Title | Transtornos neurocognitivos |
---|---|
Author | Laís Ferro |
Course | Saúde Mental II |
Institution | Centro Universitário Cesmac |
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Anotações da aula sobre "Transtornos Neurocognitivos" ministrada pela professora Camila Wanderley, docente no módulo de Saúde Mental II, do Centro Universitário Cesmac. ...
CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC SAÚDE MENTAL II 2ª AVALIAÇÃO
Laís Ferro Barros Acadêmica de Medicina
casa, cozinhar, cuidar de animais domésticos, controle de gastos etc). As atividades básicas, por sua vez, são
CONCEITO
Por transtornos neurocognitivos entende-
mais voltadas ao exercício do autocuidado (p. ex.:
se que são caracterizados pelo prejuízo
higienização pessoal, capacidade de se vestir
adquirido nas funções cognitivas (p. ex.: memória,
etc).
capacidade de abstração, orientação etc). INICIAL AVALIAÇÃO INI CIAL
Pode surgir uma queixa do próprio paciente (p. ex.: problema de esquecimento, no caso do Alzheimer) ou pode ser uma queixa dos familiares e amigos mais próximos, os quais observaram alterações nos pacientes. Nesses casos, o insight do paciente pode estar
Mini-mental
prejudicado. Assim, para avaliar o indivíduo com suspeita de distúrbios neurocognitivos, pode-se fazer uso de testes de rastreio específicos, bem como das AVDs (Atividades da Vida Diária). Além disso, é importante investigar as comorbidades associadas ao indivíduo. Em idosos, investigar polifarmácia, pois é imprescindível diferenciar se o distúrbio está sendo causado por alguma outra questão ou se realmente tem causa primária.
•
Teste básico de rastreio para quadro cognitivo de uma forma em geral;
As atividades instrumentais requerem habilidade cognitiva maior (p. ex.: cuidado com a
*Não é muito preciso, não podendo ser definido como teste diagnóstico.
1|Pági na
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•
Laís Ferro Barros Acadêmica de Medicina
Fornece indícios de que a pessoa pode
•
alterações cognitivas em estado inicial;
estar tendo perda da capacidade cognitiva; •
•
•
•
Teste
bem
difundido
Consegue rastrear uma grande parte
a
capacidade
das
alterações
nomeação;
memória; atenção; linguagem; abstração;
na
evocação tardia; orientação.
comunidade clínica e científica; o
Avalia
visuespacial/executiva;
Vantagens; o
Por ser um teste mais recente, não tem muitos estudos validados;
Avalia a orientação; memória imediata; atenção/cálculo; evocação e linguagem;
É ideal para rastreio de CCL ou
PFEFFER
neurocognitivas; *É feito com base na escolaridade do paciente. •
Desvantagens; o
Teste simples, que pode ser falseado;
o
Não consegue ser fidedigno a quadros de CCL.
MoCA
•
Diferente dos outros, não é uma avaliação cognitiva;
•
Avalia a capacidade do paciente na realização das atividades de vida diária; o Dá
ênfase
nas
atividades
instrumentais da vida diária. • •
Juntamente aos outros testes, pode
Teste mais rebuscado que o mini mental
predizer em que estado demencial o
→ abrange mais funções cognitivas;
paciente se encontra.
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(anticolinesterásicos) no paciente com CCL,
MENOR TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO MEN OR
visando uma possível prevenção de evolução •
É
sinônimo
de
Comprometimento
para Alzheimer.
Cognitivo Leve (CCL); •
Não
tem
critérios
diagnósticos
O CCL é uma transição para demência?
•
preestabelecidos pelo DSM-5; •
3 a 5% dos indivíduos ≥ 60 anos podem
Paciente pode estacionar;
apresentar CCL;
Paciente pode retroceder;
CCL
“Geralmente, o paciente refere queixa consistente e
Pode evoluir para demência (30 a 40%).
subjetiva de comprometimento cognitivo. Por ser ‘leve’, as pessoas que convivem com ele não costumam perceber.” •
Queixa consistente de comprometimento
Perda cognitiva leve.
MAIOR TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO MAI OR
da; Consiste nas demências propriamente
o
Memória (principalmente);
o
Linguagem;
ditas. Há um declínio cognitivo importante em
o
Atenção;
relação ao nível anterior de desempenho em um
o
Funções executivas etc
ou mais domínios.
Obs.: É importante que haja a confirmação da
seja possível fazer essa “comparação”.
queixa do paciente por um informante. •
Há
preservação
das
atividades
instrumentais complexas ou nestas, há
A documentação do prejuízo cognitivo substancial pode ser através: •
mínimas alterações; •
*É importante avaliar a história clínica do paciente para que
Avaliação cognitiva;
O prejuízo documentado leve pode ser
o
Exame do estado mental;
constatado
o
Testagens cognitivas;
o
Testagem neuropsicológica.
por
testagem
neuropsicológica; o
Testagem
neuropsicológica
é
utilizada em caso de dúvida diagnóstica. São mais específicos que os testes supracitados.
