REV DA Prensa Grafica Resumo PDF

Title REV DA Prensa Grafica Resumo
Course História Social dos Meios
Institution Universidade Federal de Minas Gerais
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REVOLUÇÃO DA Prensa Grafica Resumo...


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Em “A revolução da prensa gráfica”, Briggs e Burke dissertam sobre as consequências e aspectos gerais do processo de surgimento e ascensão da prensa gráfica no mundo. Com um enfoque inicial na Europa, local tido como berço dessa técnica (dada a invenção da prensa por Gutenberg), os autores traçam as principais especificidades de uso, empecilhos e progressos a ela atribuídos. Vê-se, ainda, a vasta gama de transformações sofridas por esta ferramenta ao longo do tempo, até atingir o papel hoje exercido por ela. Num primeiro plano é importante considerar a revolução da prensa gráfica enquanto processo inaugurado nos anos 1450 e que abrange uma grande quantidade de tempo chegando, aproximadamente, até a idade moderna. Tendo em vista isso, vê-se que o corolário deste fato teve grande influência política, religiosa e social não somente no ocidente, mas em todo o globo. Ademais, os avanços tecnológicos proporcionaram o espalhamento dessas máquinas pela Europa e gerou um crescimento exponencial do número de impressos e livros, os quais atingiram número superior ao de habitantes europeus. Estes consideravam o advento da prensa gráfica como sinônimo de progresso e superioridade. Numa segunda análise, é válido pontuar que, no Oriente - principalmente na China e Japão -, essas consequências têm menor proporção devido à forma de escrita (que era ideográfica), de impressão, também da especificidade de textos (em blocos) além de sua pouca utilização. Sabe-se ainda que na Coréia isso ocorreu mais intensamente uma vez que esta foi influenciada pelo ocidente.Até mesmo na Europa, alguns países eram resistentes à utilização da prensa gráfica por fatores variados. A exemplo disso cita-se a Rússia, que possuía um alfabeto específico além de ater-se às questões políticas, militares e religiosas que dificultavam a consolidação da prensa gráfica como ferramenta de difusão do conhecimento. Nesse sentido, malgrado tivesse tecnologia suficiente para difundi-la, a Rússia não tinha os aspectos socioculturais necessários para tal (grande parte da população não era letrada). Já na região do império otomano, havia grande resistência à impressão gráfica principalmente por questões religiosas (pois comprometeria o controle do povo pela religião e seus líderes) haja vista o domínio desse aspecto na sociedade. Ainda, é sabido que os escribas (responsáveis pela escrita dos documentos religiosos) tinham seu ofício comprometido pela existência da prensa e ao exercerem seu papel, limitavam o que era produzido. O mundo muçulmano, por sua vez, tinha na religião maior extremismo e apresentava inclusive pena de morte como punição para quem praticasse a impressão. Isso também se dava pelo cunho religioso, pois havia o temor de que com a difusão de informações a população passasse a interpretar os ensinamentos clericais de outras formas. Tal preocupação tornou-se maior à medida que evoluíram as impressões como, por exemplo, através dos jornais que permitiam uma maior circulação de informações. É, todavia, necessário salientar que, mesmo diante de todos esses avanços, a prensa gráfica de meados do século XVI gerava alguns problemas. Anteriormente à prensa, no medievo, havia uma ínfima quantidade de livros, já na idade moderna, era grande o excesso destes. Diante disso, era uma tarefa difícil organizar e conter as inúmeras informações possuídas, o que causou não somente impactos de âmbito intelectual, mas também do espaço físico das cidades (pela abertura de muitas livrarias) e bibliotecas (que precisaram ser ampliadas). Além disso, as bibliografias não eram suficientes para classificar e organizar os livros, tendo em vista sua grande especificidade. Em detrimento dessas características, deu-se o surgimento das resenhas, as quais facilitavam a escolha dos livros a serem lidos, uma vez que “havia mais livros do que era possível ler durante uma vida”. Tais livros eram associados às novas ideias de racionalidade e mudanças culturais, mas ainda assim, não comportavam a questão da oralidade. Nesse sentido, a ruptura com a tradição oral – um dos principais meios de comunicação do período precedente à modernidade – representava a troca dos paradigmas vigentes, levando o foco ao universo do visual. Destarte, sabe-se que o papel dos impressos era assaz importante pelo fato de registrar e guardar informações, permitindo que as obras fossem mantidas por muito tempo e acessadas pelas gerações seguintes. Os livros que anteriormente eram complexos, caros e pouco acessíveis ganharam novas versões de formatos diferentes como as brochuras, simples, baratas, vendidas pelos mascates para a população – a massa –, que agora podia ter acesso à produção intelectual e cultural da época e também construir questionamentos e diferentes pontos de vista acerca dos fatos. Comunicação Física: Num outro viés, é plausível analisar o fundamental papel da comunicação para o comércio ao longo da história, cuja importância chega a se igualar à da mercadoria. Deste modo, os impressos difundidos juntamente a produtos como a prata e o açúcar tratavam das dificuldades de uma comunicação física, dadas as distâncias entre lugares. Esta produção também foi fundamental para a orientação de comerciantes e viajantes em geral, pois permitiu o desenvolvimento de mapas. Outrossim, é basilar discutir sobre meios de transporte por estes exercerem uma parte indispensável nesses processos de comunicação. Tendo em vista isso, é válido pontuar que havia contrastes entre os diferentes meios de transporte, como por exemplo, o fato de as vias terrestres serem mais rápidas, porém mais dispendiosas, ao passo que o modo marítimo era demorado e de melhor custo benefício. Assim, a necessidade de levar mais rapidamente as informações de um lugar a outro impulsionou a

