Módulo 7 - HCA PDF

Title Módulo 7 - HCA
Author Rui Pereira
Course História da Cultura e das Artes
Institution Ensino Secundário (Portugal)
Pages 12
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Summary

Warning: TT: undefined function: 32 Warning: TT: undefined function: 32MÓDULO 7 – A Cultura do Salão – 1715 a 1815ARTE ROCOCÓ E NEOCLÁSSICA1. EUROPANesta época, houve uma fase de transição entre a Idade Moderna para a Idade Contemporânea → transformações económicas e políticas → que conduziram à Rev...


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MÓDULO 7 – A Cultura do Salão – 1715 a 1815 ARTE ROCOCÓ E NEOCLÁSSICA 1. EUROPA

Nesta época, houve uma fase de transição entre a Idade Moderna para a Idade Contemporânea → transformações económicas e políticas → que conduziram à Revolução Francesa (1789) (https://www.youtube.com/watch?v=kvFnOtrX-mU – 5 minutos filme animado). Com a Revolução Francesa, as festas galantes (que condiziam com o absolutismo, aristocracia, requinte, ostentação) foram substituídas pelas festas cívicas (comemorações de datas de acontecimentos importantes para a comunidade) – objetivo de desenvolver o sentido cívico da população. Enquanto que na França se passava isto, em Inglaterra havia uma supremacia político-militar e económicosocial que provocou importantes mudanças: ➢ Economia cresceu → devido aos progressos técnicos na agricultura e no comércio; ➢ Melhora de condições de vida → crescimento das populações; ➢ A ciência e técnica progrediram → devido à Revolução Científica;

➢ Com estes fatores, surgiu no final do século XVIII, a Revolução Industrial. O acelerar da produção e de lucros facilitou a ascensão da burguesia e para o enriquecimento da aristocracia política e administrativa – cresceu uma elite que se adaptou a um novo estilo de vida nos salões. No início foi Inglaterra que se impôs, mas a partir de 1789, França criou um novo Estado, e com Napoleão Bonaparte, a partir de 1799, um Império que durou até 1815 (Batalha de Waterloo). Além disso devido às revoluções liberais, começaram a haver os primeiros regimes democráticos na Europa → O liberalismo defende os direitos e liberdades individuais (suscitou uma série de revoluções em cadeia).

2. DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO (1789)

Deste documento partem duas ideias base: a liberdade individual e a igualdade, da qual derivam os direitos à propriedade, à segurança e à resistência à opressão. Todos estes direitos são considerados direitos naturais e invioláveis. Os princípios destes direitos são: o poder maior reside no povo (soberania nacional), sendo o rei apenas o mandatário do povo; e a lei é a expressão da vontade geral. É também instituída a separação dos poderes → tripartidos (poder legislativo, executivo e judicial) – estando cada função entregue a um órgão independente.

3. JEAN-JACQUES ROUSSEAU

Jean-Jacques Rousseau foi um filósofo que escreveu sobre Pedagogia e Filosofia Política e foi um iniciador e defensor dos ideais democráticos.  Acreditava na teoria do bom selvagem → o homem nasce naturalmente bom, mas a sociedade é que

o corrompe;

 Acreditava que o regime ideal seria o da aristocracia eletiva → governo de nobres que eram eleitos

e vigiados pela assembleia de cidadãos);

 As ideias de Rousseau, Voltaire e outros iluministas contribuíram para o eclodir da Revolução Francesa;  Rousseau foi um inovador quanto à Pedagogia, propondo um método de ensino que visava a educação livre, baseada no sentimento e no prazer de aprender.

4. O SALÃO

Com a morte de Luís XIV, os salões privados animaram-se, numa imitação de pequena escala do que havia sido a vida na corte de Versalhes. O salão:  Era de ambiente confortável, com decorações interiores exuberantes;  Era o local onde se reunia a família, e se recebiam visitas;  Era local de reuniões – interações cultas;  Era o local onde se conversava de literatura, arte e filosofia;  Eram centros sociais, culturais e artísticos que contribuíram para a difusão do saber e de ideias iluministas.

5. ILUMINISMO

A filosofia das Luzes/ Iluminismo tinha as seguintes características: ❖ Era o conhecimento racional, o saber esclarecido e a razão experimental que iluminavam tudo e

todos; ❖ Os iluministas são os que ousam saber e ousam servir-se do seu intelecto para chegarem ao conhecimento verdadeiro (sem medos ou superstições); ❖ O Homem era valorizado pela sua inteligência ou razão → o conhecimento era o único meio para

libertá-lo de preconceitos e o único caminho para construir o progresso; ❖ Com o Iluminismo surgiu a rutura de saberes instituídos e tradicionais; ❖ A filosofia Iluminista teve as suas raízes no Humanismo; ❖ Com o Iluminismo surgiram os direitos naturais para todos os homens e a crítica à religião.

