Módulo 4 - HCA PDF

Title Módulo 4 - HCA
Author Rui Pereira
Course História da Cultura e das Artes
Institution Ensino Secundário (Portugal)
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Warning: TT: undefined function: 32 Warning: TT: undefined function: 32MÓDULO 4 – A Cultura da Catedral – Século XII a meio do XVARTE GÓTICA1. EUROPAA partir do século XII houve um crescimento económico na Europa: Desenvolvimento da agricultura; Incremento das atividades artesanais → estimularam mer...


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MÓDULO 4 – A Cultura da Catedral – Século XII a meio do XV ARTE GÓTICA 1. EUROPA A partir do século XII houve um crescimento económico na Europa: •

Desenvolvimento da agricultura;



Incremento das atividades artesanais → estimularam mercados internos e contribuíram para a abertura do comércio internacional.

Assim, a economia monetária estava em crescimento. Este progresso económico-financeiro proporcionou o crescimento demográfico. Nas cidades formou-se um novo grupo social – a burguesia – constituído por artesãos, mercadores e letrados. A burguesia impôs o movimento comunal (conquistou a autonomia administrativa) e mais liberdade e direitos em relação ao poder feudo-senhorial. A nível político, verificou-se a centralização régia (o rei rodeou-se de nobres, eclesiásticos e burgueses, que criaram um novo estilo de vida em ambientes mais luxuosos). A cultura e as artes beneficiaram com isso, porque eram os reis e o clero os encomendadores e mecenas. A nível cultural, progrediu a escrita porque aumentou o número de escolas e foram criadas universidades (com especializações no Direito, Teologia e Medicina – eram associações de mestres e alunos). Na Europa que se salientaram: ✓ Cidades de Itália – pelas suas indústrias; ✓ França – pelos mercados (cidades-feiras); ✓ Cidades em locais de passagens e juntos aos portos – pelo comércio internacional; ✓ Cidades com igrejas de peregrinação – foram lá criadas as primeiras universidades (a primeira foi criada em Lisboa em 1290).

2. PESTE NEGRA Todo o progresso na Europa foi interrompido na segunda metade do século XIV pela grande depressão (uma crise profunda (só a partir do século XV saiu da depressão)) e pela chegada da Peste Negra. A Peste Negra atingiu a Europa e dizimou um terço da população. As suas consequências foram: •

Queda da demografia;



Paralisação da economia;



Inflação da moeda;



Fomes, revoltas, violência;



Práticas de extremas penitências (flagelantes e bodes expiatórios);



Aparecimento de heresias;



Vadiagem e procura de uma vida de prazeres.

Resultado do medo e das mortes, as igrejas receberam muitas doações que aplicaram na construção de igrejas, hospitais e hospícios.

3. CIDADE – COMPLEXO URBANO

Entre os séculos XII e XV as cidades cresceram e tornaram-se centros económicos, financeiros, políticos, administrativos e religiosos. A cidade tinha: a catedral, o palácio da administração (ou casa comunal) e as casas das corporações. As ruas eram estreiras e tortuosas, sujas e povoadas por pessoas e animais e estavam organizadas por ofícios (Rua dos Sapateiros, Rua dos Ferreiros, etc). As casas comuns, geralmente em madeira possuíam no rés-do-chão as lojas. Haviam quatro tipos de cidades: ➢ Cidades reais (governadas por reis); ➢ Cidades episcopais (governadas por bispos); ➢ Cidades senhoriais (governadas por senhores feudais); ➢ Cidades livres ou comunas. As cidades medievais não tinham polícia, iluminação publica, água canalizada nem saneamento (exceto construções importantes). A sua configuração era fechada e radiocêntrica – representação simbólica do Universo.

