Clínica de Grandes - aula 14 (18-04) PDF

Title Clínica de Grandes - aula 14 (18-04)
Course Clínica Médica de Grandes Animais
Institution Universidade Federal do Pampa
Pages 9
File Size 107.5 KB
File Type PDF
Total Downloads 43
Total Views 133

Summary

Aulas de clinica de grandes animais sob responsabilidade do professor João Paulo. Informações sobre neoplasias....


Description

Breno Gonçalves

Clínica de Grandes Aula 14 (18-04) -------------------------------------------------------------------------------------Neoplasias A neoplasia mais importante é aquela que o animal tem. as mais comuns são: sarcoide em equinos, melanoma, papiloma e carcinoma de células escamosas. Sarcoide equino Pode se apresentar de várias formas, inclusive com alteração de pele. É o tumor cutâneo mais comum em equídeos. É uma neoplasia fibroblástica agressiva e localmente invasiva, ou seja, dificilmente causa metástase – e quando causa, atinge apenas os vasos linfáticos. Causada por papilomavírus bovino 1e 2 (BPV-1 e BPV-2). O animal pode adquirir por contato com bovinos, na lida com o gado ou por estar próximo. A multiplicação viral ainda não foi detectada, então ainda não se sabe se o cavalo infectado pode transmitir para outro, por contato direto; ou até mesmo por moscas atuarem como vetores. Tendem a ocorrer em áreas que sofreram trauma prévio ou irritação por picada de insetos – mas ainda não está totalmente esclarecido. Temos que reconhecer, diagnosticar e tratar o sarcoide, independente dessas alterações. É uma enfermidade que não tem predileção por idade, raça, sexo e coloração da pelagem. Mas é mais comum de vermos em cavalos mais jovens, O número de lesões é bastante variável, de uma a várias lesões. A multiplicação das lesões é bastante comum e isso pode ocorrer de forma rápida. Outras lesões podem permanecer estáticas por

anos, mas podem se expandir de forma súbita e sem motivo aparente. Classificação. Possui 6 classificações, que são importantes para traçarmos o tratamento. São eles: oculto; verrucoso; nodular; fibroblástico; maligno e misto. Para os dois últimos, não fazemos classificação, porque é o que agrupa outros tipos ou que tem recidivas porque não conseguimos tratar. É importante para definir a abordagem terapêutica e o prognóstico. Lesões podem ser únicas. E um mesmo animal pode possuir mais de um tipo de sarcoide – nesse caso, temos que identificar as lesões diferentes e traçar um tratamento para cada uma delas. Pode haver um tipo predominante de sarcoide. Ex. sarcoide nodular + sarcoide fibroblástico na base da orelha. Alguns indivíduos apresentam regressão espontânea e completa das lesões. Em alguns casos as lesões desaparecem após trauma acidental ou intencional (ex. biópsia). Sarcoide oculto. Apresenta-se como uma alteração de coloração da pele. À palpação, a pele é mais fina na região do sarcoide e geralmente temos algumas lesões de pele miliar (como pontos de grãos de areia). São áreas alopécicas, com pele mais fina e tendem a ser circulares. Esse tipo de sarcoide não chama atenção do proprietário, mas pode evoluir para sarcoide fibroblástico, por exemplo. Pode estar em torno da boca e olhos, pescoço e região medial de membros torácicos e coxas. Tem crescimento lento e pode evoluir para formas verrucosa ou fibroblástica em casos de injúrias. Sarcoide verrucoso. Geralmente teremos lesões alopécicas, que podem estar descamando ou não. Áreas extensas podem ser acometidas, cercadas por pele espessada. O tratamento normalmente é difícil – ex. sarcoide verrucoso em pálpebra. A margem para fazer remoção cirúrgica não existe e os

medicamentos que seriam usados para membros não podem ser usados nesse local. O crescimento geralmente é lento; normalmente os cavalos ficam anos com a lesão, sem evoluir. Não ocorre dor, prurido e infecção bacteriana. Geralmente ocorre na face, principalmente pálpebras e região periorbital, troncos, axilas; menos comum de acometer membros. Podem ser sésseis ou pedunculados (como se estivessem pendurados); o tratamento nesses casos será diferente. Lesões isoladas são menos comuns do que lesões coalescem. Algumas áreas podem se tornar ulceradas e crostosas. Sarcoide nodular. São nódulos subcutâneos bem definidos e firmes. Não estão aderidos. Afeta principalmente as pálpebras, virilha e prepúcio. Tem tamanho, complexidade e localização variados. Duas categorias: sem (A) ou com (B) o envolvimento da pele sobre os nódulos; diferenciação através da palpação. Se tem acometimento da pele, podemos ter ulcerações de pele. Sarcoide fibroblástico. Tem aparência exofítica fibrovascular, que lembra tecido de granulação. Pode ter infecção bacteriana secundária, sendo comuns exsudato seroso e hemorragias decorrentes de pequenos traumatismos. Acomete axilas, virilha, região periocular e áreas previamente feridas. Sarcoide maligno. Geralmente há histórico de repetidas interferências cirúrgicas e administração e medicamentos inapropriados a outros tipos de sarcoides. São lesões localmente invasivas, com características nodulares e fibroblásticas. Comum na região de mandíbula e cotovelo. Nesses locais, não conseguimos fazer uma remoção adequada do sarcoide. O tratamento é extremamente difícil. A maioria das lesões se concentra localmente, mas é possível que ocorra invasão dos vasos linfáticos; no trajeto desses vasos iremos observar vários tumores.

