém, para a

maioria dos casos, “é necessário fazer escolhas, tomar decisões, estabelecer limites parcialmente arbitrários” (Ghiglione, R e Matalon, B, 1997: 26). Quando se entende que o interesse corresponde a um grupo mais restrito, ou seja, mais circunscrito, R. Ghiglione e B. Matalon esclarecem que é preciso que as definições desse mesmo grupo sejam realizadas de modo rigoroso, para que se torne clarividente o que se entende por esse mesmo grupo e por conseguinte perceber se determinados indivíduos fazem parte, ou não, do grupo pretendido. Destaca-se ainda o facto de que pode necessário inquirir uma outra população para que seja possível uma comparação que permite identificar se as opiniões são, de facto, específicas ao grupo. É ainda mencionada a questão dos grupos de controlo , noção de metodologia experimental em que se constrói uma amostra consoante as análises pretendidas e não apenas consoante a representatividade. Deste modo, em vez de se contruírem amostras representativas da população, constroem-se várias amostras representativas de subpopulações, em que as características e a dimensão são definidas de acordo com a análise desejada. Isto torna possível “verificar um grande número de hipóteses, estudar a influência de um vasto número de fatores” (Ghiglione, R e Matalon, B, 1997: 29). Posteriormente, segue-se o capítulo do Método de Amostragem , no qual se começa por definir o que é uma amostra no primeiro subcapítulo Amostras representativas. Os autores explicam como é raro e chega a ser impossível inquirir todos os membros de uma população uma vez que, ao inquirir-se um número de indivíduos corretamente escolhidos, se pode obter as mesmas informações, tendo sempre em atenção uma determinada margem de erro. Contudo, o problema coloca-se na seleção de um grupo de sujeitos para que esta seja, de facto, generalizada à população, sendo que a amostra só é verdadeiramente representativa quando todos os membros da população possuam a mesma probabilidade de vir a fazer parte dessa amostra; caso isso não se verifique, é possível afirmar que a amostra é enviesada. Algo importante neste processo de sorteio dos indivíduos constituintes da amostra, é o facto desse mesmo processo ser realmente aleatório. Para que

isso seja possível, é fundamental dispor de uma base de sondagem , ou seja, uma lista de todos os membros da população que se pretende estudar, como é o caso dos cadernos eleitorais. Porém, quando a população estudada é de pequena dimensão, é possível que se tenha acesso a algum tipo de base de sondagem específica, como as listas de pagamentos ou de contabilidade, por exemplo. Apesar

de

os

autores

assumirem

que

“uma

amostragem

verdadeiramente aleatória assegura por si própria a representatividade.” (Ghiglione, R e Matalon, B, 1997: 34), os mesmos acabam por revelar que, na verdade, esta aleatoriedade raramente é utilizada e garantida na prática. De seguida, são mencionados dois aspetos importantes, principalmente no que concerne ao inquérito sociológico: as unidades e cachos. Aos objetos de estudo com que os sociólogos são confrontados recorrentemente, como é o exemplo da família, empresas, dá-se o nome de unidades de análise. Assim, torna-se essencial destacar o facto de os autores distinguirem entre o que são unidades de sondagem, encontradas nas bases de sondagem disponibilizadas, e o que são unidades de análise que, por sua vez, se referem a hipóteses e que se pretende estudar. Como tal, é de extrema importância ter em atenção a base de sondagem que se utiliza, de forma a que esta corresponda à unidade que se pretende analisar. Por seu turno, quando se fala de cachos, os escritores explicam como estes englobam um conjunto de unidades que são sorteadas juntamente, levando a que os membros que pertencem ao mesmo cacho sejam relativamente parecidos entre si, mas diferentes em relação ao resto da população. Isto pode conduzir a algo chamado efeito de cache . Por outras palavras, é a possibilidade de as respostas dadas pelos indivíduos não serem totalmente independentes, algo que coloca em risco a verosimilhança do inquérito.

Seguidamente,

são

analisadas

as

amostras

estratificadas,

correspondentes a amostras constituídas a partir de taxas de sondagem diferentes que se encontram inseridas em categorias, correspondentes aos estratos; deste modo, são as subamostras destes diferentes estratos que se consideram representativas. Este tipo de amostra corresponde a um processo que

