A trajetória das interrogativas qu- clivadas e não-clivadas do português brasileiro PDF

Title A trajetória das interrogativas qu- clivadas e não-clivadas do português brasileiro
Author Diogo Pinheiro
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PINHEIRO, D.; MARINS, J. A trajetória das interrogativas qu- clivadas e não clivadas no português brasileiro. In: DUARTE, M. E. L. (Org.). O sujeito em peças de teatro (1933-1992): estudos diacrônicos. São Paulo: Parábola, 20212. A TRAJETÓRIA DAS INTERROGATIVAS QU- CLIVADAS E NÃO CLIVADAS NO PORTUGU...


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PINHEIRO, D.; MARINS, J. A trajetória das interrogativas quclivadas e não clivadas no português brasileiro. In: DUARTE, M. E. L. (Org.). O sujeito em peças de teatro (1933-1992): estudos diacrônicos. São Paulo: Parábola, 20212.

A TRAJETÓRIA DAS INTERROGATIVAS QUCLIVADAS E NÃO CLIVADAS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO * Diogo PINHEIRO (Doutorando, UFRJ) Juliana MARINS (Doutoranda, UFRJ)

Introdução Este estudo pretende acompanhar a evolução das estruturas interrogativas-Q com pronome deslocado no português brasileiro (PB) ao longo de uma faixa de tempo que se estende de meados do século XIX (1845) até o final do século XX (1992). Os exemplos abaixo ilustram os tipos de estruturas interrogativas sobre os quais nos concentramos. Note-se que estão excluídas as sentenças com palavra-Q in situ. (1) a. O que você quer? b. Onde ele mora? c. Eu não sei onde ele mora. (2) a. O que é que você quer? b. Onde é que ele mora? c. Eu não sei onde é que ele mora. (3) a. O que que você quer? b. Onde que ele mora? Este artigo é a versão do trabalho final do curso “Uma abordagem formal para o estudo da mudança lingüística » ministrado pelas professoras Maria Eugenia L. Duarte e Sílvia Regina de O. Cavalcante, no primeiro semestre de 2009, no Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da Faculdade de Letras, UFRJ. *

c. Eu não sei onde que ele mora. Os exemplos em (2) e (3) apresentam, respectivamente, os elementos “é que” e “que”, responsáveis pela operação de clivagem. Desse modo, denominaremos as interrogativas em (2) como interrogativas clivadas, ao passo que, em (3), falaremos em interrogativas clivadas reduzidas, devido à ausência da cópula. Nas sentenças em (1), em contraste, não ocorre clivagem. Diante desse quadro, o objetivo deste estudo é investigar o processo de mudança que levou ao surgimento das interrogativas-QU clivadas e clivadas reduzidas no PB. Mais especificamente, nosso trabalho é norteado pelas seguintes perguntas centrais: (i) Em que momento começam a aparecer, no PB, as interrogativas clivadas e clivadas reduzidas, e como evoluem a partir daí?; (ii) Que fatores favorecem o emprego de cada um dessas estruturas?

1. A família de construções clivadas no PB As construções clivadas são estruturas de focalização. Sua função é, portanto, a de marcar o foco – informacional ou contrastivo – de uma sentença. Tipicamente, a literatura sobre os mecanismos de clivagem distingue dois tipos: as clivadas “verdadeiras”, caso de (4), e as pseudo-clivadas, como o exemplo (5). (4) [O salário] é que me desanima. (5) [O salário] é o que me desanima. Tanto as clivadas propriamente ditas quanto as pseudoclivadas se apresentam sob formas diversas. São consideradas clivadas canônicas as sentenças em que o constituinte focalizado aparece entre o verbo copulativo e o “que”, como em (6). No caso das clivadas invertidas, ilustradas em (7), o foco aparece antes da cópula. Cabe mencionar ainda uma inovação importante do português brasileiro: as clivadas reduzidas, do