O sarcoide dificilmente vai matar o animal. Mas pode interferir no aspecto estético. Esse cavalo, além disso, é proibido de participar de provas, o que afeta o desempenho do cavalo. E também há uma diminuição em seu valor comercial. Tratamento. Fatores que afetam a escolha da forma de tratamento: não há tratamento universal e existe uma variação individual na recuperação; devemos avaliar a localização o sarcoide - ex. na região do pescoço, de 3-4cm, conseguimos retirar uma boa margem e a chance desse cavalo recuperar é muito maior se esse mesmo sarcoide estivesse localizado na pálpebra; tipo de sarcoide, porque dependendo do tipo, o tratamento diferencia de um para o outro, assim como o tempo de tratamento e a chance do animal recuperar. Excisão cirúrgica. Sempre que esse sarcoide estiver em um local que permita que seja feita a remoção cirúrgica, podemos fazer. Mas devemos associar com outro tipo de tratamento, para evitar as recidivas – se for feito só excisão, a recorrência pode atingir 70% dos casos, em até 6 meses, exceto nas áreas bem definidas e restritas. Geralmente as lesões se tornam mais agressivas e numerosas nesses casos. Com isso, podemos associar a excisão cirúrgica com a eletrocauterização. Tem bom efeito nas margens da lesão, ocasiona mínimo sangramento e sua eficiência depende da extensão e da localização do tumor; quanto menor o tumor, melhor o prognóstico. Criocirurgia. É o método mais usado, seguido da excisão cirúrgica. Utiliza-se nitrogênio. Depois da remoção, é feito uma margem em volta da lesão, de cerca de 12mm, e depois aplica-se o nitrogênio em vários pontos. Normalmente é feito em 3 ciclos: depois da remoção, congela-se o local, espera um tempo e congela de novo. Esse local vai necrosar e cair. Com isso, as áreas

em que não se conseguiu chegar com a cirurgia, podem ser atingidas. BCG (imunomodulação) = bacillus Calmette-Guérin. Quando é feita a aplicação de BCG no sarcoide, a tendência é de que haja regressão. São feitas repetidas injeções intralesionais de material proteico reconstituído ou da bactéria viva liofilizada; limitação: não está disponível para qualquer pessoa fazer, apesar de ter bons resultados. Pode ser feito em associação com a excisão cirúrgica ou não (ex. acometimento de pálpebra). Prognóstico é reservado a bom, se forem lesões nodulares e algumas lesões fibroblásticas, especialmente nas pálpebras e em torno delas. O prognóstico pode ser pior quando a técnica é aplicada a outras áreas. Indicado aplicação apenas para lesões únicas e localizadas. Dependendo da situação, lesões fibroblásticas localizadas nos membros podem ser agravadas. Não é indicado para sarcoides verrucosos, ocultos e mistos, pois sua distribuição difusa dificulta a aplicação. Há risco de choque anafilático, nesses casos. Outros tratamentos. Ex. para sarcoide nodular isolado podemos colocar uma borrachinha para necrosar e cair. Fármaco Imiquimod: age como imunomodulador e é utilizado para tratar papilomas genitais em humanos; é um modificardor de resposta imune com propriedades anti-virais e anti-tumorais. 80% das lesões apresentam 60-75% de melhora. É um tratamento demorado, cerca de 4 meses. O animal fica com bastante sensibilidade, e pode ser difícil prescrever para cavalos agitados, por exemplo. Sequelas do tratamento: alopecia parcial, despigmentação, cicatriz, hiperpigmentação e leucotriquia. A cisplatina é outra forma de tratar e talvez tenha a melhor aplicação; funciona bastante. Mais de 93% das lesões menores que 5cm de diâmetro se resolvem com este método; é mais adequado para pequenas lesões fibroblásticas e nodulares. Se forem lesões maiores, deve suceder a excisão cirúrgica. São

