Documentário Resenha Crítica seremos historia PDF

Title Documentário Resenha Crítica seremos historia
Course Metodologia de Negócios
Institution Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia São Paulo
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Documentário Resenha Crítica seremos historia...


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RESENHA CRÍTICA SOBRE DOCUMENTÁRIO REFERÊNCIA COMPLETA DO DOCUMENTÁRIO Seremos História? (Before the Flood). Diretor: Fisher Stevens. Produção: Martin Scorsese. Roteiro: Mark Monroe. Narrador: Leonardo DiCaprio. Gravação de National Geographic Channel. [S. l.] Programa exibido em 30/10/2016. Publicado em 2017. Disponível em: https://vimeo.com/191144108. (96 min) Acesso em: 28 jan. 2021.

INTRODUÇÃO O documentário Beyond the flood, ou “Seremos história?” na tradução em português, foi produzido pelo National Geographic e lançado em 2016, com o objetivo de alertar a sociedade sobre a situação crítica associada às mudanças climáticas, bem como a necessidade de discuti-las com urgência. Essa produção executiva de Martin Scorsese, acompanha a jornada do ator e militante ambiental Leonardo DiCaprio, que desde 2014 foi nomeado pelo ONU como o mensageiro da paz para o clima, com a missão de lutar contra as alterações climáticas e o aquecimento global. Ao longo do documentário, é possível acompanhar Leonardo em 3 anos de viagens ao redor do mundo, em locais como Indonésia, Groelândia, Flórida, China, Índia e Canadá, onde são testemunhadas as alterações do clima e suas consequências em diversas regiões, causadas pelos impactos das atividades humanas, que são sentidas, principalmente pela população menos favorecida, provenientes de países em desenvolvimento. Além disso, DiCaprio entrevista e conversa com diversos cientistas climáticos, pesquisadores da Nasa, políticos, conservacionistas, líderes comunitários e ativistas de várias partes do mundo para compreender diferentes visões e posicionamentos sobre as mudanças climáticas. Entre eles, o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, que conta sobre a influência positiva na temática em âmbito nacional e internacional; bem como, o pontífice Papa Francisco, primeiro líder religioso a pronunciar sobre as mudanças climáticas. A principal ideia do documentário é esclarecer e difundir o tema em prol da proteção ambiental em face do desenvolvimento desenfreado, fazer com que aquele que está assistindo reflita e entenda até onde estamos indo pelo caminho errado, se tornando ciente da urgência para reverter a situação, além de demonstrar ações que a sociedade

deve adotar para combater as mudanças climáticas, difundindo a mensagem da importância do voto em políticos comprometidos com a causa.

DESENVOLVIMENTO Problemas de longas datas vêm se mostrando cada vez mais graves e frequentes no mundo: o aumento exacerbado da temperatura global, inundações, secas, acidificação dos oceanos, derretimento de geleiras e outros fenômenos naturais semelhantes têm se tornado cada dia mais comum (IHU On-Line, 2020). Por isso, nesse documentário, que traz dados reais e assustadores que impactam a audiência, a fim de obter mais apoiadores no combate ao aquecimento global, DiCaprio entra na missão de testemunhar a evolução das mudanças climáticas em diversos países, procurando por respostas para amenizar essa situação catastrófica, através de reflexões críticas sobre história, ciência e cultura. Desde a primeira grande reportagem sobre o aquecimento global transformada em filme, Uma verdade inconveniente, lançado em 2006, alerta-se sobre risco do acelerado processo de degradação ambiental. O setor de transportes ainda é bastante poluente devido à falta de eficiência energética, entretanto, algumas mudanças vêm alcançando destaque, como o aumento da utilização das energias eólica e solar (ROSE, 2016). Uma parte importante do documentário é quando mostra a gravação do filme “O Regresso” em que Leonardo atuou. Ele visualiza de perto as consequências das mudanças climáticas, visto que o local de atuação do filme no Canadá precisou ser alterado quando as temperaturas bateram recordes e todo o gelo da região derreteu. A cena da Groenlândia do documentário de 2016, em que DiCaprio conversa com um climatologista, que o mostra o quanto, em 5 anos, foi derretido em todo o sul, gera comoção para quem está assistindo, convencendo da gravidade da situação. Entretanto, em setembro de 2020, Kahn (2020) relatou o pior derretimento de gelo na região da Groelândia já registrado nos últimos 12.000 anos. Isso demonstra uma piora na situação e o ritmo acelerado das mudanças climáticas. Ainda, em Miami, na Flórida, DiCaprio conversa com o prefeito Philip Levine, que destacou que o derretimento das geleiras está elevando o nível do mar e a água está invadindo a cidade, colocando em risco a população, que deixam caiaques preparados para serem usados como meio de transporte em caso de um possível desastre. Uma

