Resenha de Le Goff - A civilização do ocidente medieval PDF

Title Resenha de Le Goff - A civilização do ocidente medieval
Course História Moderna
Institution Universidade do Estado do Rio de Janeiro
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Resenha crítica. ...


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RESENHA CRÍTICA

O historiador francês Jacques Le Goff, nasceu no dia 01 de janeiro de 1924, na cidade de Toulon, onde fez seus estudos iniciais e viveu até o fim da Segunda Guerra Mundial. O autor estudou em Marselha, e após o fim da Guerra, se mudou para Paris, onde cursou a École Normale, na qual iniciou sua carreira de historiador. Le Goff complementou sua formação dedicando-se a pesquisas em Oxford, Roma e Praga, com foco no período medieval. Ao longo de sua trajetória, Le Goff interagiu com diversas influências. Podemos destacar o grupo ligados aos Annales: Le Febvre, Marc Bloch, Braudel, Le Roy Ladurie e Duby. Os conceitos de tais autores foram essenciais para suas formulações sobre a Idade Média. Suas principais obras são: "Mercadores e Banqueiros na Idade Média", 1956, "Os Intelectuais na Idade Média", 1957, "A Civilização do Ocidente Medieval", 1964, "Para um Novo Conceito da Idade Média", 1977, "O Nascimento do Purgatório", 1981, "O Imaginário Medieval", 1985, "História e Memória", 1988, "A Bolsa e a Vida", 1986, "História Religiosa da França", em colaboração de direção com René Rémond (4 volumes), 1988-1992, "O Homem Medieval" (dir.), 1994, "A Europa Contada aos Jovens", 1996, "São Luís, Biografia", 1996, "Por Amor das Cidades", 1997, "Por Amor às Cidades", 1999 , "Dicionário Temático do Ocidente Medieval", em colaboração de direção com Jean-Claude Schmitt, 2001, "São Francisco de Assis",2001, "O Deus da Idade Média", 2003, "Em Busca da Idade Média", 2003, "O Maravilhoso e o Quotidiano no Ocidente Medieval", "Heróis e Maravilhas da Idade Média, 2009, "A Idade Média e o Dinheiro", 2010, "Em Busca do Tempo Sagrado", 2011, "Homens e Mulheres da Idade Média", 2014, "A História deve ser dividida em pedaços?", 2015. De certo, todas as suas obras são de suma importância, principalmente para os estudos sobre a Idade Média. No entanto, vale destacar o Dicionário Temático do Ocidente Medieval. O Dicionário Temático do Ocidente Medieval é uma obra organizada por Le Goff e Jean Claude Schimitt. O dicionário é composto por 82 verbetes, escritos pelos organizadores e outros historiadores em dois volumes distintos. Os verbetes contidos nos dicionários não seguem a mesma forma de um dicionário comum, ou seja, não apresenta apenas as definições das palavras. São estudos aprofundados que trazem uma

