Antropologia - etcidade PDF

Title Antropologia - etcidade
Course Antropologia Jurídica
Institution Universidade Federal de Santa Catarina
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Resumo antropologia....


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Antropologia Jurídica Capítulo 2: Etnicidade, alteridade e tolerância CAPÍTULO 2 – ETNICIDADE, ALTERIDADE E TOLERÂNCIA

1) ETNIA: IDENTIDADE, DIFERENÇA E IDENTIDADE CONTRASTIVA Etnia é a definição de um grupo social, marcado por traços físicos e culturais que lhe dão identidade própria. Entre eles, compartilham um passado comum e possuem uma história viva na memória coletiva. A cultura é a parte do ambiente feita pelo homem, e pode ser do tipo  

Material (ergologia): artefatos, bens tangíveis, construções, ferramentas, instrumentos ou Imaterial (animologia): as crenças, conhecimentos, significados, valores e aptidões.

Fatores materiais

Identidade "É o que caracteriza a etnia" Fatores imateriais

Cada etnia é caracterizada pela sua identidade, que é composta por fatores materiais e imateriais integrantes da cultura de uma determinada comunidade. A etnologia, então, é a ciência que estuda a identidade étnica, enquanto que a etnografia estuda a descrição gráfica dos comportamentos étnicos. A identidade contrastiva é o elemento de percepção de pertencimento a um determinado grupo étnico. Quando duas etnias se encontram na fronteira interétnica, a identidade e a diferença mostram a sua relação de dependência, pois sé é possível perceber os limites de uma identidade quando comparamos com a identidade de outro. Página 1 de 5

Justamente nessas faixas de confronto é que o homem cria um sentimento de unidade e passa a se enxergar como um indivíduo que pertence a uma determinada etnia. Ex. judeus e muçulmanos, homossexuais e heterossexuais, etc.

2) ALTERIDADE, FRICÇÃO INTERÉTNICA E EXCLUSÃO A alteridade se dá quando membros de grupos étnicos se encontram. Quando esse encontro é marcado por conflitos, tensões ou violências físicas ou simbólicas, dá-se o nome de fricção interétnica. A seguir, alguns pontos importantes da fricção interétnica: 

Trata-se de processo complexo e tenso de atrito;



A existência da identidade de um tende a negar a identidade do outro;



Quando a identidade e a diferença estão em estreita conexão com as relações de poder, a fronteira adquire uma característica litúrgica e sacrifical, pois um lado é degradado para viabilizar a existência daquele que domina, subjuga e explora;



Nas fricções interétnicas, o que importa é reconhecer que o outro é motivo de antagonismo e estranheza, quando não de exploração e crueldade. Isso se dá porque o outro é visto numa perspectiva de um ser humano inferior ou de um grupo de menor valor;



Trata-se de uma questão atual no mundo contemporâneo. Ex. conflitos entre hispânicos, negros, iraquianos nos EUA.

O processo de exclusão do outro (intolerância) pode variar de forma e intensidade entre grupos distintos, ou entre indivíduos do mesmo grupo. Ainda não há explicações quanto à origem desse sentimento. No entanto, sabe-se que estigmatização está relacionada ao medo e à tentativa de elevar sua própria autoestima com a diminuição do outro. Logo, conclui-se que: 

Só se pode esperar maior tolerância entre os povos a partir do momento que se conseguir reduzir o temor recíproco, tanto no plano individual quanto coletivo;



Quanto maior a autoconfiança de um povo em relação ao seu valor, maior será o nível de tolerância com os outros povos.

3) ETNOCENTRISMO OU GENOCÍDIO CULTURAL Página 2 de 5

Antropologia Jurídica Capítulo 2: Etnicidade, alteridade e tolerância O etnocentrismo é quando um indivíduo enxerga o outro sendo inferior, pois se considera que sua etnia é a referência absoluta da humanidade. Esse processo pode ocorrer de 3 formas: 

Estigmas;



Segregações;



Genocídio (físico ou cultural).