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medida paliativa para evitar as enchentes, Levine elevou o nível das ruas nas áreas baixas da cidade e instalou bombas para retirar a água. Na Ásia são destacados os mesmos sinais alarmantes, sendo que áreas povoadas serão extintas e causaram perdas aos habitantes, além da extinção de espécies animais e vegetais, desestabilizando o ecossistema. Essa situação continua alarmante até hoje e em dimensões ainda maiores, conforme visto na notícia de julho de 2019, um surto de maré tem arrasado vários pequenos negócios à beira do mar no Golfo de Fonseca, em Honduras (GONZALEZ, 2019). Mesquita (2020), relatou que o estudo “Sandy coastlines under threat of erosion”, publicado na Nature Climate Change, mostrou que 50% das praias arenosas do mundo podem ser eliminadas pelo aquecimento global até 2100. Já na Indonésia, o ator visitou a última grande floresta onde orangotangos, elefantes e rinocerontes ainda convivem naturalmente, visto que outras já foram destruídas para produzir óleo palma, junto o sacrifício de populações inteiras de animais. Entre as histórias, Leonardo lembra de sua primeira conversa com Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA, em um encontro há 20 anos, a respeito das catastróficas consequências que o abuso do dióxido de carbono poderia causar. Segundo o ator, na época ele achou inacreditável, mas hoje relata ficar aterrorizado ao ver as previsões se concretizarem. Um exemplo atual que traz preocupação com relação a biodiversidade perdida em queimadas, e levará décadas para se recuperar, é na região amazônica, onde o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) diz ser a maior onda de queimadas dos últimos cinco anos (SUDRÉ, 2019). Rocha (2017) destaca o caráter pessimista e preocupante existente na narrativa desse documentário. Isso pode ser percebido pela fala do ator e mensageiro da ONU ao tratar do tema, mesmo por conta das suas vivencias, assim, ele busca em seus entrevistados esperanças de ações que possam reduzir as emissões de gases de efeito estufa no meio ambiente. Leonardo destaca a culpa dos países desenvolvidos na situação atual e como a ação destes é fundamental para auxiliar os países em desenvolvimento a obterem ações de adaptação e conseguirem o seu desenvolvimento de forma mais sustentável. No documentário são discutidas propostas que devem ser levadas em consideração para a preservação do meio ambiente e atuar no combate às mudanças climáticas, tais como a cobrança de impostos no uso de combustíveis fósseis e nas atividades que emitem

