Arte Contemporânea – Uma introdução ( Capitulo 2 – A atualidade ) PDF

Title Arte Contemporânea – Uma introdução ( Capitulo 2 – A atualidade )
Course Estetica E Historia Da Arte Ii
Institution Universidade Federal do Espírito Santo
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Summary

Trabalho sobre o capítulo 2 do livro Arte Contemporânea – Uma introdução, da Anne Cauquelin....


Description

A arte tecnológica Dentro da Arte Tecnológica podemos identificar duas práticas, a primeira utiliza meios de comunicação tradicionais: os correios, os envios postais, para realização de suas obras artísticas livres, cujos princípios são os das figurações. Ou ainda técnicas mistas que reúnem nas instalações imagens de vídeo, de televisão e intervenções pictóricas. E a segunda prática utiliza das facilidades proporcionadas pelo computador, como as possibilidades de suporte de imagens e instrumento de composição. Há uma exploração desse novo mundo dos softwares, pouco a pouco, enquanto a relação no processo da obra vai se renovando, no ambiente social e na realidade virtual. 

Mail art, arte sociológica, videoarte

É criada uma rede postal onde os envios são feitos entre artistas ou entre artistas e destinatários anônimos e, assim, constroem uma trama de acontecimentos. Essa troca permite construir uma obra com diversas vozes, abalando a noção de autor único. A mail art destaca a importância contemporânea da comunicação e da necessidade de se construir redes. Nisso reside seu aspecto sociológico, já que o artista da comunicação passa a trabalhar de forma que os instrumentos não são mais a origem da produção da obra, mas, sim, a transmissão já existente. Sociológico porque as intervenções vêm para embaralhar aquilo que indicava transparência na informação, tornando sensível e critico um meio de comunicação que parecia funcionar automaticamente e tornando visível a invisibilidade do regime de redes. A arte sociológica nos convida a tomar consciência de que vivemos em um mundo entregue as transmissões mecânicas, com um tom satírico, quase dadaísta. Na parte propriamente artística, a atividade textual da mail art se aproxima, frequentemente, da arte conceitual. Dentro da mesma linha, a copy art utiliza meios mais sofisticados, como fotocopiadoras, telecopiadoras e geradores de imagens vídeográficas e infográficas. São instrumentos de composição de imagem e de transmissão que vão contra o sistema tradicional de composição. Don Foresta, um artista de pesquisa e teórico em arte, pioneiro no uso de novas tecnologias como ferramentas criativas, fez um intercambio de imagens por linha telefônica dos Estados Unidos na Bienal de Paris, em 1982. A 12ª Bienal de Paris foi o segundo evento slowscan - método de transmissão de imagem estáticas via rádio em preto e branco ou a cores. Don Foresta propôs uma troca de slowscan ligando 11 fotógrafos americanos com 12 fotógrafos da França. As imagens foram trocadas durante três semanas, fotografadas e penduradas nas paredes da sala Fee de l'Electricité no Museu de Arte Moderna, Ville de Paris. A arte sociológica passa a utilizar a rede de comunicação multimídia e a videoarte se serve das possibilidades oferecidas pela entrada da rede de monitores no sistema de relação entre o espectador e a obra. A instalação desses monitores de vídeo delimita um espaço onde o real e a ficção estão lado a lado e se interligam.

Na instalação ‘Presente Continuous Past(s)’, do Dan Graham, o espectador encontra-se preso a sua própria imagem, uma câmera capta a imagem de uma sala, com um grande espelho na parede, e ela está posicionada a cima de um monitor que mostra o que ela está gravando. Pelo jogo do espelho e da televisão, a pessoa se vê repetida ao infinito, mas a imagem de vídeo tem uma diferença de segundos e seu atraso se acumula, fazendo com que virtualmente a imagem do espectador não saia da instalação. Nam June Paik faz uma obra que questiona a relação do espectador com a tela, onde uma estátua do Buda se encontra frente a uma televisão, ao lado dela tem uma câmera posicionada que reflete a imagem dele, fazendo que ele olhe sua própria imagem captada ao vivo. 

