Religião resumos PDF

Title Religião resumos
Author madalena rosa
Course Filosofia
Institution Ensino Secundário (Portugal)
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A religião Teísmo é o conceito filosófico que defende a existência de deuses, ou seja, entidades divinas superiores que teriam sido as responsáveis pela criação do Universo e todas as coisas que nele existem. Suporta a ideia da existência de um (monoteísmo) ou vários deuses (politeísmo), portanto não é considerado um tipo de religião. Principal característica: ideia de existência de um Deus, omnipresente, omnisciente e omnipotente, que transcende todas as coisas existentes no Universo.

Argumentos da existência de Deus – à posteriori

1. Argumento teleológico ou do desígnio Estrutura do argumento: - O universo e os organismos vivos são muito semelhantes aos relógios, isto é, revelam complexidade, ordem e harmonia (desígnio), “tudo se encaixa”. - Dada a sua complexidade (a maneira como todas as peças do mecanismo se encaixam e trabalham de forma harmoniosa e conjunta), o relógio teve de ser criado por alguém inteligente, o relojoeiro. - Logo, também o universo e os organismos vivos têm um criador inteligente, ou seja, Deus é uma espécie de relojoeiro divino. Este argumento baseia-se numa analogia entre a natureza e um relógio, comparando-os após a observação de cada um. Um relógio é um objeto que foi concebido para um determinado propósito (desígnio), isto é, cumpre uma determinada finalidade. Todas as peças do relógio formam um mecanismo que funciona harmoniosamente, pois cada peça cumpre a função que lhe está destinada dentro do conjunto. Cada coisa na natureza, assim como as peças do relógio, cumpre uma função. Como não há relógio sem relojoeiro, também não existe universo sem um criador, um ser superiormente inteligente que colocou a natureza a funcionar de forma harmoniosa, como um relógio. (criador = DEUS). Objecões: 

Fraca analogia: a comparação entre o universo e um artefacto é demasiado fraca para que possamos inferir dela que se o relógio é criado por um ser inteligente, também o universo é obra de um Ser inteligente.



Conduz ao politeísmo: Não justifica a existência de um único Deus como está projetado na sua conceção teísta. Pode-se dizer que o universo seria obra não só de 1 mas de vários deuses.



Evolucionismo – A harmonia e complexidade dos seres vivos pode ser explicada através de causas naturais. A complexidade dos organismos é o resultado de uma longa evolução determinada pela capacidade de adaptação ao meio e à propagação das características com maior valor adaptativo por parte dos mais fortes na luta pela sobrevivência.

2. Argumento cosmológico (da primeira causa) (Tomás de Aquino) É um argumento à posteriori porque se baseia na nossa observação do mundo e da natureza. Com base nas nossas experiências do dia-a-dia, concluímos que tudo tem uma causa. Porém, se as cadeias causais não podem regredir infinitamente, então tem de existir uma causa primeira e necessária de tudo, ou seja, Deus.

Estrutura do argumento: 1. Tudo o que existe no mundo tem de ter uma causa. 2. Se tudo tem uma causa então segue-se que o universo também tem de ter uma causa, dado que o universo é algo que existe. 3. Mas não há cadeias causais que regridam infinitamente. 4. Se a cadeia causal não regride infinitamente, então tem de existir uma primeira causa. 5. Logo, existe uma primeira causa (que não é causada) à qual chamamos Deus.

Objeções:



A primeira causa pode não ter sido Deus como o concebemos (omnipotente, omnipresente e sumamente bom), mas sim um conjunto de deuses ou até o Diabo.



O argumento é contraditório – diz-se que Deus não é causado por nada, porém entra em contradição com a primeira premissa onde se admite que “TUDO” tem uma causa.



Afirmar que todos os acontecimentos têm uma causa, não implica dizer que só há uma causa para tudo. Em primeiro lugar, o argumento apenas provaria que cada série de causas tem uma causa primeira ou incausada, mas não prova que todas as causas sejam parte de uma série única de causas que tenha a única primeira causa, porque é possível que nem todas as causas sejam partes de uma série única de causas. Por outras palavras, o argumento provaria que há uma ou mais causas primeiras, mas não que exista apenas uma.