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dióxido de carbono na atmosfera, o investimento financeiro na obtenção e no uso de energias renováveis (como a eólica e a solar, por exemplo). Ademais, os governos deveriam utilizar a informação como meio de mudança, já que uma população que conheça e entenda a gravidade desses dados pode mudar seus hábitos de consumo, até mesmo incentivar a adoção de uma nova dieta alimentar, com menos ênfase no consumo de carne, visto que o gado é um dos maiores emissores de metano, que tem um papel até vinte vezes mais nocivo que o do gás carbônico na produção de efeito estufa. Algumas ações dependem de decisões governamentais, das atitudes de grandes corporações, mas outras dependem apenas da decisão pessoal de cada cidadão. Por outro lado, os países desenvolvidos têm maior facilidade em adotar essas atitudes, devido ao maior nível de acesso à informação, esclarecimento e poder aquisitivo, por isso, devem adotar medidas para reduzir seu impacto ambiental e servir de modelo para todo planeta. O uso de combustíveis fosseis é mais barato e acessível e, por isso, favorece a utilização dos mesmos pelos países em desenvolvimento, que não tem uma boa situação financeira, entretanto, há aqueles que não possuem nem acesso a eletricidade. Através de pesquisas nas redes sociais da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é possível encontrar informações sobre programas de certificação, entre eles: a verificação de inventário de gases de efeito estufa (GEE), rotulagem ambiental e pegada de carbono. Esses projetos auxiliam consumidores, empresas e instituições públicas a adotarem atitudes sustentáveis, fornecendo diretrizes para obtenção de uma produção mais limpa, adequações aos requisitos de qualidade internacional e informações de produtos que impactam menos a natureza. Fernandes (2016) traz à tona o tom político existente em partes do documentário, que criticam Donald Trump e George W. Bush. Rocha (2017) lembra que o filme foi lançado em um momento de tensão política nos Estados Unidos, durante as eleições presidenciais disputadas entre Hillari Clinton e Donald Trump. Assim, DiCaprio deixa explícito a urgência que se tem para que a sociedade reflita e vote de forma consciente em representantes políticos que sejam comprometidos e cobre deles ações efetivas contra os impactos negativos das mudanças climáticas, já que um individuo está conectado com o outro e cada um tem o seu poder de decisão, para que, todos juntos, em harmonia, sejam capazes de conduzir o planeta para um futuro melhor. 4

Rendelucci (2011), professor de química e física, aponta que um dos principais motivos do aquecimento global é a liberação em excesso do dióxido de carbono (CO2), favorecida pela ação humana. O aumento dos níveis desse gás na atmosfera iniciou na Revolução Industrial, quando o pico de crescimento das indústrias gerou a necessidade de encontrar uma fonte de energia em larga escala, dado início ao uso da queima dos combustíveis fósseis, que tem como produto o CO2. O excesso desse gás leva ao chamado efeito estufa e consequentemente ao aumento das temperaturas do planeta. Já Alexander (2010) defende em seu livro a tese de que o dióxido de carbono produzido pelo homem não é o grande responsável pelo aquecimento global. Ele mostra que os relatórios climáticos da ONU foram baseados em informações manipuladas do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change, ou Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), que acaba alardando índices incorretos do status real. Na mesma linha de raciocínio, tem-se por Jakubaszko, Molion e Oliveira (2019), que contestam a falácia do aquecimento e debatem as acusações de que os mares vão transbordar ou de que o planeta vai esquentar, desconstruindo as acusações dos interesses econômicos e políticos no tema. Ainda assim, Camargo (2016) destaca que os políticos ainda se recusam a acreditar que o aquecimento global existe e que a sociedade é a culpada por provocá-lo. Tal fato é comprovado pela ignorância e péssimo exemplo do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que diz em seu discurso que as mudanças climáticas são invenções e, ainda acabou retirando os Estados Unidos do Acordo de Paris. Essa decisão pode acabar desestimulando as nações em desenvolvimento, que terão que se adaptar ao ambiente sem as contribuições financeiras que seriam feitos pelos EUA para financiar a implementação das metas. Além disso, pode frear as mudanças na matriz de produção de energia no mundo, pois reduzirá os incentivos e subsídios para a utilização de energias renováveis e enfraquecerá os esforços para redução das emissões de carbono. A assinatura desse acordo, em 2015, reuniu pela primeira vez quase todos os países do mundo em um pacto que freou um pouco dos efeitos devastadores, como a elevação do nível do mar, eventos climáticos extremos (secas e enchentes) e falta de água potável e de alimentos em diversas regiões do planeta (SANCHEZ, 2019). A recusa de parte da população norte-americana, do governo, da imprensa e de grandes empresas em aceitar o consenso de especialistas com dados científicos existentes hoje a respeito do papel do ser humano como causador das mudanças climáticas e do 5

