Fichamento - EER - Resumo O Espetáculo das Raças – cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. PDF

Title Fichamento - EER - Resumo O Espetáculo das Raças – cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
Course Estudos Étnico-Raciais
Institution Universidade Federal do ABC
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FICHAMENTP DE TODOS OS CAPÍYULOS DO LIVRO ...


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FICHAMENT Disciplina: Estudos Étnicos Raciais SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Espetáculo das Raças – cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. No livro O Espetáculo das Raças, é apresentado tanto na introdução quanto na conclusão a tese central da autora. O brasil era visto exteriormente como algo singular devido a sua miscigenação, considerada transitória, que tinha no projeto branqueador uma saída para esse problema que era considerado o motivo do atraso do Brasil em relação aos outros países considerados civilizados. Logo, a o objetivo da autora é “entender a relevância e as variações na utilização desse tipo de teoria no Brasil, no período que vai de 1870 a 1930”. (SCHWARCZ, página 18), ou seja, traças uma linha da história das teorias raciais e como ela ganha novos significados em território nacional criando argumentos políticos baseados no darwinismo social que justificavam a permanência de uma hierarquização social rígida e as consequências negativas da miscigenação. No Brasil fora introduzido tardiamente as teorias raciais vinculadas predominantemente na Europa, como explicação para o processo imperialista. Sendo recebido pelos intelectuais brasileiros, com o amadurecimento dos centros nacionais de educação, teorias raciais baseadas no positivismo-evolucionista que inicialmente se introduzia como cópia dos estrangeiros e que ganha contornos nacionais através da análise dos problemas da nação brasileira por parte da elite intelectual. Com isso, os modelos de análises sociais evolucionistas discorridos nesse trabalho “levavam a crer que o progresso e a civilização eram inevitáveis, concluía também que a mistura de espécie heterogêneas eram sempre um erro que gerava não só a degradação do indivíduo como de toda a coletividade” (SCHWARCZ, página 314). Assim, os museus etnográficos permitiram a localização dos pontos de atraso na civilização que reafirmam o problema de cunho racial, assim como os institutos justificavam a hierarquização da sociedade consolidada. O debate maior para encontrar a solução para os problemas do Brasil era entre os “homens de direito”, que acreditavam em prática do direito acima das diferenças raciais, e “homens da medicina”, com projetos higienista e saneadores. Tais ideais permitiram a criação de uma lógica nacional que tem permanência atualmente e que resume a sociedade de acordo com o seu conjunto de raça.

No primeiro capítulo, Entre “homens de sciencia”, expõe como a vinda da família real portuguesa para o Brasil Colônia foi fundamental para a construção de história institucionalizada no futuro país independente. Inicialmente, as redes de saber no Brasil era controlado, sobretudo, pelos jesuítas que ensinavam o básico da educação. Após a vinda da família real, o Brasil passa a ser centro produtor e reprodutor de conhecimento da cultura portuguesa, fato modificado com a independência do país que trouxe uma independência, embora parcial, da cultura europeia criando um centro de conhecimento mais nacional, com uma classe intelectual autônoma. O ponto mais representativo dessa mudança é a criação, em 1838 do Instituto Histórico e Geográfico, ligado a oligarquia nacional que tinha como função a criação de uma história para a nova nação independente. Nesse contexto, as elites nacionais, em decorrência da diversificação econômica em território nacional na década de 70, se diversificaram em regiões tanto em formação quanto em carreira atuando em áreas distintas. Tem-se, ainda, não só mudanças quanto a escravidão com a Lei do Ventre Livre que iniciava o fim da escravidão, mas também inovações na política, descrença na religião e mudanças na literatura. Internalizava-se, na época, a adoção de uma teoria evolucionista vinda da Europa, como meio para explicar as diferenças internas do país e para hierarquizar a sociedade em relação as diferentes raças que dominavam o Brasil, sendo usada na Europa para explicar dominações imperialistas Assim, durante o século XIX, surge as concepções que consideravam a miscigenação corrida em território nacional como o motivo do “atraso” do país. Tal ideal é enfatizado pelos intelectuais brasileiros, que mesmo com as divergências dessa classe, tinham como consenso a inferioridade do negro em relação aos brancos, como forma de manter suas posições de privilégio e dominar a sociedade conforme seus ideais. No segundo capítulo, Uma história de ‘Diferenças e Desigualdades’ – as doutrinas raciais do século XIX’, mostra a criação de diferentes teorias raciais inventadas no século XIX e que são introduzidas no Brasil postulada em tipos como darwinismo, evolucionismo e o positivismo. A época das grandes navegações mostrou homens com costumes estranhos aos navegadores que passam a ser caracterizados de primitivos. Com isso surge o conceito de perfectibilidade “liberdade de resistir aos ditames da natureza ou acordar com elas” (SCHWARCZ, página 59) que se difere da visão humanista que acreditava e uma capacidade singular e que era inerente a todos os homens de constantemente se superarem. Com isso surge duas vertentes: “uma visão

