Produções literárias da 1º época medieval resumo PDF

Title Produções literárias da 1º época medieval resumo
Course Literatura Portuguesa
Institution Universidade do Estado do Pará
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Análise de algumas produções literárias medievais, como romances e cantigas...


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Produções literárias da 1º época medieval (historiografia, épica e prosa de ficção): Este trabalho tem como objetivo analisar a produção literária em prosa de Portugal, da 1º Era Medieval. Tal parte do trabalho será feito da seguinte maneira: apontar e exemplificar os gêneros da prosa medieval e, em seguida, analisar o capítulo “A tentação de Galaaz” da ficção cavaleiresca “A Demanda do Santo Graal”. Para isso, serão usados como referenciais teóricos, repetidamente, os autores Saraiva e Lopes, com o livro “História da Literatura Portuguesa”, Segismundo Spina, com a obra “Presença da Literatura Portuguêsa-1º Era Medieval” e um blog com interesse voltado para a literatura portuguesa. A produção literária da 1º época medieval não é homogênea, e possui vários gêneros, com variações em relação ao local de produção, a aspectos sociais de quem produz e a intenção do autor com o seu texto. De maneira geral, os gêneros de prosa se diferenciam pelo assunto abordado no texto. Nos Cronicões as narrativas são centradas em fatos históricos, intercalados com fatos fictícios da literatura oral, de alguma importância na história de Portugal ou daqueles que viveram ou passaram lá. Já as Hagiografias são narrativas que tem por objetivo contar a vida de santos (biografia), o exemplo mais emblemático são as narrações de Santa Maria (a qual apareceu também em cantigas). Por sua vez, os Nobiliários são livros de linhagens da nobreza ou alguém importante com riquezas, são relatórios genealógicos de pessoas da corte. Por último, há as novelas de cavalaria (prosas de ficção), as quais são narrações literárias em forma de capítulos de feitos de grandes heróis, juntamente com suas aventuras amorosas. Sobre as prosas de ficção, o ciclo de Bretão e, respectivamente, a matéria da Bretanha teve grande influência nas obras narrativas portuguesas. Na poesia lírica occitânica não faltavam cantigas de jograis peninsulares que exaltassem aventuras de amor e de cavalaria, as quais, posteriormente, se fixaram em prosas portuguesas com temas como o idealismo cavaleiresco de cruzada (feitos de cavalaria e os enredos de amor foram adaptados de acordo com uma intenção religiosa). Um exemplo disso são as versões portuguesas do ciclo do Graal (texto mais antigo em prosa literária da literatura portuguesa, embora não seja original), a qual vem do ciclo bretão. “A Demanda do Santo Graal” é uma ficção cavaleiresca, não originário de Portugal, da 1º época medieval. Essa prosa herdou da tradição oral da era medieval um ritmo

cantante, adequado para ser ouvido, segundo Saraiva e Lopes, e para ser apresentado a um público, como eram feitos com as cantigas. Isso se deve ao fato de que na prosa há a constante presença do autor, por meio de interjeições exclamativas e interpelações ao ouvinte ao longo da narrativa. No capítulo “A tentação de Galaaz” evidencia características invertidas em relação a produção literária anterior: as cantigas de amor. Neste capítulo Galaaz se hospeda no castelo do rei Brutos de Logres, enquanto está em uma pausa da campanha da busca do Vaso sagrado. Nesse período, surgi um interesse amoroso da filha do rei por Galaaz por ele ser: “Tam fremoso e bem talhado, (...). E por esto cuidava ela acabar mui ligeiramente seu desejo, ca o cavaleiro era mui mancebo e mui fremoso” E, assim, ela dedica o seu tempo para conquistá-lo, pois não poderia viver sem a correspondência de Galaaz a sua paixão: “ ‒ Eu amo tanto um destes cavaleiros andantes, que aqui som, que, se o nom houver à minha vontade, que nom chegarei a cras, ante me matarei com minhas mãos. ” Entretanto, Galaaz não corresponde a donzela, pois o amor, ao invés de ser o caminho para a felicidade, era considerado pecado. Isto porque ele desvirtuava o herói de seu real caminho: a virtude, a honra e o dever para com a Igreja, que era a busca pelo Graal: “(...) Entam se chegou a êle mais que ante e pôs mão em êle mui passo pelo apertar; mas, quando sentiu a estamenha que o cavaleiro vestia, ca sem estamenha nunca êle era noite nem dia, ela fo tam espantada que disse logo: – Ai, cativa, que é esto que vejo! Nom é êle cavaleiro dos cavaleiros andantes que dizem que som namorados, mas é daqueles que sua vida e a sua lidice é sempre em penitência, pela qual lhes vem grã bem para o outro mundo e perdoa Deus àqueles que êrro houverem feito contra êle. E por nenhua rem, disse ela, nom posso eu acabar com êle o que queria. E como quer este cavaleiro seja ledo para parecer, grande é o marteiro da sua carne, mas mostra bem que o seu coraçom pensa em al, e nom em aquelo que a minha carne misquinha e cativa deseja. Êste é dos verdadeiros cavaleiros da demanda do Santo Graal e em mal ponto foi tam fremoso por mim.”

Galaaz, para cumprir com o seu dever de honra, dorme com a armadura que usa de dia. E, ainda, quando a donzela anuncia que se matará com as próprias mãos Galaaz diz que salvaria a sua honra por estar virgem (a virgindade era o estado mais perfeito). Dessa forma ocorreu a morte da donzela, com ela segurando a espada de Galaaz e trespassando-a em seu peito, por não ter seu desejo atendido, que chegou a pensar a ser amor. As histórias medievais ganharam novos valores quando passaram à prosa literária, como foi visto acima, de acordo, por exemplo, com os preceitos que a saciedade da época (religiosa patriarcal e convencionalista) queria que o povo adotasse. Desde o papel do homem (herói e possuidor da razão e consciência para com os deveres), até do lugar feminino na comunidade (levada ao erro por suas ideias de amor). Referência SARAIVA, A. e LOPES, O. História da Literatura Portuguesa. 13º ed. Porto: Porto, 1985....


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