4. CULTURA CORTESÃ

Esta cultura mostrava-se em festas e romarias (ligada a acontecimentos religiosos), procissões e autos teatrais, seguidos de danças e cantares. Era uma cultura essencialmente oral, que se exprimia em cantares acompanhados por música. Nas cortes reais e senhoriais era patente o conforto, o luxo, o prazer e as diversões onde eram evidentes nas festas e banquetes. Os jogos guerreiros (justas, torneios, caçadas ao veado e ao javali) eram práticas da nobreza como meios de exercitar a mestria física. Esta cultura desenvolvida nestes diferentes meios sociais contribuiu para a suavização de costumes e de mentalidades. Também surgiu um movimento para apoiar artistas e letrados (como Dante Alighieri que escreveu Vita Nuova e A Divina Comédia.

5. CATEDRAL

A Catedral tornou-se o centro e símbolo da cidade; junto às suas paredes exteriores, realizavam-se as mais importantes atividades. Ela era a prova do orgulho cívico e do entusiasmo religioso de todos os habitantes da cidade (que chegavam a participar na sua construção pois demorava décadas). A Catedral é a expressão do poder económico, político e social. Era considerada a casa de Deus na cidade dos homens – é o local de formação das conceções religiosas da época, daí o seu papel doutrinal e didático.

6. CASAMENTO DE FREDERICO III COM D.LEONOR DE PORTUGAL (1451)

O casamento de Frederico III com D.Leonor de Portugal foi uma festa realizada em Lisboa que ocupou vários espaços (como palácios reais, sé, ruas e praças), para toda a gente (da nobreza ao povo) e com todas as atividades festivas (caçadas ao javali, em praças de Lisboa, autos teatrais com sofisticados engenhos, cortejos,…) e durou 13 dias.

7. ARQUITETURA GÓTICA

O gótico começou no Ocidente e expandiu-se pela Europa. Desenvolveu-se a partir da França no século XII. Centrava a sua expressão na arte religiosa, com as catedrais por exemplo – que era um edifício construído para representar o louvor de Deus e dos homens. A arquitetura gótica deriva da arquitetura românica (planta basilical) mas acrescenta algumas inovações como: •

Arco quebrado, apontado ou ogival → menos pressão nas laterais;



Coberturas de abóbadas de cruzaria;



Contrafortes exteriores →botaréus com arcobotantes.

Estas inovações tinham como objetivo tornar o espaço mais amplo e com as janelas com vitrais coloridos, criar um ambiente místico – Deus é luz. Em relação às catedrais românicas as alterações exteriores são: ❖ Entradas triplas correspondendo às três naves; ❖ Torres

sineiras e lanterna terminas em telhados cónicos ou em agulhas e pináculos; ❖ A

decoração exterior esculpida e pintada tornou-se exuberante.

Este modelo de catedral foi adaptado na Europa: ➢ Gótico Inglês → acentuação das linhas verticais e decoração alongada e linear; ➢ Gótico Alemão → 3 naves á mesma altura criando um espaço amplo e único; ➢ Gótico Espanhol → decoração mais exagerada; ➢ Gótico Italiano → gosto pela horizontalidade, coberturas planas em madeira e paredes

pintadas a fresco.

Um grande exemplo da arquitetura gótica é a Catedral de NotreDame de Amiens em França (século XIII).

8. GÓTICO EM PORTUGAL – O MANUELINO

As primeiras Igrejas góticas portuguesas seguem os princípios técnicos e estéticos do gótico europeu com as seguintes alterações: •

Mais pequenas de dimensão e pouca verticalidade;



São simples nas estruturas de planta e volume;



Têm poucas e pequenas aberturas;



Mantêm os contrafortes românicos;



Decoração pobre e vegetalista.

A primeira Igreja gótica em Portugal é a Igreja de Abadia de Alcobaça do século XIII, mas foi no século XV que o gótico em Portugal atingiu o seu apogeu com o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha. Foi na fase do gótico tardio (fim do século XV a XVI) que surgiu o Manuelino – Mosteiro dos Jerónimos. As características do Manuelino são: Poderosa carga ornamental; Planta de 3 naves á mesma altura; Cabeceira quadrangular; Arcos e abóbadas variados; Portal monumental; Influências: gótico flamejante; plateresco espanhol e arte mudéjar. Temas da decoração: motivos naturalistas (conotados com as viagens marítimas da expansão, símbolos da pátria e heráldica régia). Em relação à arquitetura civil, salienta-se o Palácio de Sintra, e na arquitetura militar, salienta-se a Torre de Belém.

