Mieloencefalite protozoária eqüina e Neosporose PDF

Title Mieloencefalite protozoária eqüina e Neosporose
Course Doenças Parasitárias dos Animais Domésticos
Institution Universidade Federal do Pampa
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Summary

Anotação de aula da disciplina Doenças Parasitárias dos Animais Domésticos do curso de Medicina veterinária...


Description

Mieloencefalite protozoária eqüina Doença neurológica mais diagnosticada nos EUA. Acredita-se que 1% somente tem sintomatologia. Agentes causais: Sarcocystits neurona. O eqüino é um hospedeiro aberrante e terminal, o eqüino não transmite. Ele não é capaz de transmitir essa doença. Sintomatologia parecida: Neospora caninium. N caninium ou N. hughesi? Toxoplasma gondii, também é uma possibilidade. Contudo, ainda não foi diganosticado como agente causador da IPM. Gambá: é o HD. É no gambá que ocorre a reprodução sexuada. Elimina nas fezes o esporocisto que é o elemento infectante. Não se sabe qual é o HI, este ciclo está incompleto. Em laboratório, o gato funciona como HI. Eles desenvolveram sarcocystis em músculo esquelético. Os gambás foram alimentados com músculos desses gatos e tiveram reprodução sexuada do sarcocystis. Então, em laboratório o ciclo se fechou com o gato como HI. Contudo, em gatos domésticos, não se encontrou Sarcocystis. HI conhecido: tatu. Contudo, tatu não é distribuído igualmente nos EUA, provavelmente ele não é o único HI, pois nos EUA a doença é bastante espalhada. É provável que as aves funcionem como vetores mecânicos. O pássaro hoje é considerado como vetor mecânico mas não como HI. O cavalo é um hospedeiro aberrante: ingere alimentos contaminados com esporocistos. Adquire o parasito via oral. Apenas poucos cavalos desenvolvem a doença. Não se conhecem muito bem o porque dos sinais clínicos. Mas há especulações. O eqüino se alimenta de alimentos contaminados. O parasito se instala no TGI, penetram o epitélio, caem no

sangue. Nos tecidos somáticos, reprodução sexuada = merozoítos = SNC, processo inflamatório, sintomatologia. Fatores que aumentam a possibilidade de doença nos EUA: áreas que contém gambás; estação do ano (verão e outono); alimento comercial. Acesso de animais selvagens aos estoques de alimento e água. Idade do animal (1-3 anos ou mais de 13 anos). Equinos atletas. Diagnóstico clínico – exame neurológico: o teste para o sarcocystis só deve ser usado em casos onde haja sintomatologia nervosa, pois vários fatores podem levar para falso negativo. Sintomatologia clínica: depende de onde o parasito se instalou, e ele pode se instalar ao longo de todo o SNC. A lesão pode ser focal. Sintomas agudos, sub-agudos ou crônicos. Ver se o processo inflamatório é local ou multifocal. Ataxia de membros anteriores, posteriores, ou ambos, é a sintomatologia mais frequente. Fraqueza muscular, manqueira, atrofia muscular (50% dos animais). Diagnóstico diferencial: mielopatia estenótica cervical. Essa doença pode ser diagnosticada por radiografia. Diagnóstico definitivo: é o histopatológico, o único. Contudo, é só depois da necrópsia. Raramente o agente é identificado. Se vê a lesão, e não se vê o parasito. Diagnóstico laboratorial: análise do fluido cérebro-espinhal: citológica e bioquímica. PCR para S. neurona. Coleta do fluido cérebro-espinhal: pode ser no espaço atlantooccipital (anestesia geral) ou no espaço lombo-sacral (estação*). Não exercer excesso de sucção com o embolo da seringa, pode causar hemorragia local.

