Resumo: FARGE, Arlette. O sabor do arquivo PDF

Title Resumo: FARGE, Arlette. O sabor do arquivo
Course Iniciação à Pesquisa Histórica
Institution Universidade do Estado de Santa Catarina
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Resumo do capítulo "Percusos e presenças", escrito por Arlette Farge no livro "O sabor do arquivo"....


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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA EDUCAÇÃO - FAED FLORIANÓPOLIS - 2018 ALUNO: LUCAS FONSECA Texto: O Sabor do Arquivo. FARGE, Arlette. 2009. Capítulo: Percursos e presenças. P. 29-50.

A escritora inicia o capítulo pondo em pauta a importância dada no estudo historiográfico aos arquivos judiciários, refletindo sobre a obstinação à analise desses documentos, relacionando-a a novas formas de se pensar a história, mas reconhecendo a importância dos arquivos oficiais no registro e interpretação histórica. No decorrer do capítulo, ela apresenta diversas incongruências dos dados apresentados em arquivos oficias e o contexto social de Paris no século XVIII. Primeiramente, Farge apresenta a cidade de Paris com uma grande efervescência e inquietação social, com uma população politicamente crítica e ativa. Diferente da utopia policial, os arquivos explicitam a desordem da cidade e mostram que as revoltas e rebeliões são fatos sociais corriqueiros, que a cidade sabe provocar, reconhecer e administrar. Após demonstrar como os arquivos policiais podem caracterizar o contexto social da época, a autora diz que “o arquivo nasce da desordem, por menor que seja” e, a partir daí, mostra as interpretações e conclusões possíveis de se chegar ao analisar os documentos de indivíduos marginalizados na sociedade, como mendigos e ladrões. “Em geral, o arquivo não pinta homens por inteiro”, mas concretiza a sua imagem sob a luz de um fato somente. Dessa forma, ela argumenta sobre a ambiguidade entre o arquivo e a verdade, propondo em outras palavras, que até os arquivos oficiais exigem uma problematização de seu conteúdo, em virtude de “suas possíveis mentiras”, a partir do momento em que ele pode conter exageros e fabulações de quem o produziu. À partir das possíveis inverdades presentes no documento, nos é apresentada a possibilidade de trabalhar com os elementos mais concretos do arquivo, como, por exemplo, uma categoria específica de criminosos, estudo este que reflete categoricamente o indivíduo e a sociedade em que ele vive. Entretanto, o excesso de confiabilidade nas informações palpáveis minimiza a importância da criação do discurso, verdadeiro ou não, como forma de compreender a materialidade histórica do momento, pois é em seu discurso que o indivíduo

exprime as relações de poder às quais ele se submete, apropriando-se, por exemplo, do vocabulário dominante para legitimar-se frente às autoridades e grupos sociais. Arlette também parte para uma análise mais subjetiva do arquivo, usando as emoções despertadas pela leitura deste como uma “forma de apreensão do documento”, colocando-as, metaforicamente, como “um instrumento a mais para polir a pedra, a do passado, a do silêncio”. Frente a essas interpretações dos arquivos judiciários que retratam a cidade, o povo e os rostos de Paris que surgem nos arquivos, a historiadora percebe um grupo de indivíduos que até então passava desapercebido: as mulheres. A visualização e a observação da mulheres nos arquivos como indivíduos altamente incluídos, participativos, que conheciam seu poder e haviam senso político, em contraste com o que a historiografia havia feito até então, implica em pautar as relações entre os sexos como objeto de estudo histórico. Nas palavras de Farge “as mulheres eram estudadas, sabia-se de sua existência, descreviam-se seus trabalhos, suas taxas de reprodução, suas doenças e seus infortúnios, mas elas nunca eram inseridas num acontecimento, qualquer que fosse”. Desta forma, ela destaca o antagonismo, em um nível social, da figura feminina e masculina, que por muitas vezes tinham as mesmas responsabilidades, mas uma enorme disparidade no que se diz respeito aos poderes e direitos na sociedade. Relacionando-se a isso, a autora afirma que, com base nas informações dos arquivos, os antagonismos e conflitos explicitam o social e funcionam como agentes de transformação das sociedades. Ela argumenta que, em detrimento de uma tentativa de rompimento com a interpretação marxista da história, a importância das lutas e dos antagonismos sociais foram negligenciados nos estudos historiográficos daquele momento, o que acarretou, eventualmente, em uma miniaturização, um isolamento, e uma divisão do indivíduo como objeto histórico nos arquivos. “Cabe ao historiador instituir o conflito como motor de sua reflexão, fonte de seu próprio relato”....


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