•
História clínica colhida do paciente, com auxílio do acompanhante.
O TNM compromete a independência no desempenho das AVDs. Isso pode ser avaliado
Obs.: Estudos recentes mostraram que não é
por meio do PFEFFER ou de perguntas simples e
necessário
diretas sobre o dia a dia.
iniciar
medicamentos
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*A avaliação das AVDs tem de ser considerada a partir do
•
cenário em que o indivíduo vive e as atividades que
Grave – O indivíduo é totalmente dependente.
normalmente pratica.
O Transtorno Neurocognitivo Maior deve
Etiologia A síndrome demencial tem inúmeras
envolver, pelo menos, dois domínios:
etiologias, dentre as quais cita-se:
•
Memória;
•
Praxias – Atividades da Vida Diária (É o
Principais causas
“fazer do paciente”); *Apraxia ocorre quando o paciente perde a sua funcionalidade em determinadas tarefas (p. ex.: paciente
•
Doença de Alzheimer;
•
Comprometimento cognitivo vascular;
•
Demência fronto-temporal.
não consegue mais vestir a roupa como antes). •
Funções executivas – Capacidade de planejamento e execução atividades;
•
Linguagem;
•
Funções visuespaciais;
•
Comportamento/personalidade.
Outras causas: Doença com corpos de Lewy; lesão cerebral traumática; infecção por HIV; doenças de Parkinson; Huntington e Prion; induzido por substâncias/medicamentos.
*A memória é mais comumente afetada.
Critérios diagnóstico da DA
Especificadores
“Estes devem ser “somados” aos critérios diagnósticos das demências em geral (falados anteriormente).”
Deve-se especificar se há perturbação comportamental ou não. *Nem
todas
as
demências
terão
alterações
I.
Início insidioso e gradual;
II.
Há uma piora definida de cognição que pode ser evidenciada por relato do
comportamentais.
paciente ou exame objetivo; •
Leve – Há dificuldade com AVDs instrumentais;
*Cuidados com o ambiente estão comprometidos. •
III.
Prejuízos cognitivos mais comuns; a) Apresentação comum.
amnésica
O
–
Mais
comprometimento
Moderada – Há dificuldade com AVDs
cognitivo deve incluir dificuldade
básicas;
para
*Autocuidado está comprometido.
aprender
e
recordar
informações recentes e pelo menos mais uma outra disfunção cognitiva;
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b) Apresentações não-amnésicas – Há uma
alteração
evidente
•
Há alterações visu-espaciais, inicialmente, com piora progressiva;
em
linguagem, visu-espacial e disfunção
Dificuldade para reconhecer ou
o
encontrar objetos;
executiva.
Dificuldade
o
Possível DA
•Paciente preenche os critérios clínicos.
para
reconhecer
faces (simultanagnosia);
•Critérios clínicos + biomarcadores.
Dificuldade de andar em lugares
o
não familiares.
Provável DA
Na fase inicial, as memórias de trabalho, procedural
*A apresentação amnésica é mais típica do Alzheimer.
e
semântica
costumam
estar
preservadas. Da mesma forma, as funções
Características clínicas típicas
executivas costumam se alterar apenas com a •
Início insidioso, geralmente em indivíduos
progressão da doença.
≥ 65 anos; o
Instalação dos sintomas se dá ao
Sintomas comportamentais e psicológicos
longo de meses ou anos. •
É
Há o comprometimento da memória Prejuízo
no
aprendizado
e
registro de novas informações; o
Perguntas
repetitivas
durante
•
Apatia (motivação comprometida);
•
Inadequação social – Surge na fase mais tardia da doença; o
Dar em cima de outras pessoas;
o
Desinibição,
Dificuldade para lembrar eventos
•
•
Há alterações de linguagem; o
Dificuldade
para
Diminuição do vocabulário no discurso espontâneo.
em
Perda de interesse em atividades que
Isolamento social em decorrência da apatia;
encontrar
palavras (anomia); o
roupa
antes eram prazerosas;
familiares). •
tirar
público etc
Desorientação espacial (p. ex.: o indivíduo se perde em locais
apresentar
Flutuações de humor (agitação);
recentes ou compromissos; o
indivíduo
•
uma conversa; o
o
alterações no comportamento, tais como:
episódica recente; o
comum
•
Delírios – Normalmente envolve as pessoas do seu convívio.
Além disso, o indivíduo com Alzheimer pode apresentar anosognosia, ou seja, dificuldade de 5|Pági na
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insight em relação aos déficits cognitivos
Obs.: A fisiopatologia do Alzheimer envolve o
prejudicados.
depósito de proteínas beta amiloides, bem como os emaranhados neurofibrilares.
Fatores de risco A DA é responsável por cerca de 50 a
•
o
60% dos casos mundiais de demência.
PET com captação para βamiloide;
•
Idade (> 65 anos);
•
Fatores genéticos – ApE, APP, PSEN1,
o
PSEN2;
Redução de β-amiloide no LCR (líquor cefalorraquidiano);
*São úteis na identificação do Alzheimer atípico.