criação de ferramentas como o telégrafo elétrico, rompendo, pois, a enorme dependência da comunicação para com os meios de transporte. Comunicação escrita: É quase impossível desvencilhar a revolução da prensa gráfica da escrita, técnica de comunicação que antecede esse empreendimento, portanto, pode-se dizer que uma dependera da outra. Diante disso, deve-se considerar que a escrita passou por momentos diversos e em cada qual recebera um uso próprio. O intuito do letramento variava cujo contexto de lugar e propósito sendo, por exemplo, num longo período, realizado pela igreja. Na Europa protestante, a igreja luterana da Suécia realizava exames regulares com a finalidade de avaliar o conhecimento religioso dos praticantes, além de registrá-lo. Em outros locais havia o enfoque nos negócios, por exemplo, em Florença, os escritos ligados às questões econômicas eram muito utilizados (e que apresentava escolas especializadas no ensino da escrita para comércio). Não apenas em Florença, mas em outras cidades, a laicidade também podia característica dos impressos, revelando uma diminuição do domínio religioso sobre o comportamento das sociedades. Todavia, independente das formas, esse “letramento mediado” foi basilar para o desenvolvimento da escrita e do conhecimento, permitindo inclusive que algumas mulheres e crianças de áreas rurais tivessem acesso à leitura (por meio de campanhas). Diante disso, surgiram as profissões ligadas à escrita e leitura, modificando e gerando ações sociais do cotidiano. Assim, algumas delas acompanhavam certo status social por representarem, pelo conhecimento dessas técnicas, a superação de um passado no qual o conhecimento, racionalidade e inteligência do homem eram pouco valorizados. Ademais, a esfera política foi assaz afetada por esse processo haja vista que a sociedade passou a ter acesso à informação e aos modos de processá-la. Nesse sentido, tal como elucida Weber em uma de suas exposições, o letramento encontra-se intrínseco à burocratização e construção esquelética das hierarquias políticas, o que, posteriormente, estende-se para outras áreas como a pecuniária, religiosa e legislativa. Nos governos, diante da valorização dos letrados, membros da nobreza sentiam-se excluídos dos processos políticos uma vez que os secretários passaram a participar das decisões importantes. Isto aumentou a centralização do poder em diversos governos, corroborando o fato de que a tecnologia avançava ao passo que as relações sociais regrediam e se aproximavam do que eram antes do advento da modernidade. Não apenas os poderosos, mas a população comum, também se apoderava da escrita como ferramenta de participação política, o que se dava, por exemplo, através da redação de queixas e petições com suas reivindicações. Por fim, há de se citar também a escrita nas práticas cotidianas e presente nos espaços físicos como em inscrições, túmulos, locais e monumentos, tal como o sentimento de unidade proporcionado pela utilização de uma língua de caráter universal como o latim. Linguagens de Comunicação: O avanço dessas técnicas de impressão pode ser relacionado ao desenvolvimento linguístico da Europa, a qual deixa de usar somente o latim e passa a empregar línguas vernáculas. Essa padronização tem como exemplos a tradução de obras como a bíblia para o Alemão por Lutero, as poesias de Dante e Chaucer para o inglês e italiano, além de outros diversos textos. Entretanto, o latim ainda possuía representatividade, pois em muitos lugares não se conhecia a língua inglesa, o que levou à existência de vernáculos de obras importantes da ciência, política e filosofia para o latim. Comunicação visual: Os aspectos visuais da comunicação também devem ser considerados pelo fato de representarem técnicas primordiais utilizadas pelo homem. Nesse contexto, a retórica constitui uma de suas principais formas por ser anterior inclusive à escrita e ter funções em diversos campos do conhecimento. Num espectro mais amplo, sabe-se que essas técnicas foram responsáveis por uma grande ruptura, que se dá, majoritariamente, a partir dos trabalhos de Barthes, tratando dos signos linguísticos e unindo o aspecto visual ao cognitivo e construindo a ideia de signo (enquanto linguagem). A imagem passa a representar uma forma concreta de comunicação que pode ser notada, por exemplo, através da interpretação de obras de arte no renascimento e da transformação desta em formas de crítica, manifestação e participação política/social. Muitas pinturas possuíam conteúdos individualistas referentes aos seus autores além de terem o entendimento acessível a poucos haja vista que, carregavam uma multiplicidade de signos complexos. Ademais, grande parte dessas obras era restrita, pois se adquiria uma pintura como objeto particular de decoração e não como um item a ser exposto. Diversas produções seculares e religiosas eram feitas sob encomenda com finalidades específicas até mesmo no campo literário, o que foi modificado apenas a partir do século XVI quando os artistas passaram a produzir para o mercado. Imagens impressas: O universo de impressões cresceu não apenas no âmbito da escrita, mas também através das imagens estampadas por placas ou blocos de madeira ou metal A xilogravura era usada desde o fim do século XIV técnica muito antiga que