discursão sobre temas referentes a Idade Média. Diante disso, podemos destacar o verbete intitulado Cidade para analisar as concepções feitas por Le Goff. O autor deseja desmitificar as ideias pré-concebidas sobre a cidade medieval, mostrar que a história urbana, antes de tudo, é uma história humana. O principal objetivo de Le Goff é mostrar que existiu uma ruptura entre a cidade antiga e a cidade medieval, mostrar suas fases de desenvolvimento e como era os hábitos da população das cidades na Idade Média. Diante disso, no primeiro bloco do texto, Continuidade ou ruptura da cidade antiga à cidade medieval? o autor expõe seus estudos onde ele acredita que houve uma ruptura entre a cidade antiga e a cidade medieval, ou seja, não houve uma continuidade. Nesse sentido, Le Goff apresenta os declínios das cidades antigas recorrentes à crise do século III, ligada à invasão bárbara, a diminuição das trocas, ruralização da economia e sociedade etc. Por consequência, grande parte do poder foi transferido para o campo. Além disso, o autor expõe alguns estudos históricos realizados referente ao declínio urbano, no entanto, para ele, “(...) o essencial está mais na mutação qualitativa que no declínio quantitativo da cidade ocidental.” Em seguida, Le Goff apresenta e concorda com o posicionamento de Marc Bloch, onde ambos os autores acreditam que a cidade medieval é diferente da cidade antiga. Logo, ele apresenta algumas comparações referentes a economia, arquitetura, modo de produção, trabalho e a cultura, mostrando claramente que houve uma renovação urbana. Posteriormente, Le Goff desenvolve outro tópico, denominado Nascimento e a natureza da cidade medieval, onde o autor apresenta o movimento de urbanização e como surgiu a cidade medieval, visto que ela não é uma continuidade da cidade antiga. Neste tópico, o escritor aponta diversos questionamentos referentes de como a cidade medieval funcionava, como era baseada a sua organização e economia. Ao longo do texto, Le Goff responde esses questionamentos, evidenciando a questão da economia e de como ela foi decisiva para a criação e o desenvolvimento das cidades medievais. Além disso, neste tópico o autor expõe ideias de outros historiadores, como o belga Henri Pirenne e o francês Maurice Lombard, onde, segundo Le Goff, eles concordam com a ruptura da cidade antiga com a cidade medieval, no entanto, eles acreditam em diferentes consequências para a cidade cristã ocidental. Ademais, Le Goff também apresenta historiadores que acreditam que houve uma continuidade entre a Antiguidade

e a Idade Média, nesse contexto, o autor apresenta a percepção do historiador Adrian Verhulst, onde ele expõe que em algumas localidades a cidade antiga sobreviveu a Alta Idade Média. Em sequência, o historiador cita outro tópico, denominado cultura e mentalidades urbanas, neste tema, Le Goff expõe os costumes e hábitos da população das cidades medievais. Diante disso, o autor dialoga novamente com Marc Bloch, onde reforça que as representações da cidade da Idade Média não ocupam o mesmo lugar que na Antiguidade. Nos próximos dois tópicos, O citadino e A cidade em crise a caminho da modernidade, Le Goff apresenta como seria o “homem medieval”, e como uma crise econômica levou algumas cidades ao estado de calamidade. Por consequência desta crise, ocorreram diversas guerras, gerando a tragédia econômica e, consequentemente, revoltas urbanas. Com isso, podemos perceber que o principal objetivo do historiador Jacques Le Goff é mostrar que as cidades na Idade Média tinham suas características próprias, ou seja, não eram uma continuidade das cidades antigas. Além disso, Le Goff apresentou diversos autores, com opiniões opostos e semelhantes à dele, onde podemos observar com clareza o seu posicionamento sobre o tema. Segundo Le Goff, em sua obra, As raízes Medievais da Europa, “[...] A Europa incarnar-se-á essencialmente nas cidades. É aí que acontecerão as principais misturas de população, que se afirmarão novas instituições, que aparecerão novos centros econômicos e intelectuais.” (LE GOFF, 2011, p. 143). Desse modo, podemos destacar como as cidades são importantes para o desenvolvimento econômico, político e social de uma sociedade. Diante disso, o estudo do verbete Cidade é essencial para compreendermos melhor o crescimento e a história urbana.

Referências Bibliográficas:

LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. Petrópolis: Vozes, 2011, p.143 LE GOFF, Jacques. Cidade (219-236). In: LE GOFF, Jacques. SCHMITT, Jean Claude. Dicionário temático do Ocidente Medieval. Santa Catarina: EDUSC, 2002

SILVA, Andréia Cristina Lopes Frazão da. Jacques Le Goff: uma breve biografia, obras publicadas no Brasil e influência no Programa de Estudos Medievais da UFRJ. Acesso em: 12/12/2020. Disponível em:...


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