apresenta

várias

vantagens,

tal

como

proporcionar

amostras

representativas, que permitem realizar análises de cada estrato de forma

separada; permite obter melhor estimativas de determinadas grandezas; por fim, torna possível estabelecer comparações entre grupos. Mais tarde, os autores entram no subcapítulo Amostragem local, no qual pretendem explicar que quando o alvo é uma população mais específica para o qual não está disponível uma base de sondagem, “é possível constituir uma amostra correta indo a determinados lugares e procedendo, no local, a um sorteio entre as pessoas presentes.” (Ghiglione, R e Matalon, B, 1997: 38). Nada obstante, este método está também ele sujeito a enviesamentos que, por mais que se tentem eliminar por meio de amostragem geral espacial , que se encontra presente em vários locais e regiões, e amostragem temporal, que permanece nesses locais tanto de dia como de noite, não garantem necessariamente amostragens representativas da população, posto que a probabilidade de um membro de determinada população ser escolhido não está assegurada, pois nem toda a população passa necessariamente nos mesmos locais. Ao subcapítulo que se segue os autores da obra refletem sobre o método que assumem ser o mais utilizado, a Amostragem por quotas . Os mesmos definem o método em questão como um método que “consiste em obter uma representatividade suficiente tentando reproduzir, na amostra, as distribuições de certas variáveis importantes tal como existem na população a estudar.” (Ghiglione, R e Matalon, B, 1997: 40). As “quotas” são algo imposto aos próprios entrevistadores que, para além da capacidade que detêm relativa aos lugares e momentos do inquérito, passam a ter a possibilidade de escolher livremente a pessoa que desejam inquirir. Estas quotas são definidas em função de características como a idade, sexo, profissão, entre outras e, aquando da sua fixação, tornam possível tratar as várias variáveis por si só ou ainda cruzá-las entre si. É ainda possível compreender que a qualidade da amostra por quotas depende essencialmente dos processos que são utilizados. Sucessivamente, Rodolphe Ghiglione e Benjamin Matalon focam o tópico importante dos enviesamentos subcapítulo denominado Enviesamentos na realização da amostra. Como os autores explicitam, as conclusões que serão tiradas de um determinado inquérito dependem da composição da própria amostra e, como tal, se “a amostra é enviesada, a generalização não é

legítima.” (Ghiglione, R e Matalon, B, 1997: 43). No que respeita às amostras aleatórias, os autores destacam as ausências e as recusas: relativamente ao primeiro conceito, é salientado o facto de que as pessoas se podem encontrar fora das suas casas por vários motivos; no que concerne às recusas, R. Ghiglione e B. Matalon afirmam que verificam “que em quase todos os inquéritos um determinado número de pessoas se recusa a responder.” (Ghiglione, R e Matalon, B, 1997: 47). Outro problema que este método suscita passa ainda pelo facto de que os entrevistadores escolhem as pessoas a abordar, visto que (não será “pelo que”?) o risco de estes virem a inquirir pessoas que já conhecem é muito grande. Para terminar a questão dos enviesamentos, os autores destacam a importância que os enviesamentos representam na amostra, salientando que quando a percentagem de recusas ou ausências é pequena, a validade dos resultados não é seriamente atingida. É de ter igualmente em atenção o facto de que a gravidade dos enviesamentos vai depender muito da natureza dos resultados que se pretendem alcançar. Por fim, Ghiglione e Matalon deixam um alerta para não se confundir os erros de amostragem com estes tipos de enviesamento mencionados. À medida que o texto segue, os autores abordam a questão das amostragens nos inquéritos não estatísticos. Neste subcapítulo, é referido que é inútil utilizar métodos não estandardizados para inquirir grandes números de populações, sendo que se trata de um processo demasiado lento para ser realizado, devido à imensidão de pessoas que existem para entrevistar. Ao chegar ao penúltimo subcapítulo, o tema a ter em atenção passa a ser A dimensão da amostra , cujo objetivo principal é o realce da importância da dimensão da amostra inquirida, da qual a qualidade e as validades dos resultados dependem. Aqui, é ainda salientada a existência de uma vantagem ao serem constituídas amostras experimentais concebidas em função das análises previstas, no qual o objetivo é evitar que as amostras sejam desnecessariamente grandes. No último subcapítulo, Rodolphe Ghiglione e Benjamin Matalon tentam responder de uma forma muito sucinta à pergunta É realmente necessário que uma amostra seja representativa?, tendo como base o que foram afirmando e discutindo ao longo do capítulo assumindo, à partida, que é muito raro trabalhar

com amostras perfeitamente representativas, uma vez que estão sujeitas a inúmeros enviesamentos. Outros dois aspetos importantes que os autores retomam diz respeito, por um lado, à realidade de que por qualquer motivo seja ele económico ou de comodidade -, o mais recorrente é a limitação a uma população mais pequena ou uma subpopulação, quando o que se pretende efetivamente é o total da população, e por outro, o facto de a amostra ser constituída por enviesamentos que correspondem a variáveis que não se conseguem identificar, o que motiva a que seja necessário vigiar os processos de construção da amostra....


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