Resenha - Freenet - Avaliação sobre contemporaneidade 2. PDF

Title Resenha - Freenet - Avaliação sobre contemporaneidade 2.
Course Estudos sobre a contemporaneidade II
Institution Universidade Federal da Bahia
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Avaliação sobre contemporaneidade 2....


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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA IHAC - Instituto de Humanidades, Artes e Ciências - Professor Milton Santos. HACA01 – Estudo das Contemporaneidades I Docente: Yuri Wanderley Discente: Stephanie Ouais Profeta de Jesus Santos

Internet livre? Pra quem? A Internet que utilizamos é livre? Todas as pessoas possuem acesso irrestrito a ela? Qual é o verdadeiro valor que pagamos pela Internet? O documentário Freenet trabalhado em sala propõe uma reflexão sobre estes questionamentos, tendo como principal objetivo problematizar a liberdade de uso da internet e contribuir para que exista essa liberdade. Este documentário tem como diretor Pedro Ekman, conselheiro da Intervozes, e produção de uma empresa independente chamada Molotov Filmes. Um dos principais argumentos do documentário é a consciência de classe, trazendo o contraponto do acesso com a exclusão, já que o filme vai além de questões que trazem dor e sofrimento à classe média, como quando a internet cai no meio de episodio ou de um jogo online, por exemplo. Por mais que a web pareça ser acessível, são poucas as pessoas que podem ter grandes informações através do Instagram ou do Facebook. Apenas 1/3 da população mundial possui acesso à internet, como foi afirmado pela ativista nigeriana Nnenna Nwakanma. No começo do documentário, nos é apresentada uma comunidade localizada no interior do Amazonas, Caramuri, onde nem há internet, e a luz elétrica é comemorada quando ligada. Em lugares como esse de uma ampla área rural e com grandes dificuldades para se ter acesso a internet, o comércio é apenas no boca-a-boca e o registro em sistemas como o Sisu e o Prouni que dão acesso a universidades, por exemplo, são extremamente difíceis causando enormes transtornos como os de deslocamento para que possa ser feito o acesso em uma cidade vizinha. Vários dos participantes do longa defendem que o acesso à rede deveria ser gratuito e para todos, já que a internet é um instrumento de alcance a muitos direitos fundamentais e que deveria haver uma infraestrutura publica por se tratar de um direito de qualquer cidadão. O que acontece na realidade, entretanto, é o controle financeiro e comercial de um apetrecho que, antigamente, foi pensado para todas e todos.

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A recente tentativa das operadoras de telecomunicação de limitar as conexões da banda larga brasileira ganhou visibilidade por expor o absurdo interesse financeiro que excede os direitos dos cidadãos. Como mostra o documentário, porém, esta é apenas uma das várias ações vorazes por lucro que essas empresas praticam dentro deste sistema neoliberal ao qual estamos inseridos. O controle econômico começa pela base, já que o setor de telecomunicações é dominado por meia dúzia de empresas e até mesmo por governantes. Como demostra no documentário, é curioso como apesar dos países considerados mais pobres serem o que menos possuem pessoas conectadas, são eles os que mais pagam por uma internet de sinal baixo e os com maior renda per capita pagarem menos por ela, como sinaliza Nnenna Nwaakanma. Em um país com intensas desigualdades econômicas e sociais, o problema é também interno. Freenet traz essa questão de forma bem demonstrativa, evidenciando a divisão de classe social, mostrando o contraste entre o bairro do Morumbi e a comunidade de Paraisópolis, separados por poucos metros em São Paulo. Relatos mostram como é necessário dar um nome de outra rua para ser obtida rede entre eles. Conhecemos uma residente da comunidade de Paraisópolis chamada Veronice, uma diarista que teve o acesso à banda larga própria negado pelas operadoras por não conseguir comprovar a renda. Como saída, ela e uma vizinha puxam metros e metros de fios para alugar a internet de outra moradora do bairro. O longa-metragem faz uma sondagem sobre as opções a este monopólio. Em comunidades afastadas dos centros urbanos brasileiros como Caramuri, pequenas empresas fornecem internet via radio a locais negligenciados por baixo preço. A rede mesh, nos EUA, vem como uma alternativa de conectividade democrática. No Uruguai, o Estado atua como provedor único, tornando mais fácil a opção de web gratuita em locais públicos e em escolas, espaços estes que aos olhos das grandes empresas não os beneficia com um retorno financeiro. Uma das cenas mais interessantes do filme é em uma escola rural do Uruguai mostra os alunos sendo encorajados a aprender programação e robótica desde cedo. Além disso, a obra mostra a importância de como a internet pode facilitar movimentos sociais e de como seria produtivo o uso de mídias livres. É o acesso à internet que permite que os residentes de Paraisópolis denunciem o risco de uma enchente perto dos fios estendidos nos becos – fato que os veículos da grande mídia de telecomunicação viram e preferiram não noticiar. Além disso, é o acesso à internet que dá voz às histórias dos moradores de Nairóbi,

como explica a narração do filme, “com a internet, o mundo pode conhecer a cultura e os valores deste povo sem depender das narrativas estrangeiras”. Casos como do criador do Wikileaks (Julian Assange) e do ex-funcionário da CIA (Edward Snowden) que provou que o serviço secreto americano faz espionagens ilegais, é um lembrete constante do verdadeiro sentido que a web e a informação trazida por ela realmente tem para determinados grupos. O poder da internet no exercício da cidadania e na fiscalização dos abusos de poder são ilustradas nessas iniciativas dos Wikileaks e de Edward Snowden. Além disso, o documentário aponta os softwares livres e as licenças livres (como por exemplo, a creative commons) como referencias da ampla circulação de informação sobre o mundo. O maior desafio agora é expandir as alternativas que tragam esses propósitos como objetivo principal, algo que os produtores do filme já deram um inicio: Freenet pode ser exibido por qualquer pessoa, em qualquer cidade do Brasil gratuitamente, fazendo com que a internet e, principalmente, a informação seja realmente livre para todas (os)....


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