humanista [...], que naturalizava a igualdade humana; e de outro, uma reflexão, ainda tímida, sobre as diferenças básicas existentes entre os homens” (SCHAWARCZ, página 62). O termo raça se insere nesse contexto como uma ideia que estabelece a existência de heranças físicas que permanecia entre vários grupos de humanos, ou seja, havia determinação biológica entre as raças que era além de seu livre arbítrio. Sendo assim, duas visões diferentes são criadas quanto a origem do homem. Por um lado, a visão monogenista acredita que todo homem tem uma fonte em comum e que categorizavam os homens, conforme sua degeneração, como mais ou menos perfeitos, que hierarquizavam os homens m função de seus diferentes níveis mentais e morais. Por outro lado, a visão poligenista, tinha como crença na existência de vários centros de criação que resultariam na diferença raciais encontradas, com isso, há o fortemente a análise biológica em relação ao comportamento humano que seria redigido por leis naturais que consideravam as diversidades humanas como uma consequência das diferenças estruturas sociais , formou-se, assim, darwinismo social. A mestiçagem, nesse contexto, era entendida como algo que deveria ser evitado, já que era valorizado os tipos puros de raça, em que a eliminação de rças inferiores se constituía como uma prática do darwinismo social. No terceiro capítulo, Os Museus Etnográficos Brasileiros - ‘Polvo é povo, molusco também é gente’, é mostrado como nos desenvolvimentos dos museus nacionais é enraizado no modo de análise os modelos evolucionistas como forma de análise da sociedade brasileira e como isso se relaciona com os outros centros de ensino do país. Os museus foram criados para serem um acervo de memórias da história dos países, como fonte de conhecimento científico. Com isso, a autora destaca dois tipos de museus: um nomeado como Peadody Museum of Archeology and Ethnology, que tem como objetivo ressaltar a pré-história, e; e o segundo são os modelos de museus da Europa tendo como objetivo ser um espaço onde se expõe a cultura nacional, principalmente, espécies de fauna e flora e as modificações humanas na apropriação da terra. Com isso, a autora demostra como os métodos de análises darwinistas encontrado nos museus nacionais destacados – Museu Nacional, Museu Paulista, Museu paraense Emilio Goeldi foram fundamentais para construção de teorias científicas que explicavam a hierarquização baseada em diferenças raciais derivado da classificação de espécie, assim como explicado, do ponto de vista biológico, o suposto atraso de um povo em relação a outro manifestado nas especificidades culturais e exóticas de cada país. Vale destacar, que a antropologia, nesse contexto, não era entendida como uma ciência social, mas sim vinculada a ciências naturais,