9. ESCULTURA GÓTICA

A grande diferença em relação á escultura românica é a escultura decorativa – já não está presa à arquitetura. Há uma modelação mais formal e um escalonamento de planos mais bem definido. Algumas características da escultura gótica são: •

Os temas figurativos são os mesmos já mencionados antes (também relacionados com a vida da Virgem);



Escultura decorativa nos capitéis, arquivoltas, frisos e mísulas com temas vegetalistas;



Maior domínio técnico-artístico → modelação anatómica mais correta;



Aumento do realismo e naturalismo (nas formas, gestos e posturas);



Representação de expressividade → descrição de sentimentos e emoções (representada por sorrisos ou inclinação da cabeça);



A realeza e a aristocracia perseveram a sua imagem em relevos nas caixas mortuárias ou sarcófago;



Devido à Peste Negra, a morte é representada de modo mais sofrido (o morto seminu, parcialmente coberto por um lençol).

10. VITRAIS E ILUMINURAS

Os vitrais descrevem cenas religiosas e das profissões, mas também imagens de reis, clero, aristocracia, e alta burguesia. Quanto às regras de representação e expressividade, seguiam a mesma linguagem técnicoartística da escultura. A luz do dia a atravessar o vitral dá a ideia de uma imagem celestial e mística.

As Iluminuras seguiam as seguintes características: •

Temas religiosos;

Composições complexas → elementos da natureza, cenários arquitetónicos, etc;



• Cores ricas → predominam os azuis, vermelhos e dourados.

11. AS ARTES NA ITÁLIA E NA FLANDRES

Na pintura realçam-se dois pólos: o das cidades italianas (os artistas da “escola” toscana, como Giotto) e o das cidades da Flandres (“escola Flamenga”). Na zona da Toscana: •

Desenvolveu-se a pintura a fresco;



Ilusão de profundidade, cenários naturais e arquitetónicos e figuras mais trabalhadas e minuciosas;



Tratamento do claro-escuro.

Na Flandres, o desenvolvimento económico e social do século XV, refletiu-se com:



Gosto pela representação realista e minuciosa do quotidiano;



Prática do retrato → próprio do individualismo burguês.

Tudo isto foi conseguido devido á utilização da pintura a óleo.

12. GÓTICO CORTESÃO

O bem-estar económico, político e cultural, deu origem a um estilo de vida luxuoso. A mobilidade de artistas fez com que surgisse o gótico/estilo internacional → que se caracteriza pela fusão dos estilos bizantino, italiano e flamengo devido á sua sumptuosidade, colorido, e simbologia religiosa.

13. ARTES ISLÂMICAS

Ainda sob o signo de Alá continua o Sul da Península Ibérica, entre os séculos XI e XV. A arte destes reinos taifas era luxuosa, com materiais fracos, mas com uma decoração abundante, aplicada em palácios, alcáçovas e banhos, como o Bañuelo, em Granada. A arte dos Almorávidas e dos Almóadas era mais austera e caracterizava-se pelo purismo formal e pela simplicidade decorativa. A art e nasride, em Granada, apresenta dois tipos de arquitetura: uma, mais funcional e de materiais baratos, e outra, mais rica, aplicada em esplendorosos palácios, como o de Alhambra. A arte mudéjar é a arte praticada por artífices árabes em território e construções cristãos. A novidade foi o tipo de igreja com planta basilical e arcadas em ferradura, como as da Igreja de São Salvador de Teruel, Espanha.