Lesões macro – post mortem: hemorragias focais, amolecimento e alteração da coloração. Infiltração inflamatória. Não tem vacúolo parasitóforo, o que é bem comum no caso de toxoplasmose. Se no soro der positivo, colher fluido cerebroespinal. PCR no fluido cerebroespinhal. ......................................................................................................... É uma doença infecciosa de cavalos, levando a distúrbio neurológico. As lesões de medula espinhal geralmente são mais evidentes que as lesões de encéfalo. Quadros de ataxia = incoordenação motora, são mais frequentes. Há fraqueza muscular. Atrofia muscular (é gradativo, progressivo) e paralisia de nervos cranianos. Há a possibilidade de Neospora caninum causando MEP, embora o principal seja o Sarcocystis. Didelphis albiventris: HD aqui no Brasil. HI natural não e conhecido, em experimentos o gato funciona como HI. Equinos: hospedeiro aberrantes, ausência de sarcocistos na musculatura. Em 2005, um estuda observou a presença de sarcocisto na musculatura e esquizontes no cérebro de um eqüino, positivo para MEP e eutanasiado (há necessidade de mais trabalhos nessa área, comprovando ou não a presença de sarcocistos na musculatura do eqüino). Se o cavalo realmente tiver sarcocistos na musculatura, ao o gambá ingerir essa carcaça, ele vai conseguir fechar o ciclo, sendo que o cavalo deixa de ser hospedeiro aberrante. Por enquanto, ainda vamos considerar o cavalo como hospedeiro aberrante. Há como possibilidade de HI o tatu, guaxinim, gambá.

No Brasil, há 35,6% de soropositividade, lembrar que nem todos vão ter sinais clínicos. Os pássaros são vetores mecânicos. Suscetibilidade: de 1-5 anos, e depois dos 13 anos. Está muito ligado com sistema imunológico. Idade, estresse, exercícios intensos. Patogenia: algumas coisas são especulações. Ocorre merogonia nas células intestinais e endotélio vascular. O cavalo ingere o alimento com esporocistos. O que sai nas fezes são os esporocistos. Há desincistamento, os esporozoítos penetram a luz intestinal. Acredita-se que ele chega ao SNC atravessando a barreira hematoencefálica dentro de leucócitos ou citoplasma das células endoteliais. Os esquizontes penetram e se multiplicam nas células do SNC (neurônios), células da glia e macrófagos intra-tecais. Resulta em processo inflamatório não purulento, com acúmulo de linfócitos, macrófagos e eosinófilos. A patogenia vem por causa da infecção + inflamação = alteração da função neurológica normal. Em função dessa alteração e do local acometido é que vamos ter a sintomatologia. Período de incubação é variável, até de 2 anos. Localização do parasito: encéfalo ou medula espinhal. Pode ser aguda ou crônica, com sinais focais ou multifocais, com evolução lenta ou rápida. Chama a atenção a incoordenação motora assimétrica, com movimentos de lateralização, o animal geralmente não consegue andar em linha reta, há perda do equilíbrio. Há tropeços e relutância em se locomover.

Com o comprometimento da substancia cinzenta: quadro de atrofia muscular, principalmente da região posterior (quadris, região glútea). Comprometimento da substancia branca: ataxia e paresia dos membros. Lesões da medula: alterações da marcha. O cruzamento dos membros chama bastante a atenção. O animal ao estar parado (estação), os membros posteriores e anteriores não se alinham. As vezes o animal assume posição de cão sentado = consegue levantar os anteriores, mas não os posteriores. Sinais clínicos da MEP As anormalidades dos nervos cranianos podem levar a ataxia vestibular, paralisia do nervo facial, paralisia de língua, atrofia de masseter, desvio de cabeça, hemiplegia de laringe (ronco). Diagnóstico Vai ser feito somente quando há sinais neurológicos. O teste sorológico mais utilizado é o Western Blot*, que é feito no soro ou no líquor (LCR). O PCR funciona mas tem que ser em fase muito inicial, pois ele procura pelo antígeno, a partir do momento que há soroconversão o PCR vai dar negativo. Análise físico-quimica do LCR. A concentração de albumina pode ser feita, geralmente a relação é 2 de albumina no soro para 1 no líquor. Imunoistoquímica: distingue o S. neurona de outros parasitas. Terapia

Sulfonamida e pirimetamina (está difícil de encontrar). Pode se associar as duas drogas. Sulfonamida: 20-25 mg/kg, oral ou IV, 1 ou 2X ao dia, de 3 a 6 meses. Pirimetamina: 1 mg/kg via oral, 1X ao dia, de 3 a 6 meses. Diclazuril: 5-10, via oral, 1X ao dia, de 21 a 28 dias. Diclazurila: nome comercial do diclazuril, vem associado com vitaminas B1, B12, C e E, além de ácido fólico. Recomenda 1h de jejum antes da terapia. Terapia complementar: vitamina E, ácido fólico. Flunixina meglumina: 1,1mg/kg 2Xdia. Fenilbutazona. DMSO.* Com o tratamento o animal vai apresentar melhoras clínicas, mas ele pode apresentar seqüelas. Pode ser que o animal permaneça como portador, mas acredita-se que a infecção seja debelada, pois na literatura não tem nada que fale sobre reinfecção. Profilaxia Acesso dos gambás ás cocheiras e cochos. Armazenar de forma correta a ração. Nos EUA foi desenvolvida vacina com protozoários mortos (inativada), com ausência de efeitos colaterais. São usadas duas doses com intervalo de 45 dias e depois uma revacinação anual. ........................................................................................................ Neosporose É uma doença causa por um protozoário de natureza coccídica. É considerada de grande importância, principalmente por causa do aborto em bovinos. Leptospirose e brucelose também causam abortos. Essa patologia acomete cães e bovinos. Há um grupo