No melhor dos casos, reconhece-se que a primeira causa existe, não que ela seja Deus. Em vez disso, poderia ter sido o Diabo (candidato plausível, dada a natureza do universo). E mesmo que o argumento tivesse provado que a primeira causa tinha de ser um deus, não provaria que ele tivesse de ser um deus que encaixasse na imagem comum que os cristãos, judeus ou muçulmanos têm de Deus. Poderia ser qualquer um dos milhares de deuses diferentes em que os seres humanos acreditam ou, um deus em que os seres humanos nunca tenham pensado.

Argumento à priori – Ontológico (St. Anselmo) Este argumento tem base na ideia de que a própria definição de Deus implica a sua existência. Dirige-se aos teístas (acreditam em Deus) e não aos ateus, como forma de fornecer uma base racional para a sua fé e, assim, representar mais um fundamento da existência de Deus. Ou seja, o argumento não tem o propósito de provar a existência de um ser supremo. Apresenta a mesma linha de argumentação utilizada por Descartes. Se admitirmos que Deus existe no pensamento e que a ideia que temos de Deus corresponde à ideia de que nada maior que ele se pode pensar, então temos que admitir necessariamente a sua existência.

Estrutura do argumento:

(1) Deus existe no pensamento. (2) Se Deus existe no pensamento e não na realidade, então é concebível um ser maior do que Deus. (3) Mas, não é concebível um ser maior que Deus. Logo, Deus existe na realidade. Se Deus é um ser perfeito. Tem de existir, senão, não seria perfeito. (pois faltaria o atributo da sua existência) Objeções: 

Gaunilo: Seguindo a mesma estrutura do argumento ontológico, pode provar-se coisas que não existem. Gaunilo definiu a ilha Perfeita como uma ilha maior do que a qual nada maior pode ser pensado. Então, como Anselmo, podemos concluir que essa ilha meramente imaginária também existe na realidade.

 A 2ª premissa do argumento (“Se Deus existe no pensamento e não na realidade, então é concebível um ser maior do que Deus”) assenta na ideia de que existir na realidade torna algo mais perfeito do que existir apenas no pensamento.

Contra esta ideia, Kant defende que a existência não é um verdadeiro predicado pois não acrescenta nada ao conceito de uma coisa (a existência é apenas a exemplificação de algo). Exemplo: Suponhamos que vemos um cão branco com manchas pretas. Ao dizermos que o cão é branco com manchas pretas estamos a acrescentar propriedades ao conceito de cão. No entanto, quando dizemos que o cão existe, não estamos a acrescentar nada ao conceito de cão. Porém, Anselmo parece sustentar que a existência de Deus é algo que se acrescenta ao conceito de Deus. Mas, afirmar que algo existe não acrescenta nada ao conceito de ser e por isso não há diferença de propriedades entre o conceito de um Deus existente e de um Deus. Se a existência não é um predicado, então um ser não é maior se existir do que senão existir.

Fideísmo e Aposta de Pascal

Fideísmo - É uma doutrina religiosa que defende que só podemos verdadeiramente acreditar em Deus com base no nosso sentimento, a fé. Ou seja, é impossível compreender a sua existência através de argumentos e provas racionais, podendo muitas vezes estar contra o que o raciocínio conclui.

Críticas: Se apela à crença da existência de Deus sem recurso à razão ou até contra ela, podem existir duas alternativas:

A razão não consegue mostrar que Deus existe e tende para a conclusão de que ele não existe:

1.

O fideísmo diz que devemos acreditar que ele existe, mas parece que temos que escolher no que acreditamos (o que é quase impossível). Quando temos algum conhecimento sobre algo, as nossas crenças não costumam submeter-se à nossa vontade consciente, logo teríamos de nos forçar a acreditar em algo que é o oposto daquilo que temos justificação para pensar. 2. A razão mostra que Deus existe. Para o fideísta ignoramos as provas e acreditamos somente através da fé. “é possível escolher entre os dois, a razão e o sentimento, qual é que utilizamos para acreditar em algo?”. Parece aleatório ter de escolher um, porque chegamos à mesma conclusão (“Deus existe.”), apenas por meios diferentes. E porque é que rejeitaríamos logo a razão, que é normalmente o mais confiável, e não podemos acreditar com base nos dois? 3. Seguir o sentimento e a fé para ser crente em Deus é benéfico e compreensível, mas é o oposto da atitude crítica da filosofia. Para além disso, é a fé cega que leva as pessoas ao fanatismo, ao ódio contra as religiões e à violência. A Aposta de Pascal Não tenta provar a existência de Deus e sim mostrar que seria mais vantajoso acreditar que ele existe, para os que não encontravam razões convincentes para tal. Mostra os dois lados da crença: Para quem segue a lei divina decorrerá a felicidade eterna e para os descrentes, o sofrimento eterno. Utiliza-se a analogia de um apostador que, através de um saldo de perdas e ganhos, mostra que seria mais favorável acreditar que Deus existe.