*O Alzheimer de início precoce (65
•
multifatoriais.
Biomarcadores
que
sugerem
neurodegeneração;
anos) por sua vez tem maior associação a características
*Utilizados no Alzheimer e em outras demências.
•
História familiar;
•
Baixa reserva cognitiva; o
o
O indivíduo tem maior dificuldade
Doenças
com volumetria de hipocampo);
cardiovasculares
o
(HAS,
SPECT cerebral – É como se fosse uma ressonância funcional do
dislipidemia, tabagismo, DM);
cérebro;
•
Inatividade física e intelectual;
•
Depressão.
o
FDG-PET – Acende mais nos locais de maior metabolismo de glicose;
Exames complementares o
Os
Ressonância magnética – Avalia as alterações no hipocampo (RM
em “criar” novas redes cerebrais. •
Indicativos de patologia beta amiloide;
biomarcadores
são
LCR.
parâmetros
biológicos que podem ser medidos in vivo e
Obs.: No cérebro com Alzheimer há uma redução
refletem
global
características
do
processo
Assim, os biomarcadores auxiliam no no
prognóstico
(atrofia
cortical
difusa),
principalmente na região do hipocampo e
fisiopatológico da doença em curso.
diagnóstico,
cerebral
e
acentuação da fissura Sylviana
no
acompanhamento da doença.
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•
É a segunda causa mais comum de transtorno neurocognitivo;
•
O início após os 65 anos é mais comum;
•
Pode coexistir com a DA;
•
Evolução; Início agudo – Ocorre após um
o
evento
vascular
(macrovascular).
Ex.:
agudo AVC,
isquemia etc;
Prognóstico
Início insidioso e gradual –
o
Comprometimento microvascular.
Geralmente, o Alzheimer de início precoce (65 anos).
assintomático.
Com
*Em cerca de 20% dos casos, o Alzheimer de início precoce pode ter uma herança genética autossômica dominante envolvida.
comprometimento o
passar
microvascular
do
tempo,
há
é o
comprometimento cerebral, ocasionando a demência. •
Alterações neuropsíquicas são comuns; o
Depressão,
apatia,
abulia,
irritabilidade, labilidade no afeto etc Além disso, são observados na demência vascular declínio proeminente na atenção complexa e na função executiva (planejamento, julgamento, tomada de decisões, concentração). A memória recente também pode ser afetada.
Exame neurológico O examinador deve estar atento aos sinais focais. O paciente pode apresentar: afasia, hemiparesia, hemianopsia, disartria, alteração de Manejo do paciente com Alzheimer
marcha, sinais de liberação frontal. Na neuroimagem podem ser identificadas lesões focais, multifocais ou difusas, devido a
Características clínicas
múltiplos infartos e até AVC. 7|Pági na
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Diagnóstico diferencial Diferenciar de outras doenças sistêmicas
É um tipo de demência que atinge a
ou cerebrais anteriores. (p. ex.: tumores, encefalites
região lobar fronto-temporal cerebral. Em geral,
etc).
no início da doença, há uma alteração no
Fatores de risco
comportamento, da personalidade e das funções executivas.
•
HAS;
•
DM;
•
Tabagismo;
•
Obesidade;
•
Fibrilação atrial;
•
Angiopatia amiloide;
•
Dislipidemia;
•
Desinibição sexual;
•
Sedentarismo;
•
Perda de simpatia ou empatia;
•
Baixa escolaridade;
•
Estereotipia
•
Condição hereditária de arteriopatia
Características clínicas
cerebral.
Variante comportamental Consiste no surgimento de três ou mais sintomas comportamentais.
ou
compulsão
–
Comportamento repetitivo; •
Hiperoralidade;
•
Apatia ou inércia.
Exames complementares *Nota-se um declínio proeminente na cognição social e/ou •
RNM;
nas funções executivas.
Variante linguística Também
é
chamada
de
afasia
progressiva primária. Há um declínio proeminente na capacidade de linguagem do paciente. Doença microvascular
•
Alteração na produção da fala;
•
Alteração na nomeação de objetos;
•
Alteração na gramática e compreensão de palavras.
Doença macrovascular
8|Pági na
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Provável DLFT
• Critérios clínicos.
• Biomarcadores + critérios clínicos.
• Biópsia ou mutação patogênica conhecida
Definida
Possível DLFT
Fase inicial Há preservação relativa da memória,
•
SPECT
aprendizagem e função perceptomotora. *Há prejuízo da função executiva. •
Pode ser precoce: início entre 50 e 60 anos;
•
Tem um progressão mais rápida, em média 5 anos e início insidioso;
•
Prognóstico é mais desfavorável, pois não há nenhum tratamento específico.
Fase final Há
confluência
das
clínicas. Não há tratamento específico disponível.
Exames complementares •
O cérebro normal apresenta-se com o
apresentações
metabolismo global em todo o cérebro. No Alzheimer há um hipometabolismo na região temporal e mais posteriores.
RNM;
Na DLFT há uma redução do volume frontal
No FTD há um hipometaboli...