tipo (8), que prescindem do verbo copulativo. Todos os exemplos abaixo estão em Braga, Kato e Mioto (2009). (6) Foram [as crianças] que viram a Gabriela. (7) [As crianças] é que viram a Gabriela. (8) [Eu] que entro. Também no domínio das pseudo-clivadas, Braga, Kato e Mioto (2009) diferenciam as estruturas canônicas das invertidas. Se, no primeiro caso, ilustrado em (9), o elemento focalizado aparece depois da cópula, no segundo, ilustrado em (10), o foco vem à esquerda da cópula. Por fim, há ainda as pseudo-clivadas reduzidas, exemplificadas em (11), que ganham esse nome por conta da ausência do pronome-Q. (9) O que eu quero é [um cafezinho]. (10) [Isso] foi o que mais me impressionou. (11) Eu leio habitualmente é [o jornal]. Também as interrogativas QU-, objeto deste estudo, podem aparecer sob as formas clivada e clivada reduzida, conforme os exemplos (12) e (13), respectivamente. (12) Quem é que escreveu isso? (13) Quem que escreveu isso? Ao que tudo indica, o português atual não conta com pseudoclivadas interrogativas, que eram atestadas – ainda que, segundo Lopes-Rossi (1996), apenas marginalmente – no período clássico, conforme o seguinte exemplo retirado da peça Guerras do Alecrim e da Manjerona, do século XVIII: (14) Que é o que fizeste?

2. Uma breve história das construções clivadas As construções pseudo-clivadas remontam pelo menos ao século XIV, de acordo com Kato e Ribeiro (2009). Nesse

período, as autoras documentam pseudo-clivadas invertidas, bem como pseudo-clivadas interrogativas. A partir do século XVI, começam a ser registrados casos de pseudo-clivadas canônicas. No que tange às clivadas propriamente ditas, sua origem é controversa, em parte por causa das dificuldades de se decidir – ainda mais em textos de sincronias passadas – se uma determinada sentença tem leitura clivada ou é uma sentença copulativa comum. Um dado que parece claro é que as clivadas invertidas aparecem antes das canônicas. Assim, Longhin (1999), cujo corpus é composto por uma coletânea de textos de diferentes gêneros (cartas, testamentos, cantigas, poesia, diários, teatro, etc.), encontra as primeiras ocorrências de clivadas invertidas (chamadas pela autora de “construções É QUE”) no século XVII. Por sua vez, suas primeiras ocorrências de clivadas canônicas só aparecem no século XVIII. As mesmas datações são encontradas por Lopes-Rossi (1996), em estudo de corpus baseado em peças teatrais dos séculos XVII e XVIII. Se é no século XVII que Lopes-Rossi registra o aparecimento das clivadas propriamente ditas nas sentenças declarativas, será apenas no século XIX (mais especificamente, em peça de 1961) que a autora encontrará essa mesma estrutura naqueles contextos que nos interessam mais diretamente: interrogativas QU-. Eis uma das três ocorrências documentadas: (15) Fale, quando é que o enganei? No que tange às interrogativas-QU, este trabalhou replicou as descobertas de Lopes-Rossi. Também no corpus que investigamos as primeiras (poucas) ocorrências de interrogativas clivadas surgem no século XIX, mais especificamente na peça Como se fazia de um deputado, de 1882. O conjunto dessas pesquisas parece apontar para o seguinte panorama. No domínio das estratégias de focalização, o século XVII parece ter um papel importante na história do PB, ao testemunhar o surgimento das estruturas clivadas, primeiramente sob a forma invertida. Depois, no século XVIII, com o declínio da propriedade V2, tornam-se possíveis as clivadas canônicas. Finalmente, no século XIX, implementam-se as clivadas interrogativas.