grande de animais que são acometidos, como coiotes, ovinos, caprinos, equinos, gatos, cervídeos e bubalinos. Se caracteriza por uma doença neurológica. É caracterizada, dependendo da parte do SN comprometida, por: encefalite, polimiosite (forma cistos tanto nos músculos quanto no tecido nervoso), miocardite e paralisia em cães. Aborto e morte neonatal em bovinos, caprinos, ovinos e equinos. Agente: Neospora caninum. Oocistos, bradizoítos e taquizoítos. Taquizoítos: forma intracelular de multiplicação rápida. Se encontra em macrófagos, leucócitos PMN, SNC, etc. Bradizoítos: são encontrados na forma crônica da doença. Contém grânulos de amilopectina e são resistentes a soluções pépticas e ácidas. Cistos: são forma de resistência no organismo. Oocistos: são formas exógenas, se desenvolvem no ambiente. Não se sabe por quanto tempo sobrevivem. Isso depende de condições. Muitos semelhantes aos oocistos de Toxoplasma gondii e de Hammondia do cão e de gatos. Na microscopia óptica não consegue se distinguir neopora ou Hammondia, se chama de Neohammondia. Importância econômica Uma das maiores causas de aborto em bovinos. Em algumas regiões, mas de 42% dos abortos são atribuídos a neosporose. Tem ampla distribuição mundial. O cão é o principal HD para nós, tendo papel importante na cadeia epidemiológica. Além do cão, o coiote, dingo, lobo cinzento, também são HD. A soroprevalencia é maior em cães sadios e de propriedades rurais.

Convívio cães/bovinos aumenta a prevalência de soropositivos (propriedades leiteiras com abortos). A neosporose ocorre de duas formas: Surtos epidêmicos: alto percentual de aborto em um curto espaço de tempo. Isso vem por causa da ingestão de alimento e/ou água contaminados com oocistos. Após o surto, animais cronicamente infectados, levando a aborto endêmico. Forma endêmica: conseqüência da transmissão vertical, ao contrário de surtos epidêmicos que é por transmissão horizontal. Aqui, as taxas anuais de aborto são elevadas (pouco superiores a 5%). A vaca infectada pode transmitir para a prole não só quando está na fase aguda. A infecção natural ocorre em cães, bovinos, ovinos, caprinos, e outros animais domésticos. Outros animais como canídeos silvestres e aves carnívoras (coruja, etc). O cão infectado defeca no meio, nas fezes contém os oocistos não esporulados. Eles se esporulam no meio. O HI, bovino pro exemplo, vão formar cistos no músculo (bradizoítos), o cão tendo acesso a essa carcaça fecha o ciclo. A vaca infectada pode realizar transmissão vertical, causando aborto. O aborto vai ocorrer a partir do terceiro mês. O animal pode nascer cronicamente infectado, e sadio. Porém, pode nascer infectado e com sinais clínicos. O cão também funciona como HI. O cão é infectado uma vez. Se ele não for reinfectado, vai chegar um ponto que ele para de eliminar oocistos, o ciclo intestinal cessa. Isso ocorre pois não há autoinfecção, já que o oocisto só se esporula no meio, e só o oocisto esporulado causa infecção. Contudo, ao contrário da toxoplasmose no gato, se o cão já teve