fazendo com que as relações humanas fossem explicadas biologicamente, assim como na classificação das culturas existentes no país, classificando-a como evolutivas, onde as culturas indígenas eram consideradas primitivas. No quarto capítulo, Os Institutos Históricos e Geográficos, é feita uma análise dos institutos históricos e geográficos criados no Brasil, após a independência, pelo imperador, que tinha como objetivo construir uma história singular para a nação exaltando um passado buscando em fatos e eventos homogeneidade, assim, tornaria possível a respeitabilidade nacional, pelo Instituto Nacional, e as especificidades regionais, pelo Institutos localizados em São de Paulo e Pernambuco. Os institutos eram hierarquizados basicamente da mesma forma, os critérios de admissão não eram por qualificação acadêmica, mas sim por poder de influência que possuía, sendo agregados as elites econômicas e intelectual. O instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, tinha como função principal criar uma homogeneidade nacional, através de um conjunto de medidas, que exaltavam a glória e a pátria, que permitissem a centralização do Estado. A finalidade de todas essas medidas era exaltar a ciência e afirmar a fidelidade do imperador vigente, Dom Pedro I. Com isso, a antropologia e a etnografia eram as disciplinas com maior importância no instituto, no qual os negros eram colocados como incivilizáveis, enquanto os indígenas tinham múltiplas visões que iam de um discurso religioso a símbolo de uma identidade nacional. Sendo assim, ao branco era conferido o papel de civilizador. O Instituto Histórico e Geográfico de Pernambuco tinha como objetivo recuperar a história da pátria e ressaltar a importância da história pernambucana no destino no país. Sendo assim, ele representava as concepções políticas e culturais da região pernambucana que tinha como objetivo manter uma homogeneidade no Nordeste. Com isso, elementos como religião e patriotismo apareciam frequentemente na representação de Pernambuco, que buscavam a determinação de uma “raça pernambucana”, que exaltava a superioridade branca e condenava as populações indígenas e negras. O Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, tinha como função seguir os modelos já colocados pelo primeiro instituto destacado e apresentar as especificidades da região paulista, implementando na história nacional a história paulista, como a “era dos bandeirantes” fortemente destacada como uma identidade paulista. Sendo assim, como nos anteriores, o instituto adotou uma mistura de darwinismo social, monogenismo, poligenismo e religioso de análise social.

No quinto capítulo, As faculdades de direito ou os eleitos da nação, fala sobre um período histórico do Brasil em que há uma necessidade de autonomia quando a ciência, visto que os problemas específicos da nação ainda não estão sendo estudadas de forma direta. Sendo assim, há o investimento do país na formação de uma classe intelectual nacional que fosse próprio e capaz de criar uma nova constituição, visando estabelecer uma autonomia do recente país independente. Para isso, foram criadas instituição de ensino dedicadas ao estudo de Direito no Brasil, uma no Norte, em Olinda, e outra no Sul, em São Paulo. Na primeira, se destaca o foco na questão do problema racial tendo como modelo de análise social o darwinismo e evolucionismo. Já na segunda, a instituição foi influenciada pela política liberal. Vale ressaltar que os bacharéis adquiriam um grande prestígio por ser o mais qualificado a ocupar altos cargos públicos e ainda ter a missão de resolver os problemas sociais na nação vigente. A análise de ambas as instituições teve como base os periódicos publicados por casa uma. Na instituição do Norte só tomou grandes proporções quanto a originalidade e criação de ideias quando foi transferido para Recife a partir de uma classe de intelectuais, baseava-se em uma análise que se distanciava das influencias religiosas e metafísicas e se baseava na biologia evolutiva e determinista que se transferia para a literatura naturalista. O estudioso mais notável é o Silvio Romero que acredita que a mestiçagem era a saída para a homogeneidade brasileira, como condição de que a o branco tem a vitória. Os artigos de antropologia criminal era o mais presente nos periódicos, em que era ressaltado que não havia livre arbítrio e que éramos determinados, além de considerar que o tipo físico de criminoso era previsível. Como em Recife, São Paulo possui as mesmas bases científicas, mas foca na determinação de leis que presidem a evolução da humanidade, transformando o Direito em produto da evolução humana e determina que o mesmo é o objeto do progresso e civilização, sendo, ainda, o que vai possibilitar retirar o país do caos e encaminhá-lo a civilização, e essa era a principal função dessa instituição. Tal ideia vincula a política ao meio acadêmico, tendo a religião como legitimadora, tendo como base evolucionista da Igreja Católica. O grande diferencial dessa instituição é a forma com que veem a questão racial, ou seja, nesse contexto o Estado é soberano e engloba todas as questões raciais, da nação e do povo, no qual estão submetidos a sua ação que está acima da diferença, o que coloca para o Estado como principal personagem no progresso brasileiro.