6. LE NOZZE DI FIGARO, DE MOZART

Mozart, com a ópera Le Nozze di Figaro, trouxe á baila a ideia da igualdade humana entre camadas socias diferentes e entre géneros diferentes, mesmo antes da eclosão da Revolução Francesa. Com o barbeiro Figaro (criado do Conde d’Almaviva), deu-lhe ua lição de respeitabilidade, no que foi apoiado pela condessa e pela sua noiva.

7. ARQUITETURA ROCOCÓ

A arte rococó aproveita do barroco o conceito de ambiente total/arte total (onde a arquitetura, a escultura, a pintura e a decoração estão em sintonia), as estruturas formais e a expressividade das linhas sinuosas. No entanto, o Rococó é mais leve, refinado, fantasista, etc. Na arquitetura civil (o palácio urbano l’hotel; e o palácio rústico le château): ▪

São edifícios de dois andares baixos e volumetrias horizontais;



Exteriores simples com decoração concentrada nos relevos das molduras e janelas;



Interior organizado com divisões pequenas com cantos arredondados;



A decoração vai do chão ás paredes e tetos → paredes pintadas com cores claras e alegres com painéis verticais de madeira ou gesso com cenas galantes pintadas a fresco;



Toda a decoração é fantasista e abundante de linhas ondulantes – com motivos vegetalistas em composições de densos arabescos;



O mobiliário combina com a decoração, com os bibelots de porcelana, com as sedas e os veludos → tudo num ambiente total.

Na arquitetura religiosa: ▪

As igrejas mantiveram a estrutura barroca → nave única (igreja-salão);



O exterior, como nos palácios, é simples, mas onde sobressai a fachada pela sua verticalidade, acentuada pelas torres sineiras;



O interior é muito decorado, explora a arte total, num ambiente fresco e festivo de cores claras.

8. ESCULTURA ROCOCÓ

A escultura rococó apresenta as seguintes características: ▪

Linhas curvas e contracurvas, mais delicadas e expressivas;



Corpos alongados, caprichosos e galantes → as figuras parecem saltitantes com grande sentido cénico;



Integração da escultura na arquitetura → relevos de inspiração naturalista;



Estatuária de pequeno porte: Bibelot→ função decorativa, retratos, estatuária religiosa, alegórica e mitológica – feitos em madeira, argila e gesso e de porcelana branca e fina (biscuit). ▪

Grandes esculturas monumentais de pedra e bronze;

Temas mitológicos e profanos tratados de modo galante, sensual e erótico. Até mesmo a temática religiosa é represe ntada com roupas luxuosas e modos galantes.



9. PINTURA ROCOCÓ

A pintura rococó praticou-se em duas modalidades:  A pintura móvel sobre tela

(Fragonard): ▪

Temática com cenas pastoris e festas falantes, retratos oficiais e outros;



Formas naturalistas, com contornos pouco nítidos ou esbatidos;



Cores alegres (azuis, brancos, rosas);



Composições rítmicas e exuberantes pela muita decoração simbólica e exuberante.

 A pintura mural decorativa da arquitetura: ▪ Paredes e tetos pintados a fresco; ▪ Técnica de trompe-l’oiel;

▪ Temas triunfais, composições assimétricas e cores claras.

10. O ROCOCÓ NA EUROPA

Na Europa: ➢ Itália: o rococó conquistou a decoração de interiores, a pintura mural a fresco nas igrejas e nos palácios, e a pintura sobre tela; ➢ Inglaterra: o rococó resume-se à decoração de interiores e à pintura sobre tela; ➢ Espanha: o rococó foi marcado pelo churrigerismo (corrente artística caracterizada por uma ornamentação abundante) e pelo papel de artistas estrangeiros;

➢ Portugal: o rococó começou pelo Norte. A arte da talha rococó, e o azulejo segundo o gosto rococó

foram outra característica do rococó português.

