Resenha - Pedagogia Profana PDF

Title Resenha - Pedagogia Profana
Course Psicologia e educacao I
Institution Universidade de Fortaleza
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Summary

Resumo sobre o texto Pedagogia Profana, de Jorge Larrosa, falando sobre a função do riso no aprendizado, que deveria levar-se menos a sério....


Description

Psicologia e Educação I Professor: Márcio Acselrad Texto: Pedagogia Profana, de Jorge Larrosa. O texto de Larrosa faz uma reflexão acerca da função e do lugar do riso dentro do sério e padronizado ambiente acadêmico. Ele fala dos professores se levarem a sério demais, ironizando o fato de ele estar num Seminário enquanto imagina o que aconteceria caso ele usasse um chapéu de guizos ao invés de um terno e gravata. Fazendo um paralelo com a sala de aula, o professor Márcio levou essa experiência à prática, dando a aula usando um chapéu de bobo e claro, inicialmente foi difícil levá-lo a sério e segurar o riso, e isso se fez fundamental para entender a função do riso no ambiente acadêmico, que é o que será discorrido ao longo desta resenha. O autor traz diversos tipos diferentes de riso, que não devem confundir-se com aquele que nos é útil nesse contexto. Não se trata do riso que está à margem do sério, tampouco com o riso que é um mecanismo de defesa ou sequer com aquele riso que opõe-se ao sério para impor uma nova forma de seriedade. O riso que nos é útil é aquele que dialoga com o sério, um pensamento capaz de zombar de si mesmo, de, quem sabe, não se levar tão à sério. Frequentemente prega-se de que o riso não pertence ao campo Pedagógico e que é até mesmo, de certa forma, proibido rir-se. Larrosa fala que isso acontece por dois principais motivos: primeiramente, a Pedagogia é demasiadamente moralista e segundamente, que o campo pedagógico é ligado a um certo otimismo, enquanto o riso tem um quê de melancólico. O autor fala então de um riso que é desrespeitoso, que domina o sério e é capaz e rir dele, que tem algo quase que de revolucionário. Esse riso me lembra a capacidade de questionar, de rir desse ambiente moralista, que mexem com o que está quieto, com a estabilidade, talvez por isso ele não seja bem-vindo. Referindo-se ao forte título do texto, o que Larrosa propõe então é uma dessacralização do ambiente pedagógico moralista. A partir disso, é trazido o Bildung, da formação, ao alcance da ironia, sobre a qual o autor fala que na consciência irônica o eu está sempre por cima de si mesmo, e por isso não leva-se muito a sério (trazendo novamente a questão do riso que aqui nos é bem-vindo): “o irônico seria aquele que põe, em si mesmo, o chapéu de guizos sempre que o mundo se faz demasiadamente compacto e sempre que sua própria subjetividade se faz demasiadamente consistente e ameaça colocar-se excessivamente de acordo consigo mesma”. É muito interessante o fato de Larrosa trazer também o contraponto daqueles que são terminantemente contra o riso, como por exemplo, Hegel, que é extremamente rígido quanto ao riso, ato ao qual não atribui valor algum: é preciso manter uma verdadeira seriedade. Agora, qual seria a função do riso na formação do pensamento? Primeiramente, isolar, distanciar e relativizar as máscaras retóricas que configuram o uso da linguagem. É trazida então um tipo de linguagem a qual Bakhtin chama de “patética” a qual é ligada, por exemplo, aos tipos heróicos dos romances psicológicos. A linguagem proferida por aquele sujeito é ligada ao seu poder, sua posição: juízes, pastores, profetas, políticos, etc… Entretanto, cabe também nesta classe a palavra sentimental e amorosa. O autor, além de falar do uso direto da linguagem, fala do uso de uma linguagem indireta, irônica, que comporta uma máscara, como numa brincadeira de faz-de-conta e esse uso figurativo da linguagem é que produz o riso, sem confundir a si mesmo com a máscara que carrega, e

nesse faz de conta que mantém uma distância da máscara que carrega está um fortíssimo potencial crítico, questiona através da ironia diversos dos papéis que propõe, através do humor, representar/ironizar. Citando o autor “o riso mostra a realidade a partir de outro ponto de vista. Essa seria a função de desmascaramento do convencionalismo existente em todas as relações humanas. O riso isola esse convencionalismo, desenha-o com apenas um traço e o coloca à distância. O riso questiona os hábitos e os lugares comuns da linguagem. E, no limite, o riso transporta a suspeita de que toda linguagem direta é falsa, de que toda vestimenta, inclusive toda a pele, é máscara”. A contribuição do chapéu de guizos para a aprendizagem é o reconhecimento de suas máscaras e o discernimento de que elas são máscaras, o chapéu de guizos carrega em si esse caráter de mutabilidade. O riso mistura a idiotice e a inteligência, ele sai do lugar-comum sério da academia e consegue ainda assim polemizar esse espaço sério, dialogando com ele de forma crua. É um momento de crítica e de autocrítica também, colocando o ensino sob uma nova perspectiva. O riso tira o aluno das amarras do ensino demasiado tradicional e solidificado e quando usado como auto-ironia, é capaz de proporcionar a autocrítica pois você põe um olhar cético sobre si mesmo. O riso, com essa abordagem crítica, irônica e autocrítica é capaz de levantar questionamentos sobre o mundo e sobre si, destruindo nossas certezas prévias e construindo novas perguntas....


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