Se a explicação para o surgimento das clivadas canônicas (em oposição às interrogativas) está clara, resta indagar o que teria levado ao aparecimento da clivagem de um modo geral (em oposição à pseudo-clivagem). A esse respeito, Lopes-Rossi (1996) assume a hipótese de Martins (1994), para quem as estruturas clivadas são consequência do rearranjo do sistema de focalização de constituintes que se processa com a perda da gramática V2. Nas palavras de Paixão de Sousa (2004, p. 147), “no sistema médio, qualquer sujeito pré-verbal é saliente do ponto de vista informacional”. Assim, a passagem de uma gramática V2 para um sistema SVO acarreta o surgimento de uma posição préverbal não-marcada, inviabilizando-a, portanto, como opção para marcar “saliência” informacional. O resultado disso seria, então, o aparecimento de uma estratégia de focalização alternativa – precisamente, a construção clivada stricto sensu. A partir desse momento, entende-se que essa estrutura se espraia para os contextos de interrogativas QU-, o que passa a ser atestado, não surpreendentemente, a partir do século XIX. Parece-nos que essa hipótese é pertinente – mas a motivação funcional proposta por Martins (1994) não pode, ao que tudo indica, ser tomada como a causa para o surgimento da clivagem. Afinal, tanto Lopes-Rossi quanto Longhin documentam clivadas no século XVII, quando a posição inicial ainda parece estar disponível como enfática. E, mais importante, trabalhos mais recentes como Kato (2009) e Kato e Ribeiro (2009) revelam a existência de clivagem stricto sensu no português em um período ainda mais recuado. As autoras localizam clivadas invertidas já no final do século XIV e início do XV. Mais ainda, elas mostram que essas estruturas já estão presentes nos contextos interrogativos desde o século XVII, conforme os exemplos (16) e (17). (16) Com que substantivo é que concordam? (17) E quando é que são Relativos? Se é verdade que no período V2 já se produziam sentenças clivadas, também é fato que se tratava de usos bastante raros – a ponto de as declarativas não aparecerem nos dados de Longhin (1999) e de Lopes-Rossi (1996) antes do século XVII e as

interrogativas não terem sido registradas na primeira metade do século XIX por Lopes-Rossi e neste estudo. Diante desse conjunto de fatos, parece-nos pertinente a seguinte interpretação: se é verdade que a focalização com pronome Q já ocorre desde fins do século XIV (para as declarativas), nem a clivagem nem pseudo-clivagem são produtivas nesse momento, ainda que a segunda seja relativamente mais freqüente. Essa baixa produtividade se deve, a nosso ver, à disponibilidade de uma estratégia que prescinde do pronome Q: a colocação do constituinte que se quer focalizar em primeira posição. Dessa maneira, quando a primeira posição deixa de ser discursivamente marcada com o declínio do sistema V2, passa-se a recorrer muito mais intensamente aos pronomes Q para destacar constituintes salientes. Nesse sentido, entendemos que o que se verifica no português moderno não é propriamente o surgimento, mas a generalização da estratégia de focalização via palavra QU-. Quando se dá essa generalização, percebe-se uma predominância da clivagem stricto sensu, em detrimento da pseudo-clivagem. Não se trata, porém, de um processo de mudança no qual as estruturas clivada e pseudo-clivada atuam como dublês sintáticos. A julgar pelo estudo de Loghin (1999), o que ocorreu foi uma especialização de sentido entre essas estruturas. Segundo a autora, clivadas focalizam prioritariamente referentes evocados, ao passo que pseudo-clivadas se concentram em referentes novos (LONGHIN, 1999, cap. 5). Essa especialização permite explicar por que não acontece de fato a supressão de uma das duas estratégias de focalização com QU-. Nesse processo, as construções interrogativas vêm a reboque. Se Lopes-Rossi só encontra interrogativas QU- clivadas em fins do século XIX, os estudos de Kato (2009) e Kato e Ribeiro (2009) recuam essa data para o séc. XVII. Nesse sentido, a evolução das clivadas interrogativas parece espelhar o que ocorre nos contextos declarativos: se já eram estruturas possíveis no período V2, começam a se tornar realmente produtivas apenas no século XIX. Neste trabalho, analisamos um corpus que se estende da primeira metade do século XIX até o final do século XX. Verificaremos, portanto, a evolução das interrogativas a partir

do momento em que a forma clivada se torna efetivamente produtiva no português. Assumiremos, em nossa análise, a correlação entre ausência de clivagem e ordem V2, de um lado, e clivagem e ordem SVO, de outro. Embora se trate de uma relação complexa, nossos dados sugerem enfaticamente que ela é real. Ao que parece, no sistema SVO, a clivagem de interrogativas é não apenas possível como produtiva. Em um sistema V2, por outro lado, ainda que a clivagem tenha ocorrido nos dados de interrogativas de Kato (2009) e Kato & Ribeiro (2009), parece claro que se trata de uma estratégia marginal.