11. NEOCLASSICISMO/ ARTE NEOCLÁSSICA

O Iluminismo criticou os conceitos do Barroco e do Rococó e surgiu na segunda metade do século XVIII na Inglaterra e na Itália → regresso à ordem dos gregos e romanos. Valoriza os conceitos do Classicismo, assim o Neoclassicismo reflete os ideais do iluminismo e da Revolução francesa. Na arquitetura, predominava a clareza, a ordem, a robustez e a grandeza. Quanto às técnicas construtivas, os arquitetos neoclássicos utilizaram os avanços da sua época, na maquinaria e nos materiais e criaram novos tipos de edifícios: bancos, óperas, hospitais, museus, etc. A arquitetura seguiu os seguintes princípios:  Recurso a materiais nobres (ladrilho cerâmico e ferro fundido);  Sistemas clássicos – trilítico e a sua associação ao arco redondo e cúpula em ferro;

 Uso de plantas simétricas;

regulares

e

 Volumes e espaços interiores claros e bem definidos;  Coberturas – tetos planos de madeira ou estuque ou abóbada de berço;  Estruturas arquitetónicas completadas por pórticos colunados, entablamento de frisos lisos ou decorados e frontões triangulares;  Decoração interior com colunas, nichos, pinturas murais (influências de Pompeia) e relevos.  Nos edifícios públicos reproduziram as basílicas romanas.

Na escultura, seguiu-se os modelos gregos nas cópias romanas, o material predileto foi a mármore branca. Estilisticamente, a escultura copiou as formas clássicas: na postura, na composição e na inexpressividade; são corpos reais, nus ou seminus. Os temas dominantes foram os históricos, alegóricos, mitológicos e o retrato. A escultura foi a modalidade mais praticada do neoclássico, rigorosa → resultado das metodologias aplicadas desde a conceção da obra até o acabamento.

A pintura neoclássica desenvolveu-se sobretudo em França, seguindo os “Antigos”, absorvendo os princípios estéticos, éticos e cívicos do Classicismo. Explorou temas históricos, mitológicos, alegóricos e de retrato, em telas de grandes dimensões, com as seguintes características:  Composição geométrica, com pontos de fuga centrais;  Tratamento naturalista das formas, uso de modelos perfeitos;  Desenho rigoroso, de recorte nítido→ ideia de volume devido ao contraste claro-escuro das cores;

 Técnica e processo de execução visando a perfeição;  Cores primárias, aplicadas de um modo sóbrio e frio para conter as emoções;  Luminosidade forte;  Expressividade contida e austera;  Mensagem de leitura fácil para ser bem apreendida.

12. NEOCLASSICISMO EM PORTUGAL

Em Portugal viveu-se tempos de contradição resultantes de: ▪

Governo progressista e iluminista do Marquês do Pombal → retorno ao Classicismo – reconstrução de Lisboa (estilo pombalino); o

Planta da urbanização da Baixa Pombalina (reconstrução de Lisboa) → a baixa da cidade foi reconstruída segundo uma grelha de perpendiculares e verticais, com quarteirões retangulares, limitados por duas praças principais. Os prédios da baixa pombalina seguem as seguintes características: ▪

Edifícios para residências com 4 pisos, águas-furtadas na cobertura e lojas no piso térreo;

▪ Distribuição

dos espaços práticas e funcionais;

interiores

▪ Fachadas feitas segundo uma matriz uniforme, com estruturas modulares, com sentido de proporção e sobriedade decorativa; ▪ Sistema de segurança antissísmico – como a construção em gaiola (estrutura de madeira flexível) e guarda-fogos entre prédios; ▪ Saneamento e tratamento de pavimentos e passeios, acautelados.



Política tradicionalista e católica da governação de D.Maria I → construção do palácio de Queluz (estilo barroco e rococó);



Decadência política, económica, social, cultural e artística → devido às invasões francsas;



Guerras liberais na sequência da guerra civil.

Assim, o Neoclassicismo em Portugal só se desenvolveu no século XIX. Na arquitetura, foi marcada por duas tendências:  No Porto – estilo neopalladiano (resultante da

influência inglesa);  Em Lisboa – influências italianas.

Na escultura, há influência de duas oficinas e seus escultores: Convento de Mafra (seguindo a estética barroca, rococó e pombalina) e Palácio da Ajuda (influências de Canova).

Na pintura neoclássica, está presente a decoração arquitetónica de tetos e sofitos no Palácios de Mafra e da Ajuda.