No sexto capítulo, As faculdades de medicina ou como sanar um país doente, mostra a criação e consolidação como unidade do saber de prestígio da sociedade de duas escolas de medicina, da Bahia e do Rio de Janeiro que tem suas características delimitadas a partir da década de 70. Ambas tinham foco na construção de identidades e medidas de intervenção social, mas, em paralelo, a escola da Bahia tinha como viés a pesquisa quanto a mestiçagem, colocando-a como o problema e como motivo da degeneração da sociedade brasileira devido a fraqueza biológica que resultava desse fato. Tal característica também é encontrada na escola do Rio de Janeiro, embora o foco dessa instituição maior seja o estudo das doenças tropicais. A análise de ambas as escolas é feita por meio das revistas publicadas por elas. A Gazeta Médica da Bahia, tinha como foco a medicina legal e a nurologia, enquanto na revista Brazil Médico, da escola do Rio de Janeiro, tinha como foco a higiene pública, como o saneamento de locais públicos e particulares. Ambas discutiam as questões da saúde considerando as especificidades locais, incluindo o grau de civilização de cada região e traziam a ideia de um país doente e em degeneração. Nesse contexto, as escolas de medicina passam a ter um grande prestígio social e projetos higienizadores passam a ser elaborados projetos que tinham como base os conceitos eugenistas, para intervenção social tendo como foco priorizar as raças consideradas boas e retirar da sociedade pessoas com doenças. Vale ressaltar que tanto os “homens de direito” quanto “os homens da medicina” tinham como foco identificar o problema da nação brasileira e resolvê-lo, devido a isso ambos debatiam sobre o qual o destino nação por caminhos diferentes, sendo o primeiro baseado nas ideias iluministas, e o segundo as ideias biológicas. Ao analisar a obra em paralelo com as aulas ministrada na disciplina Estudos Étnicos Raciais, é possível perceber semelhanças. Assim como colocado em aula, é possível reconstruir o racismo como uma ideologia que teve como principal objetivo justificar o imperialismo europeu como processo civilizatório e a submissão das raças para que a escravidão fosse efetivada sem que houvesse impedimentos religiosos. Ainda nesse sentido, o próprio conceito de raça surge como forma de assentar a ideologia imperialistas que diferenciava pessoas hierarquicamente de acordo com suas características físicas consolidando, assim, uma hierarquia social em que as posições de privilégios são justificadas. Outro ponto que vale ser destacado, é a inserção das teorias raciais no Brasil, que como colocada pela Lilia Moritz, entraram no cenário brasileiro sem que fossem consideradas a diferença sociedade brasileira em relação as sociedades em que as teorias foram criadas, isso

se deve fortemente a característica colonial do Brasil, que já tem em suas origens a influência cultural de suas metrópoles. Sendo assim, por mais que as teorias raciais aqui tenham ganhado um novo significado de acordo com as especificidades do território nacional, ainda tem em sua origem um pensamento eugenia e social darwinista que solidifica a sociedade com base na diferenciação de raças e com uma alta aceitação devido a suas bases científicas vinculadas aos centros de saber institucionalizados no Brasil, em que a criação de projetos de soluções acerca do atraso civilizatório brasileiro tem como objetivo a exclusão do mestiço, ora visto como solução, ora como problema central e exclusão das raças consideradas inferiores. Por fim, esse contexto expresso na obra de Lilia Moritz e nas aulas da disciplina mostram como todo esse histórico de ideias darwinistas sociais e de hierarquização racial que não permaneceram nas ideias da classe intelectual, mas que foram implementados em projetos de branqueamento e de higienização social resultaram em leis que visavam a exclusão dos negros na sociedade, como medidas que impediam sua educação e que dificultavam sua inserção no mercado de trabalho, impedindo-os, mesmo após a abolição da escravidão, de não serem mais submetidos a uma raça que se considerava detentora do poder civilizatório. Com isso, é possível entender as raízes da sociedade racista atual e como isso se perpetua pela cultura e pelos modos de expressão que sempre associam a negritude a algo inferior ou ruim....


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