3. Metodologia Utilizamos como corpus um conjunto de sete peças de teatro, escritas a intervalos que variam de 20 a 40 anos (Cf. Apresentação). Investigaremos, portanto, sete momentos históricos, que serão numerados de I a VII ao longo do trabalho. A coleta de dados se concentrou sobre as sentenças interrogativas-QU – encaixadas ou não – com pronome-Q deslocado. Além disso, incluímos, sem distinção, clivadas com verbo de cópula flexionado no presente e no pretérito perfeito. Tomando como variável dependente o tipo de interrogativa – clivada, não-clivada e clivada reduzida –, definimos os seguintes grupos de fatores: Grupo 1: Relação gramatical da palavra QU (sujeito, objeto, oblíquo ou predicativo) Grupo 2: Tipo de sujeito da sentença interrogativa (pré-verbal, pós-verbal, nulo, QU- ou topicalizado) Grupo 3: Grade argumental do verbo da sentença interrogativa (transitivo, inergativo, inacusativo ou copulativo) Grupo 4: Encaixamento da sentença interrogativa (encaixada ou não-encaixada) Grupo 5: Palavra QU- (que, quem, qual, onde, quando, quanto, por que)

Foram descartados os usos idiomatizados, os casos em que não era possível distinguir o sujeito e o predicativo e as interrogativas com verbo na forma infinitiva, que torna agramatical, mesmo no PB contemporâneo, a estrutura clivada. Com isso, chegamos a um total de 491 dados.

4. A evolução geral das interrogativas QU4.1 Análise geral dos dados A história das interrogativas QU- no PB de meados do século XIX a fins do século XX revela dois lances importantes. Em primeiro lugar, é nítida a diminuição do número de ocorrências de interrogativas não-clivadas. Em segundo lugar, surge, na segunda metade do século XX, um novo tipo de interrogativa QU-: as clivadas reduzidas.

Nãoclivadas Clivadas Clivadas Reduzidas Total

I

II

III

IV

V

VI

VII

100% 88 0% 0 0% 0 88

84% 41 16% 8 0% 0 49

95% 80 5% 4 0% 0 84

54% 36 46% 31 0% 0 67

64% 38 36% 21 0% 0 59

60% 48 29% 23 11% 9 80

33% 21 61% 39 6% 4 64

Quadro 1. Evolução das interrogativas QU-

O quadro acima revela uma história em quatro atos. No período I, correspondente à peça O Noviço, de 1845, o que se nota é a inexistência de qualquer mecanismo de clivagem nas interrogativas-Q, como se vê em (18) abaixo: (18) O que pensa tua filha do nosso projeto? (O noviço, Martins Pena, 1845)

O segundo momento abrange os períodos II e III, quando as interrogativas clivadas começam a aparecer marginalmente, mas a predominância das estruturas não-clivadas ainda é imensa. (19) O que é que tu tens nesta barriga? (II) (20) Que estará fazendo a americana? (III) A partir do período IV (1937), o uso de interrogativas-Q clivadas começa a aumentar sensivelmente, ao mesmo tempo em que decresce o número de ocorrências de não-clivadas. De apenas 5% no período III, chega-se a 46% no período IV. Esse número não sofre oscilações tão significativas no período seguinte (1955), passando a 36%. Com isso, o percentual de interrogativas-Q não-clivadas, que no período III era de 95%, cai para 54% e 64% nos períodos IV e V, respectivamente. Finalmente, os períodos VI (1975) e VII (1992) testemunham um novo momento na história recente das sentenças interrogativas no PB, com o surgimento de um novo tipo de interrogativa: as clivadas reduzidas, sem cópula. Aqui, elas aparecem pela primeira vez, com 9 ocorrências, ou 11% dos dados. No período seguinte, a freqüência das clivadas reduzidas se mantém estável (6%), mas o índice de não-clivadas cai significativamente: passa de 60% para apenas 33%. Assim, pela primeira vez em nossos dados, o número de interrogativas-Q clivadas supera o de não-clivadas. Os exemplos abaixo ilustram os três tipos de interrogativas-Q que passam a coexistir a partir das últimas décadas do século XX: (21) Que houve? (A mulher integral, Carlos Eduardo Novaes, 1975) (22) Se eu tiver mesmo grávida, o que que eu vou fazer? (No coração do Brasil, Miguel Falabella, 1992) (23) E nos outros nove dias, que é que ele faz? (A mulher integral, Carlos Eduardo Novaes, 1975)