se assemelhava à estamparia de tecidos, permitia fazer varias impressões com a mesma forma e com diferentes tonalidades, determinadas pela quantidade de imersões na tinta.Nos séculos seguintes, novas técnicas como a meia-tinta e a litografia possibilitaram uma melhor reprodução de imagens tanto em preto e branco quanto coloridas, de aparência mais realista e melhor custo benefício. Diante disso, a ampliação das impressões e de seus métodos recentes foi responsável por uma mudança significativa da comunicação do tempo em voga. Como consequência disso, os artistas da época eram favorecidos pela rápida e barata distribuição dos seus trabalhos imagéticos. Isso atingia várias esferas da vida humana, relacionando-se com a religião, imaginário popular, história, cultura dentre outras, além de atingirem públicos de locais distantes em outras fronteiras. Essa repercussão também pode ser observada no aspecto político uma vez que a percepção política foi impulsionada pela difusão de impressos. Como exemplo, tem-se a venda de imagens referentes à revogação da lei do selo (1765), a qual foi de grande escala. Por outro lado, esta produção massiva de imagens pode assumir um valor negativo pelo fato de substituir o que antes seria algo singular e original. Contudo, deve-se considerar a importância dessas impressões enquanto elementos da modernidade graças à possibilidade de representar a realidade como tal. Para além disso, estimulou-se a visão de global à medida que os mapas, obras e informações foram agrupados revelando as minúcias do mundo. Houve também o emprego de relatos ilustrados sequencialmente, o que hoje seriam as histórias em quadrinhos. Tal associação entre imagem e palavras facilitava e agilizava o entendimento desses quadros. Instrução e divertimento: Ao longo do tempo, a leitura possuía diferentes funcionalidades, indo desde a instrução religiosa, acadêmica, função comercial, ferramenta política até o uso como lazer, o qual veio mais tardiamente. Diante disso, a multiplicidade de materiais sobre múltiplos assuntos fortificava o conhecimento e o ato de se informar. Isto foi definitivo para a formação cultural das sociedades nas quais a leitura se fez presente.As obras destinadas à fruição (como teatro, peças, poemas, panfletos e etc.), variavam muito e se encontravam em menor número em relação às demais finalidades. Estas, ainda, chegaram a ser representadas por folhetos de relatos criminais, gênero que apresenta enorme semelhança com os produtos jornalísticos - periódicos sensacionalistas da contemporaneidade. Diante do exposto, conclui-se que o advento da prensa gráfica representa um dos maiores avanços tecnológicos da idade moderna e que refletiu durante toda a sua existência até o tempo presente. Deste modo, é pertinente encarar a impressão como uma técnica que permitiu a difusão do conhecimento, da informação e da expansão das fronteiras do mundo moderno. Ela ganhou diferentes significações e recebeu valores ao longo dos séculos, modificando e consolidando e amplificando os mais complexos processos de comunicação....


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