Exercícios de aplicação 1. Leia o texto A e responda:

Texto A O quadro económico e social da Europa, da última fase da Idade Média, caracteriza-se, nas grandes cidades, pelo florescimento de comerciantes e banqueiros.

1.1. Partindo do texto A, sintetize o percurso económico e social da Europa, entre o século XII e início do século XV. 1.2. “A Europa das Cidades. A Europa das catedrais e universidades.” Explique o título deste assunto. 1.3. Quem foi Dante? Qual foi a sua contribuição para a cultura italian a?

1.4. Relacione o papel da catedral com a afirmação do mundo urbano. 1.5. Refira a função doutrinal da catedral por ser a casa de Deus. 1.6. Que repercussões provocou a Peste Negra nas mentalidades e na criação artística? 1.7. Caracterize o espaço urbano medieval, atendendo ás atividades das suas populações. 1.8. O que foi a “cultura cortesã” e em que atividades se concretizou? 1.9. Partindo do casamento de D. Leonor de Portugal, caracterize a festa pública desta época.

2. Concentre-se na análise das Figuras 1 a 5 e responda:

Figura 1

Figura 2

Figura 3

Figura 5

Figura 4

2.1. Descreva as inovações introduzidas pela arquitetura gótica, nos seguintes aspetos: •

Técnicos;



Formais;



Estéticos.

2.2. A partir da análise da Figura 4, legende a planta da Catedral de Amiens, França.

2.3. Encontre as inovações técnicas nas Figuras 1 a 5. 2.4. Compare a estrutura da arquitetura da igreja gótica alemã com a italiana. 2.5. Encontre duas diferenças entre as arquiteturas românica e gótica. 2.6. Refira duas características da arquitetura alcobacense, tendo em atenção o pensamento Bernardino. 2.7. Compare a decoração arquitetónica da Igreja de Alcobaça com a da Batalha.

3. Defina a arte manuelina, quanto à decoração arquitetónica, partindo da análise da Figura 6.

Figura 6

4. Observe com atenção a Figura 7 e responda:

4.1. A partir da análise do portal central da fachada oeste da Catedral de Amiens (Figura 5), descreva a escultura (estatuária e relevo) gótica, quanto às suas características: • Técnico-artísticas; • Expressivas. 4.2. Compare uma Virgem românica com uma gótica e encontre duas diferenças. 4.3. Descreva a evolução do tratamento formal e da expressividade na estatuária gótica. 4.4.

Justifique o desenvolvimento da escultura tumular.

Figura 7

5. Observe a Figura 8.

5.1.Explique em que consistia a função simbólica do vitral. 5.2.Refira a temática usada. 5.3.Descreva a iluminura gótica, quanto às suas características: •

Temáticas;



Compositivas.

5.4.Comente a frase: “A Iluminura gótica propicia o estudo da sociedade da época”. Figura 8

6. Atente nas Figuras 9 e 10.

Figura 10 (Giotto, 1303)

Figura 9

6.1. Que implicações provocou o desenvolvimento económico-social nas artes da Itália e da Flandres? 6.2. Compare a escultura de Pisano (Figura 7), com a pintura de Giotto (Figura 10), quanto a: •

Tratamento de formas;



Expressividade.

6.3. Refira dois aspetos técnicos da pintura de Giotto, atendendo à Figura 10. 6.4. Descreva dois aspetos técnico-formais da pintura flamenga, a partir da leitura da Figura 9.

7. Observe com atenção a Figura 11.

7.1. Defina estilo internacional. 7.2. Em que aspetos se constata o estilo internacional na obra A Anunciação, de Simone Martini?

Figura 11

8. Observe a Figura 12.

8.1. Caracterize a decoração interior da Catedral de NotreDame de Amiens. 8.2. Descreva a expressividade e a mensagem da estátua do mainel – o Belo Deus de Amiens.

9. Ainda sob o signo de Alá. 9.1. Refira dois elementos, um técnico e outro artístico, da arte islâmica. 9.2. Descreva o tipo de igreja mudéjar.

Figura 12...


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