neosporose, e se reinfectar novamente, ele volta a eliminar oocistos nas fezes. O gato uma vez infectado por toxoplasmose, mesmo se for infectado novamente, NÃO elimina oocistos nas fezes. Em queda imunológica, o cão que se comporta como HI, não há nada descrito que ele vai voltar a eliminar oocistos. Contudo, em queda imunológica, os bradizoítos encistados podem se tornar taqui, invadindo novos órgãos, podendo causar ou agravar os sinais clínicos. Transmissão Vertical (transplacentária) = os taquizoítos vão contaminar o feto. Antes a vaca estava só com bradi, mas com a queda imunológica por causa da prenhez, há ativação dos bradi em taqui, que vão para outros tecidos. Não há evidencia de transmissão horizontal (bovino – bovino) ou venérea. Transmissão horizontal = ingestão de oocistos. A transmissão lactogênica é demonstrada, mas sem importância epidemiológica. Patogenia / sintomas A rápida multiplicação dos taquizoítos leva a lesões necróticas de células nervosas, nervos craniais e espinais, afetando a condutividade. Produz doença neuromuscular em cães e bovinos jovens. Os cistos podem se romper formando granulomas. Os membros ficam hiperextendidos. É um processo rápido e progressivo. A doença pode ser localizada ou generalizada, e todos os órgãos podem estar envolvidos.

Nos bovinos, os mais acometidos são gado leiteiro que tem proximidade com cães. Em animais adultos o aborto é o único sinal clínico. O feto pode morrer no útero (aborto), nascer morte (natimorto), nascer vivo e com sintomas, e nascer clinicamente normal (no caso dos machos, praticamente não há importância, a não ser como HI, pode servir de carcaça contaminante). Os sinais mais severos ocorrem em animais jovens e infectados congenitamente. Sintomas: sinais neuromusculares, ataxia, reflexos diminuídos, exoftalmia, membros anteriores/posteriores flexionados ou hiperextendidos, fraqueza, dificuldade de ganho de peso e crescimento. Em ovinos e caprinos: abortamento, parasitas no cérebro, lesões no SNC, músculos esqueléticos, placenta. Não descartar toxoplasmose. O que vale para vacas, vale para a cadela. A cadela pode funcionar como HI, havendo viscerização. Filhotes de cães infectados congenitamente: paralisia ascendente (de posterior para cranial), hiperextenção, dificuldade de deglutição, paralisia de mandíbula, etc. Cães podem sobreviver durante meses com paralisia progressiva, meningoencefalite. Muitas vezes precisam ser eutanasiados. Há uma predileção do parasito pelo SNC. Gatos: também apresentam neosporose, sintomas e lesões são semelhantes à toxoplasmose (não quanto à produção de cistos). Importante: gatos não eliminam oocistos de neospora. Diagnóstico

A sintomatologia neurológica pode ser confundida com várias patologias, causada por traumas, cinomose, raiva, etc. Parasitológico: oocisto. O cão que está com sintomatologia nervosa, não preciso pedir parasitológico, pois essa fase visceral não produz oocisto. Sorológico: sorologia positiva em feto ou vaca só indica exposição, é necessário exame histológico do feto. A vaca sorologicamente positiva não necessariamente está transmitindo para o feto. Post-mortem Lesões macroscópicas inespecíficas, necrose no SNC, estrias esbranquiçadas nos músculos, hepatomegalia e pneumonia. Lesões microscópicas: principalmente no feto, presença de cistos com parede espessa. Meningo-encefalite multifocal não supurativa, infiltrado perivascular e vasculite. Tomar cuidado com a conservação da amostra. Mesmo o bezerro que nasce saudável, vai ser histologicamente positivo, mas não vai ter as lesões características, como necrose, etc. Sorologia positiva em feto só indica exposição, é necessário exame histológico no feto. Tratamento Em bovinos, não há tratamento eficaz. Vacas soropositivas irão transmitir a doença.

Cães: clindamicina (11-22 mg/kg de 12 em 12h). Sulfonamidas (30 mg/kg, 12 em 12h). tratamento de 2 a 9 semanas. Mesmo da toxoplasmose. Tratamento de apoio: antiinflamatórios não esteróides e vitaminas do complexo B. Não esquecer ácido fólico! Controle Medidas sobre o HD: evitar o contato de cães com os bovinos; evitar alimentar cães domésticos com carnes cruas; enterrar ou cremar os abortos e natimortos. Medidas sobre o HI: evitar ingestão de oocistos (proteger os alimentos); matriz infectada dever ser eliminada (há ressalvas). A prole de uma vaca infectada tem de 90-95% de chance de nascerem infectadas. Vacina: bovillis neoguard (taquizoítos inativados). Essa vacina diminui o índice de aborto, mas não é muito eficaz. Na transferência de embrião, as doadoras podem até serem positivas, mas as receptoras devem ser sempre negativas. Ainda não está claro se é uma zoonose. Nos EUA tem um levantamento onde há uma porcentagem de humanos sorologicamente positivos. A toxoplasmose é mais importante em ovinos. Neosporose em bovinos....


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