Exercícios de aplicação 1. Caracterize política e socialmente a França, antes e depois da Revolução de 1789. 2. Mencione a situação social e económica vivida em Inglaterra no século XVIII. 3. Descreva o pensamento político de Rousseau e as suas implicações. 4. Explique as razões que fizeram do salão um meio e um local de difusão do Iluminismo. 5. Refira outro local de difusão do Iluminismo. 6. Indique os princípios da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. 7. Explique o conceito de Luzes e as suas origens. 8. Interprete a relação entre Razão e Felicidade, proposta pelo Iluminismo. 9. Definia festa galante e festa cívica e localize-as no tempo. 10. Na ópera Le Nozze di Figaro, qual foi a lição que Mozart deu ao Conde d’Almaviva?

11. No Rococó, os ornamentalistas adquiriram a categoria que ocupavam, na geração anterior, os

arquitetos. Responda: 11.1. Defina o conceito de decoração ornamental do Rococó, partindo da análise da Figura 1. 11.2. Descreva o interior de um salão Rococó, mostrando a sua coerência de arte total. 11.3. Descreva a fachada do palácio da Figura 2. Figura 1

11.4. Enuncie duas diferenças entre os

interiores das igrejas barrocas e rococós, atendendo à Figura 3.

Figura 2

Figura 3

12. As formas rococó apresentam um outro espírito e um outro conceito estético. Responda:

12.1. Caracterize o tratamento formal dado à figura humana e aos grupos escultóricos no Rococó. 12.2.

Defina bibelot, atendendo à Figura 4.

12.3. Encontre quatro adjetivos que retratem a expressividade da estatuária Rococó.

Figura 4

O Rococó, que começou por ser uma simples arte decorativa, estendeu-se depois à pintura. Partindo da análise da obra O Baloiço, de Fragonard (Figura 5), caracterize a pintura rococó quanto a: 13.

• Tema;

• Composição; • Tratamento de formas; • Luminosidade e cores; • Expressividade.

14. Da França, o Rococó expandiu-se para o mundo. Responda: 14.1. Qual foi a modalidade artística do Rococó mais utilizada por todos os países europeus? Justifique. Explique o que entende por vedute. 14.2.

Quais foram as outras artes que em Portugal integraram a ornamentação rococó? 14.3.

Figura 5

14.4.

Diferencie a talha portuguesa utilizando dois adjetivos definidores.

15. O retorno à simplicidade e à pureza formal, propiciado pela redescoberta da civilização greco-

romana, fizeram nascer o Neoclassicismo. Escolha dois adjetivos que caracterizem a arquitetura neoclássica e justifique-os. 15.1.

15.2. Refira as marcas clássicas patentes na arquitetura neoclássica, a partir da análise da Figura 6. 15.3. Descreva as inovações materiais e de tipologia na arquitetura neoclássica. 15.4. Diga a função das Escolas Politécnicas. Indique dois aspetos em comum entre a Figura 6 e o Museu Britânico de Robert Smirke. 15.5.

Figura 6

16. A escultura neoclássica inspira-se na estatuária e nos relevos antigos, mas acentua a frieza, tomada como pureza. Em que aspetos a escultura clássica influenciou a produção escultórica neoclássica?

16.1.

Associe os nomes dos artistas da primeira coluna às obras da segunda coluna.

16.2.

Nomes

Obras A. Jasão com o Velo de Ouro B. Voltaire com Peruca C. Psiqué Reanimada pelo Beijo do Amor D. O Banho de Diana E. Retrato do Senhor Bertin F. A Intervenção das Sabinas G. O Passeio Matinal

1) Canova 2) Ingres 3) David 4) Thorvaldsen 5) Houdon

17. Observe a obra da Figura 7. 17.1. Leia a obra O Juramento dos Horácios, de Jacques-Louis David, quanto a: •

Tratamento formal;



Estrutura compositiva.

17.2. Atendendo ao conceito de arte do Neoclassicismo e ao contexto social e político da época, explique: • A temática dominante na pintura; Figura 7

• A intencionalidade das obras.

18. Observe a Figura 8.

Encontre na fachada do Palácio da Ajuda as marcas do Neoclassicismo.

18.1.

Descubra na obra D.João VI, de João José de Aguiar, duas influências da arte de Canova.

18.2.

Compare a obra Dona Filipa de Vilhena Armando seus Filhos Cavaleiros, de Vieira Portuense, com O Juramento dos Horários, de Jacques-Louis David (Figura 7) quanto a:

18.3.



Tema;



Estrutura compositiva.

Figura 8

19. O pragmatismo e a uniformização caracterizam a reforma da Baixa Pombalina de Lisboa.

19.1.

Apresente dois exemplos que comprovem cada um dos termos acima empregues.

19.2.

Explique, a partir da Figura 9, a organização do espaço urbano.

Figura 9...


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