aquecimento global, indica atitudes reativas para transformações no estilo de vida, hábito e comportamento que estão, muitas vezes, associados ao alto consumismo das sociedades capitalistas contemporâneas, que acabam mostrando um mau exemplo a ser seguido e manipulando o pensamento da sociedade para desconsiderar a importância da preservação ambiental. Lopes (2010) ressalta a fala do geógrafo e professor da faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP , Emerson Galvani, que o ser humano está consumindo recursos existentes na natureza 25% mais rápido do que ela consegue repor. Dessa forma, entende-se que o ser humano deve mudar seu estilo de vida, refletir sobre seu consumo, exploração e desperdício acentuado de recursos naturais, bem como a falta de consciência no descarte indevido de lixo, o uso indevido de combustíveis fosseis, a emissão de poluentes no ar atmosférico, desmatamento de florestas e a contaminação da fauna e da flora. Por fim, é importante trazer a visão de Manbach (2020), que mostra o caráter emocional que o documentário traz com inteligência, causando desconforto e temor ao telespectador que observa as imagens e os dados e faz desejar que aquilo não fosse a realidade. Assim, fica o questionamento no final de que ainda há tempo para mudar o destino do planeta, caso a sociedade mudar seu mecanismo de vida, o governo parar com a corrupção e as empresas não desejarem a detenção do poder e dinheiro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS A mudança climática é real e pede urgência em soluções eficientes, rápidas e assertivas. Reduzir as emissões de gases que geram o efeito estufa é um problema global, que merece comprometimento e ação das nações do mundo todo. Entretanto, deve ser levado em consideração o tamanho da economia e da riqueza per capita dos habitantes de cada país, para que assim seja possível exigir o esforço justo e necessário em termos financeiros, econômicos e tecnológicos para cada um. Um dos destaques está na discussão de que as questões ambientais só poderão de fato ser enfrentadas se as soluções propostas levarem em consideração questões de desigualdade social que afetam as condições financeiras dentro de um mesmo país e, também, entre diferentes nações do globo. Por isso, é necessário procurar cada vez mais obter uma repartição justa da renda entre as classes sociais e as nações para combater as mudanças climáticas e enfrentar as suas consequências produzidas pelo ser humano. 6

É preciso uma mudança de comportamento humano, acabando com a resistência de sair da zona de conforto. O indivíduo tem que se sentir incomodado, se inserir como culpado, refletir sobre a gravidade da situação e agir em soluções rápidas. Deve-se ter uma revisão do modelo econômico e investir em infraestrutura energética. Caso os acordos internacionais e medidas preventivas e corretivas, para a redução da emissão de carbono, não sejam levados a sério pelos governos dos países e seus habitantes, as condições climáticas tenderão a um prognóstico cada vez pior, fazendo da Terra um planeta inabitável para as próximas gerações. Assim como o Obama expõe na entrevista feita por DiCaprio, é preocupante pensar e sentir “que talvez suas filhas e netos não possam ver a neve e as geleiras do Alasca como ele mesmo viu”. Espera-se que sociedade trabalhe em melhorias e tenha consciência em questionar as empresas e indústrias para que protejam o ambiente, através da substituição de produtos, serviços e tecnologias que reduzam os estragos. É primordial que todos cobrem o governo a fim de evitar danos irreparáveis no equilíbrio do planeta, para que o futuro não seja igual ao terceiro cenário da obra “O Jardim das Delícias Terrenas”, onde a preservação e integridade da natureza que foi dada ao ser humano não seja destruída, e, assim, não cause calamidades pela ganância desequilibrada de consumo e desinformação. m 01 fev. 2021.

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