As novas imagens ou tecnoimagens

Com a chegada das imagens numéricas, das animações em 3D, dos efeitos especiais e das imagens virtuais, a área artística começa a se abalar. E por área artística compreendemos além das obras dos artistas, os comentários dos críticos de arte, os dos historiadores e dos teóricos de arte, os aficionados, colecionadores, galeristas, conservadores de museus e espectadores. O mundo da arte encontrava-se imerso dentro de uma determinada definição do que é ou deveria ser Arte. E os elementos que constituem essa definição se devem a teoria kantiana do julgamento estético, já que aos poucos transformou a arte em vulgata, ou seja, algo mais aceito e difundido, que dizia que a arte não deveria estar ligada a algo útil nem estar sujeita ao julgamento intelectual, apenas o autor exerceria poder sobre a obra, e que elas deveriam comunicar universalmente. As tecnoimagens se opõem a esses requisitos, pois a técnica que gera as representações é um instrumento complexo e utilitário, requer instruções de uso já que demanda um conhecimento de cálculo, digitação e/ou operação com programas de computador, o que também culmina na necessidade de uma equipe trabalhando em conjunto, acabando com a unicidade do autor da obra. A obra digital tem uma vida quase autônoma, podendo-se multiplicar, modificar indefinidamente, resultando em uma obra que nunca está parada ou consumada. Philippe Quéau desenvolve uma estética intermediária, estabelecendo paralelos entre a arte digital e os processos vivos e tradicionais. Longe de imitar a natureza, como fez a prática artística tradicional ao longo dos anos, a arte intermediária emularia a lógica intrínseca de funcionamento da natureza e dos sistemas vivos - o seu potencial de metamorfose e devir constantes: "a arte intermediária é uma arte viva: ela pulsa como uma planta ou uma árvore", diz Quéau. Neste sentido, o que importa não é somente a obra em si, mas todo o campo de interrelações e interconexões que se estabelece no processo e desenvolvimento da obra. A arte digital se presta a metamorfoses. Ele joga com a essência dos números, suas ligações profundas com a natureza quântica da luz e com a presença da intenção, a irrupção do gesto, o traço da mente, no menor pixel. Apresento aqui alguns exemplos desta arte virtual e, ainda assim, muito reais. Essas composições podem iluminar suas salas de estar por seus grandes formatos (acima de 1m²) ou seus espaços mais íntimos (formatos menores que 1m²). Eles estão disponíveis em papel de arte de alta qualidade, lona, alumínio ou muitas outras mídias.

Eles também podem ser implantados em telas grandes em alta resolução, para o prazer dos olhos e o tempo de contemplação. Os que tinham como função comentar e julgar a atividade artística apresentaram certo desconforto frente as tecnoimagens, já que antes da chegada dessas produções de computer art, as obras podiam ser descritas e, a partir dessas produções digitais, essa descrição não cabe mais, por que a imagem não passava de algo passageiro e o foco seria no próprio processo de elaboração, que exigiria um conhecimento dos procedimentos utilizados. A resposta para esse desconforto será o silencio, excluindo radicalmente o objeto do campo da estética. E em outros casos ocorrerá ataques contra a sociedade de comunicação que produz coisas ditas insanas e perturbadoras da ordem na arte.

Teóricos da arte, sensíveis as mudanças estéticas, se esforçam para ampliar os limites mas acabam por ignorar as tecnoimagens, por acreditarem que ela não havia dado provas suficientes de sua legitimidade ainda. Na tecnoimagem não se salienta mais aspectos como originalidade, estilo, material, composição e o ‘sentido’, pois elas só são originais em virtude da maneira que foram produzidas e não pelo o que apresentam, e só tem sentido ao se manifestarem como tecnoimagens. O rap, as pichações, a culinária e a tapeçaria são aceitos, mas não o que tem a ver com a tecnologia. Mesmo com as relutâncias, a arte tecnológica segue seu caminho e encontra apoio entre os que tinham interesse em seu desenvolvimento: os industriais, as grandes empresas internacionais de microeletrônica, os produtores de filmes, ou simplesmente, os pesquisadores de informática. O surgimento da Internet causa alvoroço e passa a ser um meio de criação de uma rede de comunicação mundial a partir dos sites artísticos, onde seria organizado um local para o encontro de artistas, para trocas de projetos em curso, construção de uma obra comum e etc. Essa velocidade de acesso a informação e a possibilidade de consultar arquivos a distância, permite que o artista, sem obstáculo de tempo nem de espaço, possa romper completamente com as instituições rígidas, numa viagem pelas maravilhas da arte. Revistas começam a ser publicadas online e inicia-se uma reflexão sobre esses novos dispositivos. Mesmo que os artistas tradicionais não se comovessem muito com essas produções, cada vez mais o público se interessava pelo seu desenvolvimento. O evento Imagina, Fórum Internacional de Novas Imagens, que foi organizado todos os anos pelo Instituto Nacional de Audiovisual (INA) de 1981 a 2000, como parte do Festival de Televisão de Monte Carlo, começa a registrar um número excepcional de visitantes, provando o interesse do público, que não era mais só de industriais....


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