4.2 Grupos de fatores

A análise de cada grupo de fatores revelou a seguinte situação geral. A clivagem das interrogativas QU- está fortemente correlacionada ao tipo de sujeito (posição e preenchimento). Além disso, importa considerar se a interrogativa está ou não encaixada em uma sentença matriz. Por outro lado, os grupos “Tipo de verbo”, “Palavra QU-” e “Relação gramatical” não revelaram resultados relevantes. Assim, por razões de espaço, não apresentaremos os resultados obtidos para os últimos três grupos. Nas próximas seções, discutiremos, pela ordem, os grupos 4 (Encaixamento da sentença interrogativa) e 2 (Tipo de sujeito da sentença interrogativa). 4.2.1 Interrogativas encaixadas e não-encaixadas Os dois gráficos seguintes mostram a evolução, ao longo dos sete períodos aqui considerados, das sentenças interrogativas clivadas e não-clivadas nos contextos com e sem encaixamento sintático. A análise dos dados revela que a clivagem nas interrogativas se implementou primeiro nos contextos sem encaixamento, para só mais tarde evoluir em direção às sentenças encaixadas. 120% 100%

92%

90%

80% 60%

53%

40%

47%

20%

8%

10%

0% I

II

Não-clivada

III

IV Clivada

V

VI

VII

Clivada Reduzida

Gráfico 1. Evolução das interrogativas QU- com encaixamento

120% 100%

100%

95% 81%

80% 60%

52%

40%

48%

59%

23% 5%

16%

0% I

II

Não-clivada

58%

41%

19%

20%

61%

III

IV Clivada

V

VI

25% 17% VII

Clivada Reduzida

Gráfico 2. Evolução das interrogativas QU- sem encaixamento

Por sua vez, nos períodos III, IV e VI não ocorre qualquer caso de clivagem em interrogativas encaixadas, ao passo que nos períodos II e V ocorre apenas um dado. Dessa maneira, é apenas na peça mais recente que se verifica um uso produtivo de interrogativas encaixadas clivadas: são 9 ocorrências, ou 53% das interrogativas encaixadas, como nos seguintes exemplos: (24) Eu não sei como é que eu ainda dou ouvidos pruma velha louca como a senhora. (No coração do Brasil, Miguel Falabella, 1992) Nota-se que a clivagem praticamente inexiste nos contextos com encaixamento durante quase toda a extensão de tempo abarcada pelo nosso corpus – com exceção de uma ocorrência no período II e outra no período V. No entanto, em fins do século XX, essa situação sofre uma mudança brusca, com a clivagem passando a aparecer com força também nos contextos de interrogativas encaixadas. 4.2.2 Interrogativas clivadas e o tipo de sujeito

Nossas ocorrências foram codificadas com base em cinco diferentes categorias de sujeito: anteposto, posposto, nulo, QUe topicalizado. O quadro 2 e o gráfico 3 abaixo apresentam apenas os dados referentes aos três primeiros tipos, que resultam nas configurações SV, VS e V, respectivamente. Além disso, sob o rótulo “clivadas”, encontra-se também a clivagem reduzida, sem cópula. PERÍODO

Clivadas

SV

VS

V

0%

Nãoclivadas 100%

I

7%

38%

55%

II

12%

88%

14%

39%

47%

III

7%

93%

9%

35%

56%

IV

44%

56%

33%

19%

48%

V

35%

65%

47%

16%

37%

VI

50%

50%

67%

18%

15%

VII

74%

36%

76%

10%

14%

Quadro 2. Relação entre clivagem e o tipo de sujeito 120% 100% 80% 60% 40% 20% 0% I Clivadas

II

III

IV

Não-clivadas

V SV

VI

VII

VS

Gráfico 3. Relação entre clivagem e o tipo de sujeito

V

O desenho geral do gráfico ...


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