Resenha - Tribos Morais - Viktória Powarchuk PDF

Title Resenha - Tribos Morais - Viktória Powarchuk
Author VIKTORIA BULSING POWARCHUK
Course Ética No Jornalismo
Institution Universidade Federal de Santa Maria
Pages 4
File Size 78.4 KB
File Type PDF
Total Downloads 25
Total Views 145

Summary

GREENE, Joshua. Tribos Morais – A tragédia da moralidade do senso comum.
Editora Record. 1ª ed. Rio de Janeiro. 2018....


Description

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL CURSO DE JORNALISMO ÉTICA NO JORNALISMO ALUNA VIKTÓRIA POWARCHUK Resenha do livro “Tribos Morais – A tragédia da moralidade do senso comum”, de Joshua Greene

Dividido em 12 capítulos distribuídos em 5 partes, o livro Tribos Morais – A tragédia da moralidade do senso comum traz um apanhado de diferentes propostas filosóficas desenvolvidas ao longo dos séculos sobre o conceito de moralidade. Escrito pelo psicólogo, neurocientista e filósofo estadunidense Joshua Greene, atualmente professor de Psicologia na Universidade de Harvard, a obra estende-se a discutir o utilitarismo e o funcionamento do cérebro humano nas tomadas de decisões que afetam não só a si mesmo, como o coletivo. De um modo geral, o autor busca apresentar uma proposta alternativa para evitar tantos conflitos nas discussões morais da atualidade. Intitulada “Problemas Morais”, a primeira parte do livro apresenta a evolução psicológica da moral dos seres humanos, mostrando como diferentes visões do que é certo e do que é errado atuam na contemporaneidade e como estas geram conflito entre as diferentes tribos. Por se conceberem de diferentes formas, em diferentes ambientes e trazendo consigo diferentes convenções, as tribos organizam-se pensando no bem coletivo, moldando suas delimitações entre membros com interesses comuns. Ao longo deste segmento, Greene ressalta que a moralidade “é um conjunto de adaptações psicológicas que permite que indivíduos de outro modo egoístas colham os benefícios da cooperação” (p. 29). Além disso, ele expõe como surgiram algumas tendências morais durante a evolução humana, mostrando como a visão de vivência em comunidade alcançou a estabilidade moral.

Ao refletirmos sobre esta abordagem, podemos dizer que ambas as teorias perpassadas ao longo dos séculos referentes ao início dos tempos ressaltam este senso de coletividade. Tanto a criacionista quanto a evolucionista, trazem consigo a vivência com outros em prol de um bem maior, sendo a sobrevivência da espécie/do bando ou a prosperidade humana. Em ambas, os conflitos se estabelecem quando os interesses divergem e criam-se novas visões remanescentes das já estruturadas. Este processo se dá a partir da absorção individual das convenções que, a partir da vivência de cada um, é interpretada de uma maneira diferente. Surgem, assim, novas tribos. A parte dois da obra, a qual leva o nome de “Moralidade Rápida e Lenta”, apresenta o “modo automático” e “modo manual”, que é como o cérebro humano funciona nas tomadas de decisões morais. O “modo automático” trata da instintividade, da reação mais crua, direta e inflexível. Já o “modo manual” é a reflexão, a racionalidade, o que é flexível. Entretanto, pensa-se que esta aplicação não se dá apenas para as decisões. Pode-se denominar também em diferentes ambientes sociais. Não há reflexão quando não se sabe que existe algo diferente do que é proposto pela convenção, por exemplo. “A semente deve estar plantada para germinar”. Em um sistema autoritarista, se não há acesso ao que diverge da moral proposta, não há como saber que existe um sistema democrático. Sendo assim, não há a possibilidade de escolha manual efetiva. Pelo menos não para este critério. A parte três denomina-se “Moeda Comum” e apresenta o utilitarismo como um sistema que visa a acomodação da moral dentro da universalidade e dos dilemas da atualidade. A partir dele, se concebe o pragmatismo e a metamoralidade. Ambos refletem o todo e a negação de determinadas convenções individuais de cada tribo em prol de uma moral comum e da felicidade da grande maioria. Ao mesmo tempo que aparenta ser um sistema utópico, o utilitarismo traz questões em seu cerne como a contestação da felicidade da maioria. Se ela não é igual para todos (pois a maioria não é total), então ainda assim haveriam diferenças entre as tribos. Acredita-se que, assim como o atual, haveriam relações hierárquicas e de poder neste sistema. Se alguma tribo não aderisse a moral universal, haveria conflitos.

Na última parte do livro, “Convicções Morais”, Greene volta a defender que a metamoralidade utilitarista é o meio mais efetivo para o funcionamento da nossa psicologia moral. Para isso, ele traz novamente experimentos psicológicos e neurocientíficos. Ao relacionarmos os conceitos apresentados na obra com a prática da ética jornalística, pode-se, primeiramente, estabelecer que o jornalista em si faz parte de uma tribo já estabelecida e, dentro dela, existe uma série de convenções. É a partir da concepção de público alvo que a estrutura moral da informação terá respaldo. O pragmatismo profundo do jornalismo está atrelado ao interesse público e defesa do que é melhor para esse coletivo. Infelizmente, o que vemos muito no meio nos tempos atuais é justamente a falta de um dos conceitos chave para manter esse pragmatismo, que é a imparcialidade. O jornalista deve sempre ouvir os dois lados, tentando criar uma metamoralidade na passagem de informações. Certas vezes, determinados veículos impõem sua própria moral sobre a coletiva, criando conflitos entre a tribo jornalística e o público. Eles optam por defender seus próprios interesses políticos e econômicos do que o interesse informacional do todo. Além disso, também há a discussão sobre liberdade de expressão. Ela deve ser executada sempre pensando no respeito a cada indivíduo, independente da sua tribo. Mesmo que, por exemplo, para a maioria, um indivíduo deva ser rechaçado por ter cometido determinado ato, ainda assim ele deve ser tratado de maneira igual aos demais. Neste sentido, a lei está acima da moral. Ao pensar o jornalismo como um serviço público, também se conclui que o papel deste serviço é de interesses coletivos e o tratamento de cada situação deve ser levada de uma maneira semelhante como um todo, mesmo dentro de uma individualidade. Entra-se a relação com as fontes. Independentes de quem são, todas devem ser tratadas da mesma maneira. Contudo, muitas vezes, ao chocar-se com o interesse público, a postura do jornalista acaba divergindo entre elas. Entra em choque a negação das convenções pré-estabelecidas com o que está em prol do coletivo. Outra metamoralidade.

Como um todo, o jornalismo deve ser pensado metamoralidicamente nas situações individuais. O grande interesse é o coletivo, mas para isso há de se adaptar as convenções a todo momento em prol de passar informação correta e agir de forma ética. Refletindo por este lado, assim como o utilitarismo, o jornalismo não irá conseguir conceder a felicidade para todo o consumidor da informação, apenas de uma parcela. Isso não tira o valor de que se deve sempre procurar atender a felicidade de todos.

REFERÊNCIAS GREENE, Joshua. Tribos Morais – A tragédia da moralidade do senso comum. Editora Record. 1ª ed. Rio de Janeiro. 2018....


Similar Free PDFs