necessárias repetidas injeções intralesionais. Tem amplo espectro de ação contra células tumorais epiteliais e fibroblásticas. Recomenda-se a aplicação e 1mg de cisplatina por cm³ de tumor. A cisplatina pode ser usada concomitante a eletrohemoterapia; isso ajuda na dispersão da droga no tumor. Prognóstico. De maneira geral, é reservado em todos os casos. Nenhum caso pode ser considerado completamente curado, mesmo que haja aparente sucesso pós-tratamento. Novas lesões e recorrência em áreas previamente afetadas devem ser esperadas ao longo da vida do animal. Melanoma É uma neoplasia maligna dos melanócitos. Representa cerca de 14% dos casos de neoplasias cutâneas em equinos. Esta ocorrência pode estar subestimada e tem causa desconhecida. O distúrbio no metabolismo dos melanóticos, gerando novos melanoblastos e uma superprodução de melanina. Há alguns autores que acreditam ser uma doença genética. Acomete equinos adultos, a partir dos 6 anos. Mas na maioria das vezes são cavalos mais velhos, com 12 anos ou mais. Não tem predileção de sexo e acomete mais pelagem tordilha e variações. Melanomas congênito são raros. Localização. Base da cauda e região perianal são os mais comuns. Orelha, lábios e periorbital também podem ser acometidos. São lesões firmes, hiperpigmentadas e nodulares. Podem ser pedunculados ou verrucosos. Lesões únicas são incomuns. E pode haver ulceração e alopecia. O padrão de crescimento dos melanomas é lento, de anos, e normalmente não acontece metástase. Ou então pode ser de início lento, ainda em anos, seguido por crescimento rápido e

metástase. Ou ainda por rápido e alto grau de malignidade desde o início. A metástase pode causar sinais neurológicos. Diagnóstico. Clínico, animal tordilho mais velho e com esse padrão de lesão. Citológico, auxilia bastante, com agulha fina e ao microscópio serão vistos melanócitos pleomórficos e atípicos. Histopatológico deve ser evitado, por conta das chances de metástase; iremos observar variedade de padrões celulares (melanócitos em forma de ninhos). Priorizar pela retirada total do tumor. Tratamento. Excisão cirúrgica completa. Criocirurgia. Excisão + crioterapia é o mais comum de ser usado. Cimetidina (2,5 mg/kg TID ou 5mg/kg BID, por 3 meses); tem efeito imunomodulador e há relatos de completa remissão, interrupção do crescimento e redução do tamanho. Cisplatina intratumoral para tumores com até 3cm de diâmetro; pode ser manipulada em pó e ser colocada na ração. Carcinoma de células escamosas A pele tem 5 camadas da derme; há uma proliferação das células escamosas. É uma neoplasia dos queratinócitos. Segunda neoplasia mais comum em cavalos. É frequente na região periocular e genitália externa. Em bovinos pode ocorrer em qualquer lugar: região de cabeça, vulva. Raças predispostas. Paint horse e appaloosas, por conta de colorações mais claras. E pode ocorrer também em outras raças. Normalmente acomete animais adultos, com mais de 12 anos. Fatores de risco. Ausência de pigmentação na região afetada. Incidência solar. Lesões papilomatosas; no pênis é considerada uma lesão pré-maligna. Traumas repetidos. Parafimose persistente; o animal não consegue expor o pênis e acumula esmegma no local.

Fatores de risco. Higiene do prepúcio; animais castrados acumulam mais esmegma. Animais castrados. ???? Podem aparecer lesões pré-cancerosas, que são pequenas placas ou ulcerações superficiais que não cicatrizam. Já as lesões típicas são lesões ulceradas, únicas (frequentemente) ou múltiplas; podem formar massas em forma e couve-flor em áreas que podem ter hemorragia. Lesões. Genitália externa, que são localmente invasivas; baixo grau de malignidade, que varia bastante de animal para animal; tende a permanecer localizada; infiltração nos corpos cavernosos do pênis, com disseminação via hematógena ou para linfonodos inguinais e pode ocorrer metástase. Tratamento. Excisão cirúrgica, se for lesão pequena e única, associada com criocirurgia. Temos que tomar cuidado com a remoção incompleta, porque pode recidivar a lesão com aumento da agressividade. Para lesões grandes, é feito excisão completa da área lesionada; pnectomia, postectomia e/ou ressecção em bloco (pênis e prepúcio); crioterapia. O tratamento tem maior eficácia em animais com pequenas lesões e sem metástases. Cimetidina (o mesmo protocolo para melanoma); há remissão completa ou mais comum uma redução de cerca de 50% do tamanho e número de lesões. Cisplatina intratumoral. Diagnósticos. Para todos as neoplasias discutidas, temos que levar para o exame histopatológico. Diagnósticos diferenciais. Habronema, pitiose e sarcoide. Os dois primeiros coçam; é um diferencial. Mas é necessário fazer exame histopatológico....


Similar Free PDFs