Segundo o dicionário de etnologia, etnocídio (genocídio cultural) é a imposição de um processo de aculturação de uma cultura por outra, conduzindo à destruição dos valores sociais, morais e tradicionais da sociedade dominada. Já o Tratado de San José da Costa Rica, define o etnocídio como sendo negar a um povo o direito de desfrutar, desenvolver e transmitir sua própria cultura. Algumas considerações sobre o genocídio cultural: 

Foi excluído da versão final do “Projeto da Convenção de Genocídio” da ONU, como uma das espécies de genocídio;



Não foi incorporado ao Direito Internacional Público como crime internacional;



Novamente foi descartado dos instrumentos jurídicos internacionais, tanto o Tribunal de Ruanda, tanto o Tribunal Penal Internacional de Roma (no entanto, este incluiu o apartheid, que é próximo ao etnocídio);

Apartheid Fundamento Baseia-se na crença de superioridade racial ou étnica e na exclusão do outro. Principais formas de Segregação exclusão Finalidade Degradação ou eliminação do outro pela segregação

Exemplo

África do Sul, EUA

Etnocídio Baseia-se na crença de superioridade racial ou étnica e na exclusão do outro. Integração forçada ou aculturação Degradação ou eliminação do outro pela inclusão forçada do outro numa cultura diferente (língua, tradição, costumes) Indígenas da América Colonial

4) TOLERÂNCIA E ESTADO PLURIÉTNICO Página 3 de 5

Pensar em tolerância, é refletir sobre a diversidade cultural do mundo e os caminhos de uma relação mais justa, tanto do ponto de vista ético como humano, uma vez que as relações sempre foram muito desiguais e apoiadas em visões de mundo muito exclusivas sobre o que é o ser humano. Em que pese o fenômeno da globalização como um processo de uniformização e massificação cultural, é inegável que ainda existem territórios singularizados, onde habitam povos que reivindicam sua identidade cultural e nacionalidade. Trata-se de forças que atuam simultaneamente em sentidos opostos, de um lado para a fragmentação, de outro para a integração. Como superar as diferenças sem eliminá-las? Tendo em vista que a diferença e a diversidade estão na raiz da ordem pluralista, devese admitir a diversidade dos seres do mundo para se alcançar um Estado de Direito Pluriétnico. Logo, a cultura da tolerância é o plano de ação de uma ordem pluralista.

Conceitos de tolerância O que é tolerância

O que tolerância

não

é

ARRUDA: “Respeito e valorização dos traços singulares do outro, Caridade, resignação, com reconhecendo as diversidades e mantendo a convivência justa e conformismo uma convivência criativa dessas pluralidades. indesejada, hipocrisia. PSICOLÓGICA: “É a disposição de espírito capaz de criar novas formas de relação interétnica, baseadas em uma moral universal. “ UNESCO: “É uma virtude pessoal que reflete a atitude e a conduta social de um indivíduo ou o comportamento do grupo. ” Dialogar aberta e francamente, expor as diferenças, respeitá-las e Silenciar diante do tratá-las com naturalidade. outro, fingindo aceitação. Pontos importantes sobre tolerância: Página 4 de 5

Antropologia Jurídica Capítulo 2: Etnicidade, alteridade e tolerância 

A UNESCO reconhece a diversidade cultural como patrimônio da humanidade, e enfatiza que em todas as culturas deve ser preservada e respeitada.



É necessário afrouxar certos laços existenciais ao se relacionar com o outro, mas sem abrir mão de sua identidade;



A prática da tolerância permite a elaboração de um processo dinâmico de enriquecimento mútuo, o qual acontece por intermédio do estabelecimento de trocas permanentes.



A prática da tolerância é uma atitude ativa dos indivíduos e grupos.



A tolerância corresponde ao encontro de singularidades, baseadas em uma moral civilizatória que reconhece a diferença como condição de relacionamento.



Um dos grandes obstáculos da prática da tolerância é o medo do outro, como se fosse uma ameaça a cultura. Logo, estabelecer relações de tolerância significa superar o medo do outro;



A Educação é o meio mais eficaz de se prevenir a tolerância;

Onde ocorre a intolerância? 

Metade dos atos de intolerância encontram raízes em questões religiosas;



No campo doméstico, quando o Estado possui políticas omissas e discriminatórias, os grupos dominantes se impõem e desenvolvem os mecanismos de exclusão e estigma sobre as minorias (negros, homossexuais, ciganos, etc.).



Movimentos de xenofobia. Ex. albaneses na Itália, marroquinos na França, etc.

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