O argumento do mal Mal moral – sofrimento e dor que os seres humanos infligem uns aos outros (guerras, violência, discriminação, etc…) Mal natural – todo o mal que não é causado pelo ser humano e parte da natureza (tsunamis, epidemias, terramotos…) Se considerarmos a existência de Deus, que julgamos ser perfeito e por isso, omnipresente, omnipotente e sumamente bom, essa ideia não parece bater certo com a existência de mal no mundo. O problema do mal consiste em saber se é possível conciliar a existência de Deus com a existência de mal no mundo. Se Deus: - é o criador do universo e de tudo o que nele existe; - é absolutamente bom e só faz o que é bom; - é omnisciente e por isso sabia o que o universo criado por si iria ser; - é omnipotente e por isso pode fazer ou impedir que aconteça qualquer coisa.

Este é um argumento CONTRA a existência de Deus. Estrutura do argumento: Sendo omnisciente não pode ignorar a existência do mal, e se é puramente bom deve querer impedilo e pode fazê-lo (omnipotente). Se Deus existisse, então não haveria mal. O mal existe. Logo, Deus não existe.

Respostas dos teístas:

1. Livre-arbítrio: Deus poderia ter feito com que os seres humanos agissem como computadores, programando-os para escolherem sempre o Bem. Teríamos um mundo sem mal, mas sem livre-arbítrio. Ora, segundo os defensores desta teoria, um mundo sem mal e sem livre-arbítrio, seria pior do que um mundo como o em que vivemos. Porquê? Porque a nossa liberdade é a fonte da nossa dignidade e do nosso valor superior em relação aos outros animais. O mal é inevitável e uma consequência do livre-arbítrio. Deus não causa nem quer o mal, porém de forma a permitir que nós sejamos livres, tem de permitir que existam os maus resultados do uso dessa liberdade.

2. O argumento da santidade: O mal é necessário porque é a condição do nosso aperfeiçoamento moral e espiritual. O mal e sofrimento é uma espécie de teste que devemos superar para melhorar o nosso carácter moral, a nossa capacidade de enfrentar as adversidades. O mal dá-nos a oportunidade de crescer e melhorar como seres humanos. Sem o mal não existiriam heróis.

Objeções às respostas do problema: 1- 1ª objeção: Livre-arbítrio sem mal. Se Deus é omnipotente, poderia ter criado um mundo no qual existisse liberdade sem a existência do mal. A existência de livre-arbítrio implica a possibilidade de fazer o mal. No entanto, não há razão para que esta possibilidade seja efetiva, pois é logicamente possível que todos os indivíduos com livre arbítrio tivessem evitado escolher fazer o mal 2ª objeção: Não explica o mal natural. Este argumento, na melhor das hipóteses “justifica” a existência do mal moral. Não há qualquer relação entre a posse de livre-arbítrio e a existência de males naturais (doenças, cheias, terramotos). 3ª objeção: Deus poderia intervir no mundo. Os teístas creditam que Deus pode e intervém no mundo. Então porque é que não o fez quando ocorreram as maiores catástrofes da história (o holocausto, os incêndios florestais…)

2- 1ª objeção: O grau e a dimensão do sofrimento. Para permitir a existência de heróis (atos de bem moral) não era necessário existir um grau tão grande de sofrimento, ou seja, há muito mais mal do que o necessário para esse efeito. É evidente que a quantidade de mal no mundo excede em muito o mínimo necessário para nos simplesmente tornarmos melhores pessoas.

2ª objeção: Não seria preferível um mundo com menos santos e heróis, mas onde existisse menos mal?...


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